O FRACASSO DE JESUS.
O Deus que pode tudo não pode forçar o coração do homem.
Dizem que a bajulação é a arma letal dos homens fracos. Daqueles que não
são claros e direitos. Daqueles que giram em torno das palavras
buscando alcançar o próprio objetivo.
Reconheço que gosto das
pessoas decididas, aquelas que dizem claramente aquilo que pensam, que
permanecem fiéis aos seus princípios; aquelas que não camuflam suas
intenções com bajulações. Gosto de gente franca, aberta, sem
duplicidade. É triste ver como
com a lisonja e a adulação atingem a alma. Acreditamos que somos
especiais, únicos, escolhidos para uma grande missão. Quando a lisonja
termina, podemos pensar que a vida é injusta, que esqueceram tudo aquilo
que valemos, que deixaram de admirar o luto da nossa vida.
Jesus
não se deixa bajular. Acredito que atinja Jesus, assim como atinge a um
de nós, a falta de confiança daqueles que buscam fazê-lo cair em
armadilhas. Jesus às vezes se entristece. Não consegue chegar a todos.
Que impotência! O Deus que tudo pode não pode
forçar o coração do homem. Pode apenas esperar e propor. Tão perto e tão
distante. Muitos não o compreenderam, o julgaram, não foram capazes de
reconhecer o Deus que caminhava perto deles, que comia junto com eles,
amando-os, curando.
Puderam ver com os olhos e tocar com as
próprias mãos, ouvir a sua voz forte e receber seu abraço, mas não o
viram. Não souberam reconhecer a água que respondia à sede deles, a luz
do caminho, a verdade das suas perguntas. Não souberam ver Deus
quando falavam Dele em todos os momentos, que paradoxo! Não se abriram
ao único capaz de acolher a busca deles, de pronunciar o nome deles e de
sustentá-los na palma de Sua mão, de dar a eles uma casa. Foi o
fracasso de Jesus. A sua desilusão, a sua impotência. Sentiu-se
sozinho muitas vezes. A todos nós custa não ser acolhidos como somos,
que façam conjecturas de nós, que nos taxem e não nos dêem oportunidade
de mostrar como somos. Fazia mal a Jesus não conseguir chegar ao coração das pessoas. Às vezes vencendo perdemos, outras vezes perdendo, vencemos.
Jesus teria preferido perder diante dos fariseus. Gostaria de encontrar cada um e mostrar a todos como os ama aquele Deus do qual falavam, mas que não conheciam.
Padre Carlos Padilla
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