domingo, 13 de dezembro de 2020

Santa Luzia.

 Santa Luzia, cuja memória litúrgica a Igreja celebra em 13 de dezembro, foi virgem e mártir, sofreu o martírio em Siracusa na Cicília nos fins do século III.

Seu sepulcro foi encontrado em 1894 com uma inscrição que não deixa dúvida de ser o seu túmulo, em Siracusa na Itália. A inscrição encontrada no sepulcro da Santa é do século V, cem anos depois dela ter derramado o sangue gloriosamente por Jesus Cristo.

Foi o grande Papa São Gregório Magno (590-604) quem colocou as inscrições em seu túmulo e introduziu a antiga memória litúrgica no cânon da Missa. Ele foi um dos Papas a descobrir e cuidar dos túmulos e da memória dos mártires romanos.

A devoção a Santa Luzia se difundiu rapidamente não só no Ocidente, mas também no Oriente por ser jovem e mártir. Dante Alighieri, na Divina Comédia, atribuiu a santa Lúcia ou Luzia, a função de graça iluminadora. Em Roma há pelo menos vinte igrejas com o seu nome. São Tomás de Aquino fala dela duas vezes em sua Suma Teológica. Isto mostra a sua grandeza.

É considerada a protetora da vista por causa de seu nome; Luzia, vem de lux (= luz).

Santa Luzia, segundo as Atas pertencia a uma família rica de Siracusa. A mãe dela, Eutícia, ficou viúva e havia prometido a filha como esposa a um jovem rico, mas pagão. Luzia, que tinha feito voto de consagrar a sua virgindade a Cristo, obteve que as núpcias fossem adiadas, também porque a mãe foi atingida por uma grave doença. Devota de santa Águeda de Catânia, a mártir que tinha vivido meio século antes, Luzia quis levar a mãe enferma em visita a tumba da santa. Desta peregrinação a mulher voltou perfeitamente curada e por isso concordou com a filha dando-lhe licença para seguir a vida que havia escolhido; consentiu também que ela distribuísse aos pobres da cidade os bens do seu rico dote.

O noivo rejeitado vingou-se acusando Luzia de ser cristã e de não prestar o culto oficial ao pro cônsul Pascásio, prefeito da cidade. Levada diante do juiz, confessou destemidamente e negou-se a sacrificar aos deuses falsos do Império romano. Disse ter outro sacrifício que agradava ao único Deus verdadeiro. Era o da esmola para as viúvas, os órfãos e os pobres.

Ameaçada de ser exposta ao prostíbulo para que se contaminasse, Luzia deu ao pro cônsul uma sábia resposta: “O corpo se contamina se a alma consente.” O pro cônsul quis passar das ameaças aos fatos, mas o corpo de Luzia ficou tão pesado que dezenas de homens não conseguiram carregá-lo sequer um palmo, nem mesmo várias juntas de bois. As chamas de fogo também se mostraram impotentes para destruí-la. Até que por fim um golpe de espada pôs fim a uma longa série de sofrimentos, mas mesmo com a garganta cortada, a jovem continuou a exortar os fiéis a antepor os deveres para com Deus aqueles para com as criaturas, até que os companheiros na fé, que faziam um círculo em volta dela, selaram o seu comovente testemunho com a palavra Amém.

Santa Luzia é modelo de vida e de santidade para todas as jovens, consagradas a Deus ou não. Em primeiro lugar escolheu como Maria, “a melhor parte que não é tirada”. Amou a Deus e Jesus Cristo acima de si mesma, do noivo, do casamento e de uma família, e das honras dos homens; e soube chegar até à morte para realizar o seu ideal.

Mais do que nunca, hoje, em que a virgindade é tão menosprezada e o sexo tão “valorizado” e ao mesmo tempo banalizado; neste tempo em que as jovens e mulheres exibem seus corpos despudoradamente, esquecendo-se de que ele é templo do Espírito Santo, valha-nos Santa Luzia como modelo e intercessora.

Sua vida, e especialmente seu martírio, foram uma vivência da grande lição que Cristo ensinou: “é preciso perder a vida por amor a Ele para ganhá-la de fato”.

 

Prof. Felipe Aquino

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