Na
Santa Ceia, narrado nos quatro capítulos, de 14 a 17, pelo evangelista
São João, despedindo-se dos Apóstolos na véspera de sofrer a Sua
dolorosa Paixão, Jesus fez várias recomendações. Começou dizendo: “Eu
sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim”
(João 14,6). Ai está uma indicação segura de como presentear Jesus no
Seu Natal. Tomá-lo como único Caminho da nossa vida; a Verdade a nos
guiar em tudo o que fizermos, a Vida a viver em comunhão com Ele.
Depois Jesus disse algo marcante: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (João 14,15). “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é que me ama. E aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e manifestar-me-ei a ele” (João 14,21). “Se alguém me ama, guardará a minha palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada. Aquele que não me ama não guarda as minhas palavras. A palavra que tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou” (João 14,23).
Ele ainda repetiu: “Se guardardes os meus mandamentos, sereis constantes no meu amor, como também eu guardei os mandamentos de meu Pai e persisto no seu amor” (João 15,10). Ele já tinha dito no Sermão da Montanha que “Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no Reino dos céus, mas sim aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus” (Mt 7,21).
Na mesma noite Ele insistiu para que permaneçamos Nele para podermos ter condições de guardar os Seus mandamentos e fazer Sua vontade: “Permanecei em mim e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim” (João 15,5).
Então, não podemos dar um presente melhor para Jesus do que permanecer com Ele em nossa alma, em estado de graça. Deus habita em nosso coração quanto vivemos neste estado. Ai o Céu está presente em nós, e Deus é glorificado.
E Jesus resumiu para os discípulos a essência dos Seus mandamentos: “Este é o meu mandamento: amai-vos uns aos outros, como eu vos amo. Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos. Vós sois meus amigos, se fazeis o que vos mando” (João 15,12-14). “O que vos mando é que vos ameis uns aos outros” (João 15, 17). A caridade, o amor a Deus e ao próximo, que é o “vínculo da perfeição”, “a plenitude da Lei”, resume todos os Seus mandamentos.
Jesus é a referência do amor. Amar não é ter paixão por alguém, é dar a vida pela pessoa amada. São Paulo recomendou aos maridos que “amassem as suas esposas como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef 5,25). Foi até a Cruz por ela. Ele mostrou que amar não é um gesto sentimental e nem romântico, mas é uma decisão de renunciar a si mesmo pelo bem do próximo.
Jesus disse que se faz presente em cada um dos pequeninos. “Em verdade eu vos declaro: todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25,40). Ele se identifica com os doentes e presos que esperam uma visita, com os famintos que esperam o alimento, com os aflitos que esperam uma boa palavra, com os que choram e esperam a consolação. Quando São Paulo perseguia os cristãos, Ele se identificou com eles e disse a Paulo: “Saulo, por que tu Me persegues?”. Ele não perguntou a Paulo por que ele perseguia os cristãos.
Por fim, Jesus encerrou a Santa Ceia com a Sua “Oração sacerdotal” (João 17) em que recomendou ao Pai todos os seus seguidores, e pede ao Pai: “Para que todos sejam um, assim como Tu, Pai, estás em Mim e eu em Ti, para que também eles estejam em nós e o mundo creia que Tu me enviaste” (João 17, 21).
Este é certamente um pedido especial de Jesus a todos nós, que sejamos unidos para podermos dar testemunho ao mundo de que Ele é Deus e Senhor. Esta união de nossa parte pressupõe a unidade com os pastores, sobretudo com o Papa, e a “obediência da fé” à doutrina aprovada pelo Magistério da Igreja. Nada enfraquece mais a Igreja e retarda a implantação do Reino de Deus na terra do que a desunião dos cristãos, os cismas e as heresias.
Nada agrada mais a Jesus do que “guardar estes Seus mandamentos”. No Sermão da Montanha Ele os desdobrou; não apenas os Dez Mandamentos da Lei de Deus, mas tudo o que o seu discípulo deve viver. São três longos capítulos do Evangelho de São Mateus (5,6 e 7), que os teólogos chamam de “Constituição do Reino de Deus”, Carta Magna dos seus seguidores. Ali Ele explicou a Sua doutrina nova. E terminou dizendo: “Aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática é semelhante a um homem prudente, que edificou sua casa sobre a rocha. Caiu a chuva, vieram as enchentes, sopraram os ventos e investiram contra aquela casa; ela, porém, não caiu, porque estava edificada na rocha” (Mateus 7,24-25). Quando Ele terminou o Sermão, a multidão estava feliz; diz o evangelista São Mateus que: “Quando Jesus terminou o discurso, a multidão ficou impressionada com a sua doutrina. Com efeito, ele a ensinava como quem tinha autoridade e não como os seus escribas” (Mt 7,28-29).
O melhor presente a ser dado a Jesus é ouvir a Sua voz de bom Pastor e o seguir como uma ovelha dócil.
Prof. Felipe Aquino
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