sexta-feira, 22 de maio de 2020

Nossa Senhora, consolo para o nosso pranto.

Nossa Senhora, consolo para o nosso pranto

A Virgem Maria, como nos afirma tão bem Santo Efrém da Síria em seus hinos, é o “Céu Místico de Deus”. E este Céu Místico, que é Maria, foi agraciada de forma tão especial por Deus com a virtude da esperança. Não é à toa que a chamamos de “Esperança dos desesperados” ou, na ladainha Lauretanam, de “Consoladora dos Aflitos”, aquela que consola, que dá força e nos revigora. Sem dúvida, a Igreja olha e invoca Nossa Senhora como esperança e consolo, pois Aquela que acreditou esperou acima de tudo.
Ao olharmos para a vida da Virgem de Nazaré, percebemos o quanto ela teve uma esperança firme, uma esperança que a fazia crer mesmo diante das mais difíceis contrariedades da vida. Na anunciação do Anjo, ela é saudada com um termo grego de “Kekaritomene” ou seja, a cheia, a repleta da graça e da presença de Deus. Por ser cheia da graça de Deus, Maria também é cheia de esperança, pois a esperança, aqui, não é um sentimento ou algo qualquer, mas é uma virtude infusa pelo próprio Deus.

Maria é testemunho para nós de esperança, de alguém que confiou, acima de tudo, na Palavra de Deus, e por isso esperou, não se deixou desanimar, soube esperar a cada dia, uma esperança alicerçada na fé e no abandono total ao plano de Deus. Diante da Cruz, a Virgem Maria soube esperar – esperou diante da dor, esperou, acima de tudo, na certeza de que o amor vence, e que ele venceria também a morte. Quando tudo ali parecia ter acabado, Ela, como Mãe da esperança, tem seu Filho nos braços, guarda em seu colo Aquele que tinha passado pela terra fazendo o bem.

Onde você tem buscado consolo?

Nesta imagem de Maria dolorosa, contemplamos a Igreja, contemplamos nela aquilo que a Igreja é chamada a ser, fiel e esperançosa diante de todos os acontecimentos. Maria é para a Igreja visão escatológica. Enquanto no coração de muitos que seguiam Cristo tudo tinha acabado, no coração de Mãe ardia a esperança do dia da vitória, do dia da Páscoa, da vitória da vida sobre a morte. Maria, com seu Filho no colo, é como a terra que recebe a semente, e a semente para germinar precisa cair na terra e morrer, e, a partir daí, do seio da terra, a vida brota. Ela, como Mãe da nova criação, recebe seu Filho e O guarda, recebe a semente que morreu unicamente por amor, e ela, em sua oferta, espera o amanhã de Deus.

Olhando para o exemplo de Maria, nós sabemos esperar ou queremos tudo para ontem, tudo às pressas? Ela soube, diante da dor e da morte, esperar. Quem espera contempla a ressurreição. Muitas vezes, diante de tantas coisas que nos acontecem, o segredo que Nossa Senhora nos ensina é silenciar e esperar. A Mãe acreditava, pois ela sabia em quem tinha depositado a sua confiança.
É fácil esperar quando tudo está maravilhoso, o desafiante é esperar quando a cruz pesa e a dor se faz presente; então, é aí, nesta hora, que conhecemos quem tem esperança. Ao depositar o filho no sepulcro, a Mãe crê que Ele vive e que vencerá a morte. Ela volta para casa com o coração dilacerado, mas, ao mesmo tempo, na esperança que não engana, e essa esperança fazia Maria estar de pé.

Estava ela de pé… Por quê?

Porque acreditava, porque tinha fé, porque esperava diante da cruz. Só quem consegue enxergar além da dor consegue permanecer fiel. No Salve Rainha, nós a chamamos de “Esperança nossa”, ou seja, nosso socorro em todos os momentos, principalmente naqueles dias em que parece termos perdido o chão, procuramos um lugar firme, mas não encontramos onde nos firmar. Quando o mundo escurece e o coração chora, é nessa hora que devemos pedir Àquela que soube esperar que seja nossa Esperança e Nosso Socorro. Que Ela nos ensine a esperar o alvorecer de dias melhores, e com ela esperamos, pois nós, em nossa falta de fé, não sabemos esperar, desesperamo-nos facilmente. Por isso, pedimos a Ela, minha Mãe, ensina-me a esperar.

Hoje, estou tão desanimado, falta-me a esperança, não consigo ver além. Estou ofuscado pela dor. Mãe da Esperança, Mãe de Cristo, esperança de nós pobres desesperados, sede nossa mãe e nosso consolo. Consola seus filhos que, muitas vezes, sucumbem pelo peso da dor. A Virgem Maria é, acima de tudo, Mãe, é também a “Aurora da manhã”. Como nos ensina São João Bosco, “Quem confia em Maria, nunca ficará desiludido”.

Modelo de esperança

Devemos recorrer Àquela que soube esperar e que, hoje, é modelo sem igual de esperança, pois gerou, em seu seio, a própria esperança, Jesus Cristo. A Esperança é uma pessoa, Cristo é nossa Esperança, e por Ela ser Mãe d’Ele, a chamamos de Esperança Nossa!
As palavras do Abade de Claraval (São Bernardo) ecoam de forma tão atual e viva em nosso meio, hoje, quando em seus sermões sobre a Virgem Mãe nos diz: “Nos perigos, nas angústias, nas tristezas, em todos os momentos de dúvida, pensa em Maria, invoca Maria. Que este nome sagrado não se afaste do teu coração e não falte jamais nos teus lábios.” Que essa grande verdade seja nossa oração dia após dia.
Que a Esperança viva que ardia no Coração da Santa Mãe de Deus arda também no nosso Coração e nos faça acreditar em Deus acima de tudo, esperando e permanecendo fiéis até o fim.


José Dimas da Silva  
Cançao Nova

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