Nossa Senhora, corredentora? (III)
Vanderlei de Lima |
Jul 23, 2018
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A que conclusões chegaram os estudiosos em Chestochowa?
Neste
terceiro artigo da série, continuamos o debate em torno do pedido de
ser Nossa Senhora definida, de forma solene, como Corredentora da
humanidade.
A que conclusões chegaram os estudiosos em Chestochowa? – Os
estudiosos reunidos para o XII Congresso Mariológico Internacional,
realizado, em agosto de 1996, em Chestochowa (Polônia), atenderam a um
especial pedido da Santa Sé e estudaram “a possibilidade e a
oportunidade” da definição dos títulos marianos de “Medianeira”,
“Corredentora” e “Advogada”. Era uma Comissão de quinze teólogos,
peritos em Mariologia, vindos de diversas regiões e universidades do
mundo católico, além de alguns poucos membros de outras comunidades
cristãs: anglicanos, luteranos e ortodoxos.
Eles chegaram às seguintes conclusões: 1)
Os títulos propostos podem não ter sentido devidamente claro a todos,
de modo que correriam o risco de serem compreendidos de maneiras
diversas pelo Povo de Deus; 2)
Deve-se manter a linha do Concílio Vaticano II que não quis definir
nenhum desses títulos, mas, ao contrário, os usou de modo muito sóbrio
na Lumen Gentium (n. 62); 3) Desde o Papa Pio XII, o título de “Corredentora” não é usado em documentos papais de grande relevo doutrinário; 4)
Quanto ao título de “Medianeira”, a Comissão recordou que, desde os
primeiros decênios do século XX, a Santa Sé o estudou por meio de três
comissões diferentes e acabou por abandonar a questão; 5)
Mesmo se houvesse conteúdo doutrinário para definir esses títulos de
Nossa Senhora agora, essa definição não seria teologicamente acertada,
pois o assunto requer um aprofundamento na perspectiva da Trindade, da
Eclesiologia e da Antropologia, e 6)
os teólogos não católicos, bem como alguns católicos, viram na
definição desse dogma, pontos de maiores dificuldades ao diálogo
ecumênico (cf. L’Osservatore Romano, 24/06/1997; PR, p. 450).
Como entender, então, a questão da cooperação singular de Nossa Senhora na obra salvífica de Seu Filho Jesus Cristo? – Devemos
entender como algo muito lógico a cooperação de Maria Santíssima na
obra de salvação dos homens e mulheres, conforme bem expôs o Papa Paulo
VI a título não dogmático, mas de ensino ordinário do Magistério da
Igreja, na Exortação Apostólica Signum Magnum,
n. 1: “A Virgem continua agora no céu a exercer a sua função materna,
cooperando para o nascimento e o desenvolvimento da vida divina em cada
uma das almas dos homens redimidos. É esta uma verdade muito
reconfortante, que, por livre disposição de Deus sapientíssimo, faz
parte do mistério da salvação dos homens; por conseguinte, deve ser
objeto da fé de todos os cristãos” (PR, p. 449).
Em vez de corredenção é melhor dizer cooperação de Nossa Senhora na obra de seu Filho e no lugar de Medianeira usar Mãe de Deus? Por quê? – A
resposta à questão acima é positiva, segundo Dom Estêvão Bettencourt,
OSB: “Ao invés de Corredenção, pode-se falar, sem os mesmos riscos de
ambiguidade e desvios doutrinários, de Cooperação de Maria na obra da
salvação do gênero humano. Tal vocábulo se encontra na Lumen Gentium n. 53. 56. 61. 63. Já S. Agostinho utilizava o termo cooperatio em sua obra De Sancta Virginitate 6. O Papa João Paulo II, em sua catequese de 6/4/1997, falou amplamente da cooperação de Maria na obra da salvação”.
“Em lugar de Medianeira, recomenda-se o recurso ao título de Mãe de Deus (Theotókos) e Mãe dos homens (cf. Jo 19,25-27): Jesus quis confiar o gênero humano à tutela e à intercessão de Maria Ssma. (cf. Lumen Gentium
n. 53-56. 58. 61. 63. 65. 67. 69). Na qualidade de Mãe, Maria intercede
em favor dos homens desde a sua gloriosa Assunção até a consumação da
história da humanidade” (PR, p. 448).
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