Pesquisa feita nos EUA aponta que os “fiéis” católicos estão longe de ser “fiéis” de verdade.
A Igreja católica não define as suas questões de doutrina com base no
voto da maioria. Mesmo assim, são feitas constantes pesquisas de opinião
pública entre os católicos para descobrir o que eles
pensam sobre uma ampla quantidade de assuntos, em geral polêmicos.
Acontece que os pesquisadores contabilizam como “católicas” as respostas
de qualquer entrevistado que simplesmente se identifique como católico,
mesmo sem ser praticante. Assim, não temos muitos números confiáveis
que nos mostrem o que fiéis católicos praticantes realmente pensam.
Há pesquisas, no entanto, cujos resultados são interessantes em si
mesmos, inclusive quando a sua autenticidade como “opinião católica” é
altamente questionável. Este é o caso de um levantamento recém-publicado
pelo Instituto de Pesquisas da Universidade Saint Leo [São Leão, ndr].
De acordo com a pesquisa da Saint Leo, 68% dos católicos norte-americanos acreditam que os católicos divorciados
que voltaram a se casar deveriam ser autorizados a receber a comunhão,
contra 18% que acham que não e 14% que se dizem indecisos. O placar,
também esmagador, fica em 66% contra 21% para os que acham que a Igreja
deveria aceitar a contracepção artificial. A sólida maioria dos
entrevistados que se disseram católicos (50% contra 33%) também acabaria
com a proibição do sexo extraconjugal. E uma ligeira maioria também
aceitaria o casamento entre pessoas do mesmo sexo.
Eu sei, eu
sei. Você já conhece esse tipo de pesquisa (e vai ver muitas outras
iguais a elas no ano que vem). O que você pode (e deve) se perguntar é
de que modo as perguntas foram formuladas e de que maneira os resultados
foram registrados. Mais importante ainda: você deve questionar a
própria amostragem. Afinal, se as mesmas perguntas fossem dirigidas a
católicos praticantes, os resultados seriam bem diferentes. Mas de tudo
isso você já sabe.
O que torna tão interessante esta pesquisa da
Saint Leo é o fato de que as respostas foram divididas em duas
categorias: as respostas de católicos e as respostas de
não católicos. Para todas as questões apresentadas, as respostas dos
não católicos ficaram substancialmente mais próximas dos ensinamentos da
Igreja católica do que as respostas dos católicos.
Veja só: 68%
dos católicos disseram que os católicos divorciados e recasados
deveriam receber a comunhão; entre os não católicos, só 47% acharam a
mesma coisa. Os entrevistados católicos também se mostraram mais
propensos a aceitar o casamento entre pessoas do mesmo sexo (42% dos
católicos contra 36% dos não católicos), a coabitação de parceiros não
casados (50% contra 36%) e a contracepção (66% contra 59%). Já sabíamos
que os católicos relapsos são mais propensos a discordar da ortodoxia
católica do que os católicos praticantes. O que não sabíamos (e é
surpreendente) é que, se esta pesquisa estiver correta, os católicos
relapsos são mais propensos a discordar da ortodoxia católica do que os
não católicos!
É preciso relembrar, de qualquer forma, que a
parcela dos entrevistados "católicos" é formada por qualquer um que
simplesmente se diga católico. O caso é que os cálculos dos
pesquisadores ficariam um tanto mais complicados se fosse confirmado que
as pessoas menos propensas a professar a fé católica estão justamente
no meio das que afirmam professá-la
Phil Lawler
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