sexta-feira, 16 de outubro de 2020

O amor convive com a imperfeição!

 Diz-se que o amor «tudo desculpa». 


Isto pode significar «guardar silêncio» a propósito do mal que possa haver noutra pessoa. 
Implica limitar o juízo, conter a inclinação para se emitir uma condenação dura e implacável: «Não condeneis e não sereis condenados» (Lc 6,37). 

A Palavra de Deus mostra-se tão dura com a língua, dizendo que «é um mundo de iniquidade [que] contamina todo o corpo» (Tg 3,6), «um mal incontrolável, carregado de veneno mortal» (Tg 3,8). 
Se «com ela amaldiçoamos os homens, feitos à semelhança de Deus» (Tg 3,9), o amor faz o contrário, defendendo a imagem dos outros e com uma delicadeza tal que leva mesmo a preservar a boa fama dos inimigos.

Os esposos, que se amam e se pertencem, falam bem um do outro, procuram mostrar mais o lado bom do cônjuge do que as suas fraquezas e erros. 
Em todo o caso, guardam silêncio para não danificar a sua imagem. 

Assim é possível aceitar, com simplicidade, que todos somos uma complexa combinação de luzes e sombras. 

O outro não é apenas aquilo que me incomoda; é muito mais do que isso. 
E, pela mesma razão, não lhe exijo que seja perfeito o seu amor para o apreciar: ama-me como é e como pode, com os seus limites, mas o fato de o seu amor ser imperfeito não significa que seja falso ou que não seja real. 

É real, mas limitado e terreno. Por isso, se eu lhe exigir demais, de alguma maneira mo fará saber, pois não poderá nem aceitará desempenhar o papel dum ser divino nem estar ao serviço de todas as minhas necessidades. 
 
 
Pe Emilio Carlos

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