domingo, 12 de outubro de 2014

MÃE DAS CRIANÇAS.


 

O Evangelista João trata da mulher que deu à luz uma criança, mas foi perseguida pelo dragão. A vitória dela se deu com a ajuda divina (Cf. Apocalipse 12,1-16). O autor mostra, com linguagem metafórica, a perseguição da Igreja que apresentava Cristo à comunidade. Mas a batalha é vencida com a ajuda do Divino Mestre. A liturgia da Igreja faz a comparação com Maria, que nos trouxe o Salvador. Com Ele vencemos qualquer batalha, pois, é o Deus-conosco!
Maria é figura exponencial no plano divino de nossa salvação. Sem ela Deus teria que inventar outro meio extraordinário para vir até nos. Se Ele a escolheu, é porque viu ser o instrumento mais importante para nos salvar. A salvação objetiva, isto é, a ponte de ligação do humano com o divino, qual nova aliança, se fez com a vinda do Filho por Maria, em bem da humanidade de todos os tempos. Mas a salvação subjetiva, isto é, aplicada a cada um, depende dos corações abertos à aceitação da graça. Por isso, o próprio Jesus fala da abertura do coração para essa aceitação, como a do coração de criança: “Deixai vir a mim as crianças; não as impeçais! Porque dos que são como elas é o reino de Deus…. Quem não receber o reino de Deus como uma criança, não entrará nele”(Marcos 10, 14-15).
Nessa dimensão da criança somos todos convidados a entrar no coração de Deus, tendo atitude de simplicidade, verdade, sinceridade, pureza de intenção, confiança em Deus, aceitação da ternura do Senhor para conosco, comportamento coerente com a fé, obediência e abertura à ação do Espírito Santo em nossa vida e abertura para amar o semelhante como nosso irmão. Maria é mãe do Emanuel. É nossa mãe. Somos as crianças que acolhemos seu afago e seu amor. Com ela somos capazes de amar seu Filho para nos parecermos com Ele e realizarmos o que Ele realizou e nos propõe a também fazê-lo!
Quando nos tornamos crianças do Reino de Deus, superamos nossos problemas existenciais, com capacidade para os encaminharmos a solução adequada. Afinal, qual criança nos braços da mãe, temos segurança e nos sentimos protegidos. Ela não nos abandona, como não abandonou Jesus e foi com Ele por toda a sua missão e o viu glorificado e vencedor. Nas bodas de Caná ela provou sua ascendência materna para que seu Filho realizasse a transformação da água em vinha em bem da festa de casamento (Cf. João 2,1-11). Seu papel de intercessora tem feito grande parcela da população, através dos tempos, invocá-la e tem obtido êxito em suas preces. Haja vista a realidade do povo em romaria ao seu santuário nacional de Aparecida e tantos outros lugares de manifestação de fervor religioso do povo espalhado pelo mundo!
As crianças na realizada existencial e cronológica nos fazem comprometer-nos com seu presente e seu futuro, para as ajudarmos a serem eternas também na idade das atitudes que Jesus louva. Assim, todos serão, de fato, infantes no amor a Deus e na vontade de sempre realizarmos seu projeto de amor.
Como crianças, no sentido falado por Jesus no Evangelho, queremos também suplicar a Deus por tantas crianças que padecem inúmeros maus tratos, agressões, explorações e vida indigna para quem é filho amado de Deus. Poderemos superar isso com o coração de criança voltado ao que Deus nos pede. Ele sempre nos valoriza e deixa que façamos nossa parte pelo bem presente e futuro de nossas crianças, com a promoção de atitudes de pessoas, grupos e de políticas públicas que protejam nossos meninos e meninas de todo o mal e possam ter uma vida de qualidade e serem amados de verdade!









Por Dom José Alberto Moura – Arcebispo de Montes Claros (MG)

Nenhum comentário: