Diante dos reis falo da vossa aliança, sem temer a vergonha. Encontro alegria em vossos preceitos, porque muito os amo (Sl 118,46s).
João, mais conhecido como o Batista, morreu mártir por sua coerência com a mensagem que pregava. A celebração desta memória tem origens antigas: século 5º, na França; século 6º, em Roma. Deixemo-nos impulsionar pelo exemplo desse santo profeta, que “tombou na luta pela justiça e pela verdade”.
Leitura do livro do profeta Jeremias – Naqueles dias, a palavra do Senhor foi-me dirigida: 17“Vamos, põe a roupa e o cinto, levanta-te e comunica-lhes tudo que eu te mandar dizer: não tenhas medo, senão eu te farei tremer na presença deles. 18Com efeito, eu te transformarei hoje numa cidade fortificada, numa coluna de ferro, num muro de bronze, contra todo o mundo, frente aos reis de Judá e seus príncipes, aos sacerdotes e ao povo da terra; 19eles farão guerra contra ti, mas não prevalecerão, porque eu estou contigo para defender-te”, diz o Senhor. – Palavra do Senhor.
Minha boca anunciará vossa justiça.
1. Eu procuro meu refúgio em vós, Senhor: / que eu não seja envergonhado para sempre! / Porque sois justo, defendei-me e libertai-me! / Escutai a minha voz, vinde salvar-me! – R.
2. Sede uma rocha protetora para mim, / um abrigo bem seguro que me salve! / Porque sois a minha força e meu amparo, † o meu refúgio, proteção e segurança! / Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio. – R.
3. Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança, / em vós confio desde a minha juventude! / Sois meu apoio desde antes que eu nascesse, / desde o seio maternal, o meu amparo. – R.
4. Minha boca anunciará todos os dias / vossa justiça e vossas graças incontáveis. / Vós me ensinastes desde a minha juventude, / e até hoje canto as vossas maravilhas. – R.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Felizes os que são perseguidos por causa da justiça do Senhor, / porque o Reino dos Céus há de ser deles! (Mt 5,10) – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – Naquele tempo, 17Herodes tinha mandado prender João e colocá-lo acorrentado na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, mulher do seu irmão Filipe, com quem se tinha casado. 18João dizia a Herodes: “Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão”. 19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, mas não podia. 20Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava. 21Finalmente, chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes, e ele fez um grande banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galileia. 22A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: “Pede-me o que quiseres e eu to darei”. 23E lhe jurou, dizendo: “Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino”. 24Ela saiu e perguntou à mãe: “O que vou pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista”. 25E, voltando depressa para junto do rei, pediu: “Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista”. 26O rei ficou muito triste, mas não pôde recusar. Ele tinha feito o juramento diante dos convidados. 27Imediatamente, o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, degolou-o na prisão, 28trouxe a cabeça num prato e a deu à moça. Ela a entregou à sua mãe. 29Ao saberem disso, os discípulos de João foram lá, levaram o cadáver e o sepultaram. – Palavra da salvação.
Ao celebrar hoje a memória de São João Batista, a Igreja faz-nos recordar não só o testemunho de fé e retidão que, do início ao fim da vida, deu o Precursor do Senhor, mas também a tragédia em que o pecado mergulhou o coração de Herodes. O evangelista São Marcos faz questão de registrar que o rei "respeitava João, sabendo que era um homem justo e santo; protegia-o e, quando o ouvia, sentia-se embaraçado. Mas, mesmo assim, de boa mente o ouvia". Duas coisas, portanto, se passavam no espírito de Herodes ao escutar a pregação do Batista: por um lado, agradava-se de suas palavras, enérgicas e inspiradoras; por outro, ficava embaraçado, indeciso, receoso de, cedendo à voz que clama no deserto (cf. Mc 1, 3), converter-se como todo pecador. Ele se encantava, pois, com a verdade que reconhecia nas palavras de João, mas não encontrava forças para pagar o preço de viver conforme essa verdade. Sentia-se atraído por aquele caminho novo que o Batista vinha aplainando, mas não estava disposto a largar a vida velha a que desde cedo se acomodara.
É só um juramento vão, feito a uns tantos comensais, que o faz decidir-se, enfim, por agradar antes aos homens do que a Deus: "O rei entristeceu-se", porque não queria dar cabo de João; "todavia, por causa da sua promessa e dos convivas", ou seja, por mero respeito humano, "não quis recusar". A ele se aplicam, pois, aquelas palavras que Jesus dirigiria noutra ocasião aos fariseus: "Como podeis crer, vós que que recebeis a glória uns dos outros, e não buscais a glória que é só de Deus?" (Jo 5, 44). Porque é apenas seguindo a amabilíssima vontade de Deus, e não os tolos caprichos de uma Salomé ou de uma Herodíades, que chegaremos um dia ao Reino dos Céus. Que o deplorável exemplo de Herodes mova-nos a pedir a Cristo a graça de, uma vez tocados pela verdade, termos a coragem de a viver sincera e integralmente, por mais amarga e exigente que ela seja. — São João Batista, intercedei por nós junto ao Cordeiro em testemunho do qual entregastes a vida!
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