São as Sagradas Escrituras que dão testemunho de Jesus, como Ele
mesmo disse: “Para que se cumpram as Escrituras até o fim” (Jo 19,28;
15,25). “As Escrituras dão testemunho de mim” (Jo 5,39).
E foram os próprios judeus os guardas dos livros proféticos (século
XV a.C. a V a.C.). Com os discípulos de Emaús, o Senhor fez questão de
enfatizar que as Escrituras falavam Dele, “explicava-lhes o que dele se
achava dito em todas as escrituras” (Lc 24,27).
Tudo foi predito sobre a vida Dele para que o identificassem quando
chegasse. “Não deixarás a minha alma na região dos mortos, nem
permitirás que o teu santo conheça a corrupção” (Sl 15,8-11; At 2,27).
São impressionantes os detalhes com que as profecias anunciavam como
seria a chegada e a vida do Messias.
Quem seria capaz de prever acontecimentos tão precisos há 700 anos?
Séculos antes da vinda de Jesus Cristo os judeus tinham em suas
Escrituras uma série de vaticínios concretos referentes ao Messias – o
Filho de Deus. A versão do Antigo Testamento, elaborada pelos Setenta,
do hebreu ao grego, terminou aproximadamente dois séculos antes de Jesus
Cristo, pois já em 130 antes de Cristo era encontrada no Egito. Nessa
versão encontram-se os vaticínios messiânicos íntegros, tal como
atualmente os lemos.
Cinco séculos antes de sua vinda já tínhamos a descrição dos traços
do Messias; possuía-os a Sinagoga e ainda hoje essa mesma Sinagoga os
conserva intactos. Como comentou Santo Agostinho:
“Não nós, mas os judeus, são os conservadores desses livros que são
nossos. Quando queremos demonstrar que Jesus Cristo foi profetizado,
apresentamos esses livros aos pagãos. E a fim de que os obstinados em
não crer não viessem dizer-nos que tais livros foram por nós compostos e
adaptados ao acontecido, agindo, assim, como falsificadores,
precisamente por isso podemos convencê-los, com evidência, de que tal
não é assim, porque todos esses livros em que Jesus Cristo está
profetizado, todos estavam, séculos antes da vinda de Cristo, em poder
dos judeus: eles são seus guardiões” (Laburu, p. 30).
Cada profeta descreveu um traço ou uma circunstância da Pessoa do
Messias. Ele descenderá de Isaac (Gn 26,4), de Jacó (Gn 28,14), da tribo
de Judá (Gn 49,8), da família de Davi (Jr 23,5; 33,15), Ele nascerá de
uma virgem (Is 7,14). “Não cessará o poder supremo da tribo de Judá
enquanto não vier o Messias” (Gn 49,10).
É maravilhosa a profecia de Isaías sobre o reino do Messias: “Um
renovo sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes.
Sobre ele repousará o Espírito do Senhor […]” (Is 11,1-9).
Daniel profetizou que ao findar setenta semanas de anos se daria a
prevaricação do povo judeu, seguindo-se a morte do Messias (Dn 9,24-27).
Ageu profetizou que o Messias penetraria no Templo de Jerusalém
reconstruído após a volta do exílio da Babilônia. Malaquias confirmou a
predição dizendo que o Messias viria para o segundo Templo e, após sua
vinda, permaneceria para sempre destruído. Malaquias confirmou a
previsão de Ageu (Ml 3,1) e anunciou que o nascimento do Messias seria
em Belém (Mq 5,1s).
Isaías profetizou que o Messias pregaria especialmente na Galileia.
Zacarias predisse que a venda do Messias seria por trinta moedas e que o
traidor as lançaria no Templo, e com elas se compraria uma olaria (Zc
11,12). Os Salmos anunciaram que o Messias seria despojado de sua
túnica, dividida por sorteio entre os soldados (Sl 21,19); seria morto
com mãos e pés transpassados por cravos (Sl 21,17); que no suplício da
cruz sofreria sede, a língua colada ao paladar (Sl 21,16); e lhe dariam
vinagre para beber (Sl 68,22); e todos zombariam dele na cruz: “Esperou
no Senhor: livre-o, salve-o, se é que o ama” (Sl 21,7s).
