segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O FRACASSO DE JESUS.

O Deus que pode tudo não pode forçar o coração do homem.

 

Dizem que a bajulação é a arma letal dos homens fracos. Daqueles que não são claros e direitos. Daqueles que giram em torno das palavras buscando alcançar o próprio objetivo.

Reconheço que gosto das pessoas decididas, aquelas que dizem claramente aquilo que pensam, que permanecem fiéis aos seus princípios; aquelas que não camuflam suas intenções com bajulações. Gosto de gente franca, aberta, sem duplicidade. É triste ver como com a lisonja e a adulação atingem a alma. Acreditamos que somos especiais, únicos, escolhidos para uma grande missão. Quando a lisonja termina, podemos pensar que a vida é injusta, que esqueceram tudo aquilo que valemos, que deixaram de admirar o luto da nossa vida.
Jesus não se deixa bajular. Acredito que atinja Jesus, assim como atinge a um de nós, a falta de confiança daqueles que buscam fazê-lo cair em armadilhas. Jesus às vezes se entristece. Não consegue chegar a todos. Que impotência! O Deus que tudo pode não pode forçar o coração do homem. Pode apenas esperar e propor. Tão perto e tão distante. Muitos não o compreenderam, o julgaram, não foram capazes de reconhecer o Deus que caminhava perto deles, que comia junto com eles, amando-os, curando.

Puderam ver com os olhos e tocar com as próprias mãos, ouvir a sua voz forte e receber seu abraço, mas não o viram. Não souberam reconhecer a água que respondia à sede deles, a luz do caminho, a verdade das suas perguntas. Não souberam ver Deus quando falavam Dele em todos os momentos, que paradoxo! Não se abriram ao único capaz de acolher a busca deles, de pronunciar o nome deles e de sustentá-los na palma de Sua mão, de dar a eles uma casa. Foi o fracasso de Jesus. A sua desilusão, a sua impotência. Sentiu-se sozinho muitas vezes. A todos nós custa não ser acolhidos como somos, que façam conjecturas de nós, que nos taxem e não nos dêem oportunidade de mostrar como somos. Fazia mal a Jesus não conseguir chegar ao coração das pessoas. Às vezes vencendo perdemos, outras vezes perdendo, vencemos.

Jesus teria preferido perder diante dos fariseus. Gostaria de encontrar cada um e mostrar a todos como os ama aquele Deus do qual falavam, mas que não conheciam. 






Padre Carlos Padilla

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