terça-feira, 8 de agosto de 2023

São Domingos, presbítero - Santidade, uma obra da graça.

 Jesus Anda Sobre As Águas - Thaisa Fernandes

Estes são os santos que receberam a bênção do Senhor e a misericórdia de Deus, seu salvador. É a geração dos que buscam a Deus (Sl 23,5s).

Domingos nasceu na Espanha em 1170 e faleceu na Itália em 1221. Ordenado presbítero, dedicou-se aos estudos de filosofia e teologia e às práticas de piedade. Estudioso da Bíblia e grande pregador, fundou a Ordem dos Pregadores, os Dominicanos, com a finalidade de anunciar a Boa-nova ao mundo. Foi entusiasta da oração popular do rosário. A seu exemplo, proponhamo-nos anunciar, com coragem e dignidade, o Evangelho da salvação.

Primeira Leitura: Números 12,1-13

Leitura do livro dos Números – Naqueles dias, 1Maria e Aarão criticaram Moisés por causa de sua mulher etíope. 2E disseram: “Acaso o Senhor falou só através de Moisés? Não falou, também, por meio de nós?” E o Senhor ouviu isso. 3Moisés era um homem muito humilde, mais do que qualquer outro sobre a terra. 4Então o Senhor disse a Moisés, Aarão e Maria: “Ide todos os três à tenda da reunião”. E eles foram. 5O Senhor desceu na coluna de nuvem, parou à entrada da tenda e chamou Aarão e Maria. Quando se aproximaram, ele lhes disse: 6“Escutai minhas palavras! Se houver entre vós um profeta do Senhor, eu me revelarei a ele em visões e falarei com ele em sonhos. 7O mesmo, porém, não acontece com o meu servo Moisés, que é o mais fiel em toda a minha casa! 8Porque a ele eu falo face a face; é às claras, e não por figuras, que ele vê o Senhor! Como, pois, vos atreveis a rebaixar o meu servo Moisés?” 9E, indignado contra eles, o Senhor retirou-se. 10A nuvem que estava sobre a tenda afastou-se e, no mesmo instante, Maria se achou coberta de lepra, branca como a neve. Quando Aarão olhou para ela e a viu toda coberta de lepra, 11disse a Moisés: “Rogo-te, meu Senhor! Não nos faças pagar pelo pecado que tivemos a insensatez de cometer. 12Que Maria não fique como morta, como um aborto que é lançado fora do ventre de sua mãe, já com metade da carne consumida pela lepra”. 13Então Moisés clamou ao Senhor, dizendo: “Ó Deus, eu te suplico, dá-lhe a cura!” – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 50(51)

Misericórdia, ó Senhor, porque pecamos!

1. Tende piedade, ó meu Deus, misericórdia! / Na imensidão de vosso amor, purificai-me! / Lavai-me todo inteiro do pecado / e apagai completamente a minha culpa! – R.

2. Eu reconheço toda a minha iniquidade, / o meu pecado está sempre à minha frente. / Foi contra vós, só contra vós, que eu pequei, / e pratiquei o que é mau aos vossos olhos! – R.

3. Mostrais assim quanto sois justo na sentença / e quanto é reto o julgamento que fazeis. / Vede, Senhor, que eu nasci na iniquidade / e pecador já minha mãe me concebeu. – R.

4. Criai em mim um coração que seja puro, / dai-me de novo um espírito decidido. / Ó Senhor, não me afasteis de vossa face / nem retireis de mim o vosso Santo Espírito! – R.

Evangelho: Mateus 14,22-36

Aleluia, aleluia, aleluia.

Mestre, tu és o Filho de Deus, / és rei de Israel! (Jo 1,49) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Depois que a multidão comera até saciar-se, 22Jesus mandou que os discípulos entrassem na barca e seguissem, à sua frente, para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões. 23Depois de despedi-las, Jesus subiu ao monte para orar a sós. A noite chegou, e Jesus continuava ali, sozinho. 24A barca, porém, já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. 25Pelas três horas da manhã, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. 26Quando os discípulos o avistaram andando sobre o mar, ficaram apavorados e disseram: “É um fantasma”. E gritaram de medo. 27Jesus, porém, logo lhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” 28Então Pedro lhe disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água”. 29E Jesus respondeu: “Vem!” Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. 30Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” 31Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?” 32Assim que subiram na barca, o vento se acalmou. 33Os que estavam na barca prostraram-se diante dele, dizendo: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!” 34Após a travessia, desembarcaram em Genesaré. 35Os habitantes daquele lugar reconheceram Jesus e espalharam a notícia por toda a região. Então levaram a ele todos os doentes; 36e pediam que pudessem, ao menos, tocar a barra de sua veste. E todos os que a tocaram ficaram curados. – Palavra da salvação.

Reflexão

 Assistimos no Evangelho de hoje a S. Pedro, rocha firme da Igreja, afundar nas águas do mar de Tiberíades. O evangelista que nos narra essa cena algo “patética”, na qual se põe em evidência a ousadia nem sempre inteligente de Simão, é o mesmo que, dois capítulos à frente, recordará aquelas palavras elogiosas com que Jesus irá conferir a este filho de Jonas o primado de governo na Igreja então nascente: “E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16, 18). Aqui, o Senhor louva a fé de Pedro, em quem a graça do Pai celeste, e não carne ou sangue (cf. Mt 16, 17), pôde realizar aquela confissão, à qual o Coração de Nosso Senhor jamais ficaria indiferente: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo!” (Mt 16, 16). De um lado, portanto, vemos Jesus fundar a Igreja sobre Pedro, como sobre uma rocha firme e inamovível; de outro, vemos o mesmo Pedro naufragar vergonhosamente, por ser um “homem fraco na fé” (Mt 14, 31). Como entender, afinal, essa aparente discordância entre dois episódios tão próximos dentro da narrativa de S. Mateus? Pedro é ou não é firme na fé, a ponto de poder ser fundamento da Igreja de Cristo? Não, se o abandonamos às suas forças e ímpetos humanos; sim, quando o vemos abandonar-se à ação da graça divina. Porque a santidade de Pedro, assim como a dos outros santos, não é obra dos homens, mas de Deus. A graça, é verdade, não destrói a natureza; aperfeiçoa-a, tomando como substrato as virtudes naturais que com tempo e esforço todos podemos adquirir. Mas o heroísmo dos santos só é possível pela intervenção direta de Deus, que estende sua mão benfazeja aos que, apoiados em si mesmos, afundam no mar das próprias misérias e fraquezas, medos e desconfianças. Deus quer, pois, salvar-nos de nós mesmos; quer que o deixemos fazer de nós os santos, com a nossa cooperação e apesar do nosso nada, que Ele tanto deseja formar. Que os fracassos de Pedro, elevado por Cristo a tão alta dignidade, nos recordem as baixezas de que somos capazes sem o auxílio da graça: “Sem mim nada podeis fazer” (Jo 15, 5).

 

https://padrepauloricardo.org

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