segunda-feira, 9 de maio de 2011

TOTUS TUUS.

“Quem quiser salvar a sua vida, perder-la-á, mas quem perder a sua vida por minha causa, salvar-la-á (Lc 9, 24)". À essas palavras de Jesus juntamos nossa ação de graças pela vida do servo de Deus, João Paulo II. Configurado e totalmente abandonado à promessa do Senhor, tendo seu coração sereno, deixou esta vida a seis anos.

O dia da sua Páscoa está gravado na memória da Igreja como um acontecimento inesquecível. Era o dia 2 de abril de 2005, às 21h37m, hora da Itália (16h37m no Brasil) quando João Paulo II faleceu. A providência divina reservou-lhe o sábado, o grande dia da esperança, o dia de Nossa Senhora, para que seu filho então adentrasse na morada definitiva, no céu, a felicidade plena para a qual convidou ele todos os homens que encontrou ao longo do seu Pontificado.

Podemos dizer ainda que foi a Virgem Maria quem o preparou para o encontro com o Pai. À Ela ele se confiou e se consagrou, dedicando-lhe uma devoção especial e filial e vivendo na certeza de ser "Totus tuus" (Todo teu).
Nossa ação de graças pelos três anos da Páscoa de João Paulo II é um sinal concreto do nosso amor e da nossa gratidão para com a Igreja. Através do dom da Comunhão dos Santos, os vínculos da nossa fé e do amor são renovados. Não se trata de uma "vaga memória", mas de uma comunhão de amor, de um "fazer memória" como certeza de que, pelo nosso batismo e pelo amor, estamos unidos, inclusive, para além da morte.
Quem não se lembra do que transcorreu naqueles dias de Páscoa: o sofrimento de João Paulo II, a sua última e comovente aparição pública aos fiéis da janela dos seus aposentos, sua dor e seus esforços para abençoar os milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro, as vigílias de oração, a intercessão de todo o mundo católico e não católico pelo servo de Deus e, a notícia que provocou um silêncio e lágrimas em muitos corações: Faleceu João Paulo II!

Tão logo a notícia se espalhou, a comoção tomou parte das pessoas, dos fiéis e até daqueles que não o amavam, mas reconheciam nele um grande homem de Deus, dom para a humanidade, sinal do amor de Deus e filho fiel da Igreja. Da boca de muitos críticos até se pôde ouvir: "Talvez ele tenha sido o maior profeta dos nossos tempos, um homem que teve sua vida ofertada por causa de Deus e da humanidade”.

Mesmo em meio a dor da perda e da saudade, Deus nos consolava com a gratidão de ter João Paulo II cumprido a sua missão, por isso morreu em paz e deixou uma lição ao homem de hoje, ensinando-o a viver e a morrer com dignidade e com esperança na Ressurreição. São suas essas comoventes palavras de abandono em Deus: "Sinto uma grande paz quando penso no momento em que o Senhor me chamar: de vida em vida! Por isso, tenho freqüentemente nos lábios, sem qualquer sentimento de tristeza, uma oração que o sacerdote recita após a Celebração Eucaristica: In hora mortis meae voca me, et iube me venire ad te – "Na hora da minha morte, chamai-me. E mandai-me ir para Vós" (Carta aos Idosos, outubro de 1999).


Naqueles dias precedentes à morte de João Paulo II vimos Roma, o coração da Igreja e do mundo, ser tomada por milhares de fiéis, provenientes de todas as partes do planeta, na maioria jovens. Todos queriam, pela última vez, estar com ele porque estava morto para este mundo, mas não para Deus nem para o coração dos que foram acolhidos e amados por ele. Quem não se lembra da Santa Missa de corpo presente presidida pelo Cardeal Joseph Ratzinger, reunido em torno do altar do Senhor com o povo e com as centenas de autoridades dos diversos segmentos da sociedade mundial? Era o reconhecimento de que não é a força humana que redime o homem, mas é o poder do amor, do Evangelho, da misericórdia e da doação de si em nome da Verdade: Jesus Cristo!


Quando chegou até nós o que se passara nos instantes finais da vida de João Paulo II dentro dos seus aposentos, ficamos impressionados com a força da graça na vida deste servo de Deus. A Igreja testemunhou que ele disse ao seu secretário, Dom Stanislaw Dzwisz: "Sou feliz, sejam vocês também felizes. Não quero lágrimas. Rezemos juntos com satisfação. Confio tudo a Nossa Senhora, com alegria". E ainda completou, referindo-se à multidão que rezava por ele na Praça de São Pedro, especialmente aos jovens: "Eu fui ao encontro deles, e agora eles vêm ao meu". Pronunciou o "Amém" como sua última palavra e partiu!

Somos felizes porque sua vida deixou toda humanidade mais perto de Deus. Ensinou-nos com sua sabedoria sublime e com o seu testemunho de vida o caminho para Deus, nossa única felicidade.





por Antonio Marcos
Revista Shalom Maná - Ed. Shalom

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