“Zacarias completa anunciando que permaneceriam a olhar o cadáver
aqueles mesmos que o haviam atravessado com suas lança” (Zc 12,10).
Isaías predisse que o Messias seria apontado como malfeitor e entre eles
colocado (53,3.12b); que seria condenado a morte (53,8); que haveriam
de esbofeteá-lo, açoitá-lo e nele escarrar (50,6); seria despojado de
sua túnica, dividida, por sorteio, entre os soldados. Seria morto, com
mãos e pés transpassados por cravos. Na cruz, sofreria ele o tormento da
sede, a língua ressecada como uma telha, colada ao paladar. Para
aliviá-lo da sede, apresentar-lhe-iam uma esponja embebida em vinagre.
Todos quantos o viam cravado na cruz iam escarnecer dele e, meneando a
cabeça, diriam: **Esperou no Senhor: livre-o, salve-o agora, se é que o
ama**. As citações sobre a Paixão de Jesus também são detalhadas:
O Messias seria traído por um amigo (Sl 40,10; Sl 55,12-14;
cumprimento da profecia: Mt 10,4; Jo 13,21). Seria vendido por 30 moedas
de prata (Zc 11,12; cumprimento: Mt 26,15). As 30 moedas seriam
lançadas no Templo (Zc 11,13; cumprimento: Mt 27,5-7). Ele seria
abandonado por seus discípulos (Zc 13,7; cumprimento: Mt 26,31.56; Mc
14,50). Seria acusado por falsas testemunhas (Sl 34,11; cumprimento: Mt
26,59-61).
O Messias ficaria mudo diante dos seus acusadores: “Ele foi oprimido e
humilhado, mas não abriu a sua boca[…]” (Is 53,7; cumprimento: Mt
27,12-14). Seria açoitado e ferido: (Is 53,5.7; Zc 13,6; cumprimento: Mt
27,26).
O Messias seria esbofeteado e cuspido (Is 50,6; cumprimento: Mt
26,67; Lc 22,63). Seria escarnecido (Sl 22,7-8; cumprimento: Mt
27,41-43; Jo 19,2-3). Suas mãos e pés seriam transpassados (Zc 12,10;
cumprimento: Lc 23,33; Jo 20,25-28).
O Messias seria crucificado entre malfeitores (Is 53,12; cumprimento:
Mt 27,38; Mc 15,27-28). Ele intercederia pelos seus algozes (Is 53,12;
cumprimento: Lc 23,34). Seus amigos o contemplariam de longe (Sl 37,12;
cumprimento: Lc 23,49).
Ele entregaria seu espírito a Deus: “Nas tuas mãos entrego meu
espírito[…]” (Sl 30,6; cumprimento: Lc 23,46). Seus ossos não seriam
quebrados (Sl 33,21; cumprimento: Jo 19,32-33). Seu corpo seria colocado
na sepultura por um homem rico (Is 53,9; cumprimento: Mt 27,57-60).
Todas essas predições, mais de trinta, se cumpriram rigorosamente
para que ficasse bem claro quem era o Messias. Por isso Jesus repetiu
muitas vezes **para que se cumpram as Escrituras**, de modo a não ficar
dúvida sobre quem Ele era.
Quem
é capaz de fazer previsões de acontecimentos futuros, durante onze
séculos de antecedência, e com tantos detalhes? Quem é capaz de dizer se
vai chover em tal dia do próximo ano, por exemplo?
Essas profecias são as “credenciais” entregues por Deus a seu Filho; e
dissipam toda dúvida e satisfaz a curiosidade mais exigente. Foram
predições contra a mentalidade judaica do tempo de Cristo; se houvessem
sido fruto da mente dos Profetas, jamais teriam sido cumpridas.
Por isso, Jesus disse aos judeus que disputavam com ele, exigindo que
cressem em seu Messianismo e o recebessem como enviado de Deus, seu
Pai: “Examinais as Escrituras porque julgais ter nelas a vida eterna, e
elas são as que dão testemunho de mim” (Jo 5,39).Cumpriu-se aquilo que
Filipe disse a Natanael: “Encontramos Aquele de quem Moisés escreveu na
Lei e que os Profetas anunciaram: é Jesus de Nazaré, filho de José” (Jo
1,45).
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