domingo, 20 de agosto de 2023

Solenidade - Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria.

 Maria nos visita trazendo Cristo

Grande sinal apareceu no céu: uma mulher que tem o sol por manto, a lua sob os pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça (Ap 12,1).

Com Maria cantemos as maravilhas que Deus continua a realizar em favor do seu povo. Assunta ao céu, ela atingiu a plenitude da salvação e nos espera a todos, à direita do Filho, fazendo-se nossa intercessora. Celebremos esta solenidade unidos aos vocacionados à vida consagrada: mulheres e homens que dão seu sim ao projeto de Jesus.

Primeira Leitura: Apocalipse 11,19; 12,1.3-6.10

Leitura do livro do Apocalipse de São João19Abriu-se o templo de Deus que está no céu e apareceu no templo a arca da Aliança. 12,1Então apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas. 3Então apareceu outro sinal no céu: um grande dragão, cor de fogo. Tinha sete cabeças e dez chifres e, sobre as cabeças, sete coroas. 4Com a cauda, varria a terça parte das estrelas do céu, atirando-as sobre a terra. O dragão parou diante da mulher, que estava para dar à luz, pronto para devorar o seu Filho, logo que nascesse. 5E ela deu à luz um filho homem, que veio para governar todas as nações com cetro de ferro. Mas o Filho foi levado para junto de Deus e do seu trono. 6A mulher fugiu para o deserto, onde Deus lhe tinha preparado um lugar. 10Ouvi então uma voz forte no céu, proclamando: “Agora, realizou-se a salvação, a força e a realeza do nosso Deus e o poder do seu Cristo”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 44(45)

À vossa direita se encontra a rainha / com veste esplendente de ouro de Ofir.

1. As filhas de reis vêm ao vosso encontro, † e à vossa direita se encontra a rainha / com veste esplendente de ouro de Ofir. – R.

2. Escutai, minha filha, olhai, ouvi isto: / “Esquecei vosso povo e a casa paterna! / Que o rei se encante com vossa beleza! / Prestai-lhe homenagem: é vosso Senhor! – R.

3. Entre cantos de festa e com grande alegria, / ingressam, então, no palácio real”. – R.

Segunda Leitura: 1 Coríntios 15,20-27

Leitura da primeira carta de São Paulo aos Coríntios – Irmãos, 20Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram. 21Com efeito, por um homem veio a morte e é também por um homem que vem a ressurreição dos mortos. 22Como em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos reviverão. 23Porém cada qual segundo uma ordem determinada: em primeiro lugar, Cristo, como primícias; depois, os que pertencem a Cristo, por ocasião da sua vinda. 24A seguir, será o fim, quando ele entregar a realeza a Deus Pai, depois de destruir todo principado e todo poder e força. 25Pois é preciso que ele reine até que todos os seus inimigos estejam debaixo de seus pés. 26O último inimigo a ser destruído é a morte. 27Com efeito, “Deus pôs tudo debaixo de seus pés”. – Palavra do Senhor.

Evangelho: Lucas 1,39-56

Aleluia, aleluia, aleluia.

Maria é elevada ao céu, / alegram-se os coros dos anjos. – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naqueles dias, 39Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia. 40Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel. 41Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. 42Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! 43Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar? 44Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre. 45Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”. 46Então Maria disse: “A minha alma engrandece o Senhor, 47e o meu espírito se alegra em Deus, meu salvador, 48porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada, 49porque o Todo-poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo, 50e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o respeitam. 51Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração. 52Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes. 53Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias. 54Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia, 55conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência, para sempre”. 56Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa. – Palavra da salvação.

Reflexão
Celebramos, neste domingo, a grande Solenidade da Assunção da Virgem Maria, cujo dogma foi proclamado por Pio XII, em 1950. “A imaculada Mãe de Deus”, diz a Bula Munificentissimus Deus, “terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”. Essa glória, de que goza agora nossa Mãe Bendita, é um privilégio maior do que o de todos os demais anjos e santos juntos, de modo que a felicidade de cada um deles, no Céu, consiste também em ver a felicidade eterna de Maria, que está singularmente unida a Nosso Senhor Jesus Cristo.

