sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Comemoração de todos os fiéis falecidos

A todos os que morreram “no sinal da fé” a Igreja reserva um lugar importante na liturgia: há uma lembrança diária na missa, com o Momento (= lembrança) dos mortos, e no Ofício divino com a breve oração (as almas dos fiéis pela misericórdia de Deus, descansem em paz), e existe sobretudo a celebração hodierna na qual cada sacerdote pode celebrar três missas em sufrágio das almas dos falecidos. A comemoração dos falecidos, devida ao abade de Cluny, Santo Odilon, em 998, não de todo nova na Igreja, pois em toda parte se celebrava a festa de todos os santos e o dia seguinte era dedicado a memória dos fiéis falecidos. Mas o fato de que milhares de mosteiros beneditinos dependessem de Cluny favoreceu a ampla difusão da comemoração e muitas partes da Europa setentrional. Depois também em Roma, em 1311, foi sancionada oficialmente a memória dos falecidos.
O privilégio das três missas no dia 2 de novembro, concedido a Espanha em 1748, foi estendido a Igreja universal por Bento XV em 1915. Desejava-se assim sublinhar uma grande verdade, que tem o seu fundamento na Revelação: a existência da Igreja triunfante e a militante. Estado intermediário, mas temporário “onde o espírito humano se purifica e se torna apto ao céu”, segundo a imagem de Dante. Na primeira epístola aos coríntios, São Paulo usa a imagem de um edifício em construção.
Os pregadores são os operários que edificam sobre o fundamento colocado pelos primeiros enviados de Cristo, os Apóstolos. Existem os que cumprem um trabalho, caprichado e sua obra fica sem defeitos, outros ao contrário misturam com o bom material um material de segunda, madeira e palha, isto é vanglória e indiferença. Depois vem a vistoria, que São Paulo chama de dia do Senhor, a prova de fogo: a provação apreciará a obra de cada um. Alguns assistirão a resistência do seu edifício, outros verão desabar o seu. “Ora – acrescenta o apóstolo São Paulo – se a obra que alguém edificou permanecer em pé, ele receberá a recompensa, se se queimar, sofrerá prejuízo, mas ele será salvo por meio de fogo”.
A essas almas, que a prova de fogo obriga a purificação, em vista da plena alegria do paraíso, a Igreja dedica hoje, uma memória particular, para ressaltar mediante a caridade do sufrágio aquele vínculo de amor que une perenemente aqueles que morreram no sinal da fé e foram destinados a eterna comunhão com Deus.



Prof. Felipe Aquino

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