A
oração mental é fundamental para a nossa vida interior; é como a
respiração da alma; sem ela a alma não tem intimidade com Deus e não
cresce em espiritualidade. Corre o risco de cair num ativismo inócuo,
cansativo e estéril. Muitos cristãos não crescem na sua fé, na esperança
e na caridade, porque não entram nesta intimidade com Deus.
Só Deus pode nos aperfeiçoar na vida espiritual e nos santificar,
pois só Ele nos conhece e sabe do que precisamos, e sabe agir em nós.
Mas,
para isso, é preciso estar com Ele. Ter tempo para Ele. Ser seu amigo
íntimo. Como disse Dom Baptiste Chautard, em sua obra “A alma de todo
apostolado”: “buscar mais o Senhor das obras, do que as obras do
Senhor!”.
Então, é preciso se esforçar para se aplicar a oração mental durante
certo tempo todo dia, para aprender a rezar de verdade, com o coração em
Deus.
Santa Teresa de Ávila (†1582), Doutora da Igreja, fundadora das
Carmelitas Descalças, e grande mestra de vida espiritual, nos deixou um
bom método para isso. Ela disse que a oração “é um trato amigável no
qual a alma fala muitas vezes intimamente com Aquele de quem se sabe
amada”.
Ela salienta especialmente a marca afetiva da oração mental: é um “trato amigável” entre a alma e Deus, com quem se fala.
Esta intimidade é fruto do amor. A Santa lembra que a alma deve dar-se conta da existência do amor de Deus para com ela.
Diz que na oração mental há de existir o exercício da inteligência e o
da vontade: a inteligência busca compreender que Deus ama a Sua
criatura e deseja ser amado por ela; e a vontade, respondendo ao convite
divino, ama.
Como pôr em prática isso? É o papel do método teresiano.
Para falar intimamente com Deus é preciso, antes de tudo, o contato
com Ele e, para isso, servirá a “preparação”: pôr-se na presença de
Deus, orientando-se para Ele por meio de um bom pensamento. Certamente
será necessário um local de paz e de silêncio.
São Francisco de Sales, também Doutor, recomenda começar pedindo a Deus o perdão dos próprios pecados.
Para se convencer do amor que Deus nos tem, devemos escolher uma
reflexão baseada em uma verdade de fé, capaz de manifestar-nos esse
amor; e para isso pode-se recorrer à leitura de um texto apropriado, de
um bom livro, da vida de um santo, etc.. Os mistérios da vida e paixão
de Nosso Senhor são os melhores para nos aproximar do Seu amor. Mas, não
basta ler; é necessário aprofundar, e isto faz-se por meio da reflexão,
da meditação. Mergulhar no mistério de Deus…
Dos bons pensamentos colhidos na meditação, deve nascer,
espontaneamente, em nosso coração e nos nossos lábios, palavras de
afeto. E assim começamos a conversa íntima com Deus, confessando-lhe o
nosso amor de muitos modos, dizendo que O queremos amar, que queremos
progredir no Seu santo amor, que queremos provar-Lhe o amor por obras,
fazendo a Sua santa vontade. E assim, chegamos ao centro, ao coração da
oração.
Nessa intimidade com Deus nasce espontaneamente a ação de graças,
manifestando o nosso reconhecimento pelos benefícios Dele recebidos e
Lhe damos graças por eles.
Também como consequência, apresentamos ao Senhor um bom propósito, uma mudança de vida, um gesto de amor.
E convencidos da nossa pequenez e fragilidade imploramos o auxílio de
Deus para as nossas necessidades, do nosso trabalho, da nossa família,
etc…
Resumindo o método de Santa Teresa:
1. a preparação (estar presença de Deus);
2. a leitura de um bom texto;
3. a meditação do texto;
4. o colóquio com Deus;
5. ação de graças;
6. oferecimento de um bom propósito;
7. a súplica pelas nossas necessidades.
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