Chegando
a
época da colheita, e vendo ele que a sua terra havia produzido muito
mais do
que ele esperava, ele perguntou a si mesmo: “O que vou fazer?” Ele teve
que
perguntar a si mesmo, pois ele não tinha mais ninguém a quem perguntar.
Ele
havia passado a vida inteira cultivando plantas e se esqueceu de também
dedicar
um tempo para cultivar uma família, para cultivar amizades. Assim, ele
mesmo
concluiu que precisava vender por um bom preço a sua plantação e guardar
o
dinheiro no banco. Tendo o dinheiro bem guardado e bem aplicado no
banco, ele
teria dinheiro suficiente para viver bem, comendo e bebendo sem se
preocupar
muito. Como ele já havia trabalhado bastante na lavoura, ele já podia
fazer uso
do carro modelo do ano, a casa mansão e ainda comer do bom e do melhor e
viver bem tranquilo. Ele não tinha gastos com remédios, não
precisava pagar aluguel. Assim, ele se esqueceu das preocupações.
As
preocupações, porém, não se esqueceram dele. Antes que pudesse fazer qualquer
coisa para se defender, o seu corpo já estava tomado pelo câncer. Se antes o
fruto do seu trabalho servia para lhe dar prazer, agora servia apenas para dar
alguns dias a mais de vida com sessões de quimioterapia e remédios pesados. No
momento em que percebeu que estava perdendo tudo, a pergunta era inevitável:
“Afinal de contas, o que é meu?” Todo o trabalho que teve para ajuntar muitas
coisas agora iria ficar para os outros, que não fizeram nada para ajudar. Ao
final de sua vida, ele percebeu algo ainda mais profundo: nem mesmo a vida nos
pertence, pois chega a hora da morte e o que nós temos para garantir a nossa
vida? Nenhum dos nossos trabalhos pode nos manter vivos. Nenhum!
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