A cruel e assustadora história do “clube do carimbo”, o grupo homossexual que dissemina o HIV propositalmente em casas noturnas.
Todas as épocas de acentuado declínio social estão marcadas por uma
exploração desmedida da sensualidade. A corrupção moral foi a principal
responsável pela queda do Império Romano, dizem os historiadores [1]. A
banalização do homem tornou os romanos insensíveis a qualquer apelo da
razão, abrindo caminho para o domínio bárbaro. Isso porque o ser humano,
quando abandonado às suas paixões, fica incapaz de amar, isto é,
enxergar o outro como pessoa. Uma sexualidade desregrada vê nos corpos
instrumentos de prazer, objetos descartáveis sempre ao alcance dos
desejos mais pervertidos da imaginação. Coube à Igreja a tarefa de
restituir a dignidade humana frente a uma cultura de morte instalada na
medula da sociedade.
Os Padres da Igreja sempre entenderam a união conjugal como uma relação
em que se procura o bem do outro. O vínculo entre marido e mulher está
radicado muito mais em um "empenho para com a outra pessoa", que em um
sentimento vago ou em uma atração psicofísica. É justamente o que
recordava São João Paulo II ao Tribunal da Rota Romana, em um discurso de 1999:
"O simples sentimento está ligado à mutabilidade do espírito humano; só a atração recíproca, depois, muitas vezes derivante sobretudo de impulsos irracionais e às vezes aberrantes, não pode ter estabilidade e, portanto, está facilmente, se não de maneira fatal, exposta a extinguir-se."
O matrimônio, embora também esteja ligado ao sentimento, fundamenta-se
no compromisso do amor, de onde nasce a sua indissolubilidade. "A
caridade jamais acabará", lembra o apóstolo (1 Cor 13, 28). E esse amor conjugalis que
"tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta" é a razão pela
qual marido e mulher são capazes do sacrifício mútuo pela salvação da
família.
A cultura hodierna, por outro lado, tende não somente a negar esse
amor, como a ridicularizá-lo de todas as maneiras. Em nome de uma
pseudoliberdade, a sociedade é induzida a considerar o corpo algo
desprezível, "colocando-o, por assim dizer, fora do ser autêntico e da
dignidade da pessoa". "O seu pressuposto — comenta o Papa Bento XVI —
é que o homem pode fazer de si o que quer: o seu corpo torna-se assim
uma coisa secundária, manipulável sob o ponto de vista humano, a ser
utilizado como se deseja". Praticamente, todos os relacionamentos
modernos — uniões livres, "casamentos" entre pessoas do mesmo sexo,
namoros coloridos etc. — estão embasados nessa visão unilateral do
"prazer sem freios". Não se busca o bem do outro, mas a autossatisfação
imediata. Trata-se de sexo, não de amor.
Ora, não é preciso muito esforço para perceber as consequências
nefastas disso tudo. "A crônica quotidiana — falava João Paulo II no
mesmo discurso à Rota Romana — traz, infelizmente, amplas confirmações
acerca dos miseráveis frutos que essas aberrações da norma
divino-natural acabam por produzir".
Há alguns dias, um jornal de grande circulação no país comentava o caso de "homens que passam o HIV de propósito".
Segundo a reportagem, esses indivíduos se reúnem em blogs e outros
sites da internet para darem dicas de como infectar o parceiro sexual
propositalmente. "Não fez ainda? Faça, pois é bem provável que já tenham
feito com você", incentivava um desses sites, ensinando a furar a
camisinha durante o ato sexual. A prática tem o nome de bareback,
que no linguajar homossexual significa "sexo anal sem camisinha". O
termo originalmente vem do inglês e quer dizer "cavalgar em um cavalo
sem cela". Em São Paulo, diz o jornal, uma casa noturna dedicada ao sexo
gay chega a reunir mais de cem homens por dia, muitos adeptos do "clube
do carimbo", como se chama o grupo dedicado a retransmitir o vírus da
Aids. "Carimbar" faz referência direta à contaminação.
Um dos entrevistados da matéria justifica seu comportamento assim: "É
um prazer incontrolável. Sem a camisinha o meu prazer triplica. Eu odeio
a camisinha". O rapaz é empresário, soropositivo, tem 36 anos e
frequenta casas noturnas, embora nunca se relacione sem avisar o
parceiro sobre sua doença, garante. De acordo com o jornal, o "clube do
carimbo" deve virar uma tendência no meio LGBT em dois ou três anos.
"Hoje, a gente vive o auge dessa prática da contaminação", informa outro
entrevistado. As orgias, comumente chamadas de "roleta-russa", mexem
com o fetiche e a adrenalina, explicam os participantes; por isso, têm
se tornado tão comuns. Há também uma falta de perspectiva somada a um
sentimento libertário. O resultado: entre 2003 e 2013, o índice de
infecção por HIV no meio homossexual aumentou para 29,1%; para os
héteros, a variação foi de 1,7%.
Repetir o ensinamento católico acerca disso tudo é chover no molhado. O
fato, porém, expõe diante dos olhos do público qual movimento é
verdadeiramente homofóbico. Enquanto o Catecismo da Igreja diz que os homossexuais "devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza",
a nova moda LGBT apregoa a disseminação de um vírus mortal, em nome de
um "prazer incontrolável". "Por isso, Deus os entregou a paixões
vergonhosas" (Rm 1, 26). Os efeitos insidiosos da cultura da
camisinha, do sexo livre e da libertinagem podem ser reconhecidos por
qualquer pessoa de bom senso. Essa cultura de morte não procura o bem do
outro, mas se desfazer dele como um lixo, como se descarta a seringa de
uma droga qualquer após o uso. A Igreja, sempre na contramão das falsas
ideologias, crê na sublime vocação do homem, tenha ele ou não a
tendência homossexual, chamando-o a amar verdadeiramente: "Pelas
virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes,
pelo apoio duma amizade desinteressada, pela oração e pela graça
sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da
perfeição cristã." A castidade não mata ninguém. O "clube do carimbo", sim.
Não se enganem: nenhum ser humano foi feito para viver como um brinquedinho de almas pervertidas. Nenhum ser humano foi feito para servir a "surras" e "pauladas", como sugere a mídia nestes dias cinzentos, nem para bareback, "clubes do carimbo", "roletas-russas" ou outras práticas suicidas.
Por Equipe Christo Nihil Praeponere
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