No Evangelho de hoje, a “humilde escrava do Senhor” canta jubilosamente as maravilhas que Deus ainda realizaria em seu coração, como uma profecia da sua Assunção gloriosa. A alegria que Nossa Senhora experimentou desde a Anunciação do Anjo foi consumada com a sua coroação na glória celestial. Por isso, a solenidade de hoje deveria ser celebrada com demasiado enlevo por todos os fiéis católicos. Porque, afinal de contas, qual filho não se alegraria com a felicidade de sua mãe?

2. Devemos, portanto, compreender o que é a felicidade, em primeiro lugar, para podermos meditar sobre o que se passou verdadeiramente no coração de nossa Mãe, no Céu. A felicidade, em sentido estrito, é a realização plena do propósito para o qual determinado ser existe. A finalidade dos olhos, por exemplo, é a visão, assim como a finalidade das narinas é a respiração. A alma humana, consequentemente, possui também uma finalidade última e é na realização dessa finalidade que podemos ser realmente felizes.

Infelizmente, é verdade, as pessoas de hoje acreditam que podem se satisfazer totalmente, tendo a liberdade para escolher apenas o que mais lhes apetece. Desse modo, elas se comportam como crianças que querem comer só bobagens, e não as refeições nutritivas para o desenvolvimento de seu organismo. Aqui, porém, é preciso recordar uma frase muito propícia de Santo Agostinho: “Fizestes-nos para Vós e o nosso coração está inquieto enquanto não descansar em Vós” (Confissões, I, 1, 1). Não, homem nenhum pode encontrar a felicidade perfeitíssima fora de sua vocação para Deus. E a própria história da humanidade dá testemunho disso, sobretudo nos momentos em que ela mais se mostrou incrédula e irreverente ao Sagrado: todos aqueles que quiseram criar um paraíso sem Deus, neste mundo, só conseguiram produzir o inferno.

Além disso, a felicidade que já teríamos aqui na terra foi corrompida pelo pecado original. No “jardim das delícias de Deus”, nossos primeiros pais se deixaram seduzir pela palavra do inimigo, pelo que acabaram expulsos daquele paraíso terreno. Agora, carregamos os fardos das doenças, das contradições, das violências, enfim, de todo tipo de dor e sofrimento. Por isso, as tentativas de se criar um “mundo ideal” são bastante utópicas e só podem terminar em fracassos e contendas, com um acusando o outro pela própria miséria. Grosso modo, somos como galinhas num granjeiro, tendo de pôr ovos e bicando-nos mutuamente.

3. A boa notícia, por outro lado, é que o Deus felicíssimo quis nos tornar participantes da sua eterna felicidade no Céu. E para recebê-la, consequentemente, nós devemos imitar o exemplo de Nossa Senhora. Antes de tudo, a Virgem Santíssima recebeu a Boa-nova com um ato de fé no anúncio do mensageiro de Deus. Depois, feliz com a notícia, seguiu apressadamente para a casa de sua prima Isabel, a fim de ajudá-la em sua gravidez. E Santa Isabel a recebeu com estas palavras, cheias do Espírito Santo: “Bem-aventurada és tu que creste, pois se há de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas” (Lc 1, 45).

Deus trouxe a felicidade à Virgem Maria e quer compartilhá-la conosco também. Mas sem fé não é possível recebê-la, porque, como diz a Carta aos Hebreus, “a fé é fundamento daquilo que ainda se espera e prova de realidades que não se veem” (11, 1). Nossa Senhora, por sua vez, alcançou a perfeita bem-aventurança na eternidade e, hoje, pode cantar o Cântico dos Cânticos: “Eu sou do meu amado e meu amado é meu” (6, 3). Do mesmo modo, nós precisamos crer na posse dessa felicidade eterna, o prêmio dos eleitos, “os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam” e que “os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou” (1Cor 2, 9).

Peçamos, pois, à Virgem que nos ensine a crer com a mesma fé dos bem-aventurados.

Oração.Mãe bendita, bem-aventurada Virgem Maria, vós que neste dia alcançastes a suma felicidade em corpo e alma no Céu, olhai compassiva para estes vossos filhos que peregrinam aqui na terra, e dai-nos viver com uma fé sempre crescente, uma esperança certa e um amor abrasado, para que, convosco, possamos um dia contemplar definitivamente a face daquele que quer entregar-se definitivamente a nós. Amém.

 
https://padrepauloricardo.org

Nenhum comentário: