segunda-feira, 5 de novembro de 2012

JARDIM EM MEIO AO DESERTO.





'A gente não faz amigos, reconhece-os'

 
Quando partimos da perspectiva do relacionamento entre as pessoas, muitas vezes, esbarramos nas limitações e diferenças que nos marcam. Em contrapartida, mesmo com essas dificuldades, continuamos buscando um outro “eu” que nos ensine a viver bem a vida, e como a música, suavizar a nossa existência.
A música, a poesia, a arte têm a capacidade de nos levar a um lugar que, muitas vezes, sozinhos, não conseguimos chegar: à reflexão, muito bonita, de quem somos e a qualidade daquilo que fazemos. E amizade transcende tudo isso, pois nos leva ao jardim secreto, para além dessa reflexão. O amigo nos toma pela mão, supera as diferenças, acolhe os nossos limites e ensina-nos a enxergar aquilo que temos de mais bonito: o nosso Jardim Secreto.
Para ser bem sincero, as marcas que a própria vida faz em nós, muitas vezes, levam-nos a enxergar o nosso coração como um grande deserto, lugar sem vida. Esse deserto a que me refiro, não é no sentido bíblico (lugar do encontro com Deus), mas sim, um lugar de morte, de solidão, onde parece que não vale a pena continuar. Mas o dom da amizade, um dos maiores que Deus nos deu, leva-nos a encontrar no nosso coração o nosso Jardim Secreto. 

Um grande amigo traz consigo os “óculos de Deus”, enxergando-nos à maneira do próprio Senhor. Claro, ele nos vê na nossa realidade profana, em nossos limites; mas, ao mesmo tempo, enxerga-nos (acolhe-nos) na nossa dimensão sagrada. Vê em nós o belo, que nem nós mesmos enxergamos, acredita quando não acreditamos, não somente se compadece de nossas dores, como também nos ajuda e nos ama quando não sabemos agir nem reagir.
Como diz Vinícius de Moraes: “A gente não faz amigos, reconhece-os”. E esse reconhecimento acontece à medida que, na nossa vida, vemos nascer o fruto da esperança, da felicidade, o qual, é claro, não está livre das podas e do sofrimento. Mas até nisso nós percebemos o sinal da vida, pois para que a árvore cresça saudável, as podas são necessárias. Sem sofrimento não existe maturidade! À medida que você vê, sente e percebe que está nascendo ou que está encontrando esse Jardim Fechado, que é o seu coração naquilo que ele tem de mais bonito, tenha certeza de que Deus se encontrou com você, utilizando-se de um dos seus mais queridos instrumentos: UM AMIGO!
Reconheça esse Jardim Secreto em você, reconheça esse instrumento de Deus e com tudo isso aceite o amor que o próprio Cristo tem por você. Amor que não fica somente na cruz, mas que passa pelo coração de um grande amigo! 








Luis Filipe Rigaud - Canção Nova Portugal

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