O que estava no estado de espírito de Nossa
Senhora a respeito do Natal? O que o Natal representava de novo para Nossa
Senhora? Afinal de contas, Ela carregava Nosso Senhor dentro de si como um
tabernáculo, e tinha com Ele a maior intimidade.
.
.
E era, evidentemente, um
comércio de alma, porque é certo que Nosso Senhor já estava gozando de
pensamento dentro do ventre materno. Ele gozou de pensamento desde o primeiro
instante de seu ser, e por isto Ele tinha com Ela uma comunicação contínua, não
só enquanto pessoa da Santíssima Trindade, mas também enquanto Homem-Deus com
Nossa Senhora como sua Mãe.
.Nestas
condições não devemos imaginar que o nascimento de Nosso Senhor foi para Nossa
Senhora como que um ato pelo qual Ela tomou conhecimento do Filho. Esse
conhecimento Ela já tinha e já o tinha muito íntimo e muito ardente.
Então, o
que o Natal representou, de novo, para Nossa Senhora?
Há um pensamento que é óbvio: o Natal foi o
momento em que Nossa Senhora deu Nosso Senhor ao mundo. E que Nosso Senhor
abandonou o claustro materno, veio ao mundo e veio ao mundo pelos braços
dEla.
Naturalmente, no momento em que Nosso Senhor
nasceu, no momento em que de um modo misterioso e sem trazer qualquer prejuízo à
virgindade de Nossa Senhora Ele entrou no mundo, esse momento deve ter sido um
momento altíssimo. Deve ter sido um momento de contato de alma intimíssimo dEle
com Ela.
E tem que ter sido um ato de amor muito intenso
o momento em que Nosso Senhor nasceu, em que Ela, com certeza, estava levada a
um grau de mística inexprimivelmente alto, ao mesmo tempo tomava contato com a
divindade de Nosso Senhor.
.
Esta cena do nascimento deve ter sido presidida
e analisada pelas três pessoas da Santíssima Trindade e por todos os anjos do
céu, com cânticos e com festas. Quer dizer, o Natal de Nosso Senhor deve
ter sido uma das maiores festas que houve no Céu, e das maiores glórias da
história da humanidade. E Nossa Senhora associada a isto com uma
intimidade e com um grau de união com Deus, que é realmente inimaginável!
Naturalmente isto foi para Nossa Senhora algo
de muita importância. Ela ainda não tinha visto a face sagrada de Nosso Senhor,
não tinha visto o corpo de Nosso Senhor. Não tinha visto na realidade física,
símbolo da realidade espiritual, os traços da face. Sobretudo em Nosso Senhor,
que era perfeitíssimo e em quem não havia nenhuma forma de fraude, de engano, de
insuficiência ou de coisa não acertada.
Se nos homens, de um modo geral, embora
confuso, a face traz uma expressão da alma, pode-se imaginar a face Sacratíssima
de Nosso Senhor, e todo o corpo de Nosso Senhor, como traziam a expressão da
alma dEle!
Então Nossa Senhora adquiriu novo título de
conhecimento de Nosso Senhor, que era exatamente Nosso Senhor conhecido em Sua
face, em Seu olhar, em cada membro de seu corpo, já indicativo de toda a sua
mentalidade, de toda a sua alma.
E aí então um título novo para união e para o
amor, certamente um incentivo para as adorações inefáveis que Nossa Senhora
apresentou a Nosso Senhor na noite de Natal.
Considere-se que não só cada traço do rosto é a
expressão de uma mentalidade, mas que sobretudo o olhar é a expressão de uma
mentalidade.
E isso, a seu modo, várias outras partes do
corpo exprimem: o pescoço, os ombros, as mãos, os pés, várias partes destas são
indicativas de uma mentalidade, sobretudo tudo visto num conjunto.
Podemos então imaginar Nossa Senhora
contemplando esta expressão manifestativa da realidade psicológica e
sobrenatural de Nosso Senhor e adorando-a profundamente.
Tudo aquilo que admiramos em Nosso Senhor
adulto – a elevação, a transcendência, a bondade, todo aquele equilíbrio,
distinção, afabilidade e força – tudo isto já se expressava na face e no corpo
do Menino Jesus.
E é de tudo isto que o Natal é uma primeira
manifestação e para tudo isto convergiu a adoração de Nossa Senhora, bem como a
adoração de São José, que participava deste ato de adoração como esposo dEla e
como pai do Menino Jesus.
Da parte de São José pode-se imaginar a
ternura, o respeito, o entusiasmo, a adoração, a veneração vendo aquele Menino
que ele sabia que era filho do Espírito Santo e de Nossa Senhora, mas legalmente
filho dele e que em parte na pessoa dele se tornava filho de David e cumpria as
profecias.
São José olhava para aquele Menino e certamente
pensava que, afinal de contas, aquele Menino era o Deus dele e o Deus de todos
os homens; e ao mesmo tempo era filho dele, era o filho da esposa dele. O que
aquilo deveria representar, considerando a santidade de Nosso Senhor que
resplendia de todo presépio, mas sobretudo de toda a pessoa dEle?
Há uma porção de santinhos que
apresentam a noite de Natal, a cena de Natal com o berço do menino Jesus cheio
de luz. A luz não estava na palha. A luz estava no Menino, sobretudo na
fisionomia do Menino, na face sacratíssima do Menino.
Isto que pode constituir uma consideração
interessante sobre o Natal. Quem quiser pode ir se exercitando os pensamentos
durante estes dias. E pedir a Nossa Senhora e a São José que nos façam entender
bem e que nos dêem alento para um Natal verdadeiramente recolhido e
piedoso.
pemiliocarlos
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