Os seus afetos, portanto, devem ser a regra invariável dos nossos afetos.
Para compreenderes, alma cristã, o que
pensar de Maria e até que ponto deve ir o teu amor, considera a estima
em que Deus a conservara e os sinais de amor que lhe dera.
“A multidão de minhas esposas é
inumerável”, diz o Santo Espírito, “mas uma existe a quem enchi de todas
as perfeições, acima de todas as outras” (Ct 6,8-9).
Querida é de Deus essa esposa, por isso
de maneira particular há forçosamente de imperar depois de Deus, em
todos os corações. O amor com que Deus a amou fez que lhe concedesse
todos os privilégios pelos quais a humanidade a pudesse distinguir. Pelo
que o nosso amor a Maria deve distingui-la de tudo quanto mereça,
depois de Deus, os afetos nossos. Amou-a Deus até lhe dar, depois dele, o
primeiro plano na terra e no céu. Nenhum objeto terreno ou celestial,
depois de Deus, os afetos nossos. Amou-a Deus até lhe dar, depois dele, o
primeiro plano na terra e no céu. Nenhum objetivo terreno ou celestial,
depois de Deus, será mais digno das homenagens do nosso respeito e do
nosso amor.
Assim, todos os justos lhe deram no coração um lugar junto a Jesus.
Os santos padres nos dizem que em vão amarão o “Filho” os que não amam a “Mãe”, pois inseparáveis são esses dois amores.
É necessário que consideremos o amor por
Maria como um dos sinais mais característicos de predestinação que se
possa ter, tão precioso é o dom dessa graça de Deus!
Mas, o amor que Maria nos vota não nos
falará por si mesmo do amor que lhe devemos? Ela estuda as nossas
necessidades. Ela sente as nossas aflições. Ela prevê os nossos pedidos.
Ela suporta os nossos defeitos. Ela esquece as nossas ingratidões. Qual
não deve ser a nossa solicitude em lhe testemunharmos recíproco amor?
Aproveita, alma cristã, as ocasiões de
agradar a Maria. Nada é pequeno, quando é do seu serviço que se trata.
Tudo é grande, em se tratando de servir à Mãe de Deus! Mãe de Deus
Soberana do mundo! Mãe de Deus e – Oh! Mistério de amor! – Mãe amorosa e
súplice dos homens que servem a Deus, e até dos próprios que ofendem a
Deus, para que sobre eles chovam as graças da conversão!
Diligencia, alma cristã, por tudo o que
pertença ao culto de Maria, tudo o que possa fazê-la amada e honrada dos
que a não conhecem ainda.
A Maria, oferece, alma cristã, cada dia, com muita exatidão, o tributo dos teus lábios e as homenagens do teu coração.
Glória deve ser para todos nós o título
de filhos de Maria. Ao seu trono elevar, cada dia, com o coração a
glória, e imensa glória!
Admirar as grandezas e perfeições de Maria, imensa glória ainda!
E implorar a proteção da “onipotência
suplicante”, que glória e que vantagem para nós! Portanto, se praticas
obras de caridade como deves, se jejuas, se te mortificas, faze tudo
isso na intenção de honrar a Mãe de Deus, pois que se tudo de bom
fizesses nada mais farias que de longe imitar as excelentes virtudes da
Virgem Mãe.
Só lucro aufere a alma cristã em visitar
os templos elevados a Deus em honra de Maria, em respeitar as suas
imagens, pessoas e lugares que sejam a ela preferencialmente
consagrados. Assistir assiduamente aos públicos exercícios do seu culto,
discursos que tratem das virtudes de Maria, das prerrogativas e das
devoções referentes à Mãe de Deus.
A alma cristã deve ser, antes de tudo, uma alma plena de Maria.
Um filho de Maria é diferente dos que o
não são, nisso sobretudo que ele é obrigado a mais e mais testemunhar a
Maria o seu amor a fim de mais e mais ir ganhando as riquezas do coração
da boa Mãe.
Oh! Vós, poderosa Protetora, em meu
coração podeis ler, como num livro aberto aos vossos olhos, essa
resolução de vos ser sempre fiel. Graças rendo ao Senhor pelos
sentimentos de amor que me inspira por Vós. Só o fato de os inspirar é
sinal certo do seu amor por mim. Nada quererei disputar com os homens,
Senhora, senão a fidelidade que prometo disputar com os corações dos
servos que mais vos amam!
Ai! Pudesse até, ó minha Mãe, disputá-la
com os próprios anjos, se tal felicidade não fora somente reservada aos
felizes habitantes do céu!
Retirado do livro: “Imitação de Maria”. Ed. Cléofas e Cultor de Livros.
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