Junho
é o mês dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, tempo forte de oração e
devoção. É um tempo favorável para aprofundarmos nossa espiritualidade e
aumentar o nosso amor por Jesus.
Leia atentamente este artigo e deixe-se envolver por esta meditação:
Fonte de toda a Consolação
Neste mês de junho, dedicado ao divino
Coração, convido-o, caro leitor, a tomar algumas dessas invocações,
procurando penetrar a mensagem de amor contida nelas.
“Eis o Coração que tanto amou os homens”
Numa
de suas aparições a Santa Margarida Maria, Nosso Senhor mostrava- se
transbordante de luz e com uma expressão repleta de bondade e
misericórdia. Apontando seu próprio Coração, Ele transmitiu-lhe esta
queixa afetuosa: “Eis o Coração que tanto amou os homens, que nada
poupou até Se esgotar e consumir para lhes testemunhar seu amor, e que,
como retribuição, da maior parte só recebe ingratidões”.
Como essa revelação deveria deixar- nos
consternados! É verdade que Ele nos ama acima de toda medida e que é
impossível a cada um de nós, simples criatura, retribuir com igual
intensidade. Entretanto, a questão é saber se nós O amamos tanto quanto
nos permite nossa capacidade de amar. Certamente, se nos entregássemos
por inteiro a seu amor, ajudados por sua graça, nosso coração palpitaria
em uníssono com o d’Ele, nós nos enterneceríamos com Ele,
sentiríamos como Ele e – por que não? – sofreríamos por Ele.
Esse deve ser o anelo da alma católica.
Façamos, pois, da leitura destas palavras algo mais que um puro exercício intelectual. Transformemo-la em um ato de amor.
“Coração de Jesus, fornalha ardente de Caridade”
Esta belíssima jaculatória não se
contenta de comparar esse amor – caritas, caridade – tão intenso com uma
fornalha, mas acentua ser uma fornalha ardente. Esplêndida imagem de
sua divina Paixão, não só pela humanidade em seu conjunto, mas também
por todos os seus filhos e filhas, individualmente considerados.
Assim relata Santa Margarida Maria como
lhe foi revelado esse amor: “Uma vez, estando exposto o Santíssimo
Sacramento, apareceu Jesus Cristo todo resplandecente de glória, com
suas cinco chagas brilhando como sóis, e sua sagrada humanidade lançando
labaredas de todos os lados, mas sobretudo de seu adorável peito, que
parecia uma fornalha.
Abrindo-o, Ele descobriu-me seu
amabilíssimo e amantíssimo Coração, que era a fonte viva das chamas.
Mostrou- me então as inexplicáveis maravilhas de seu puro amor e o
excesso a que tinha chegado no amor aos homens, dos quais só recebia
ingratidões e friezas”.
“Foi isso”, disse Ele a Santa Margarida,
“o que mais Me doeu de todos os sofrimentos que tive em minha Paixão,
ao passo que, se Me retribuíssem com algum amor, consideraria pouco tudo
o que fiz por eles. Se fosse possível, quereria ainda ter feito mais.
Mas os homens têm apenas frieza e recusa para com todas as
minhas solicitudes de lhes fazer bem. Dá-Me tu, pelo menos, esse prazer
de suprir-lhes as ingratidões, conforme tuas possibilidades”.
Oxalá esse apelo de Jesus encontre
excelente acolhida, não apenas na alma das pessoas especialmente devotas
do Sagrado Coração, mas também na de todos os católicos, despertando em
cada um o desejo de oferecer a nosso amoroso Redentor digna reparação
por tanta frieza. Que cada um, a exemplo de Simão Cireneu, ajude-O a
carregar a cruz dos esquecimentos e das ingratidões. Será esta a melhor
maneira de combater a tibieza que, às vezes, torna moroso nosso
progresso espiritual, ou, pior ainda, nos paralisa num estado de torpor e
de enfastiamento em relação às coisas de Deus.
Para avançarmos nesse luminoso caminho,
contamos com um auxílio certo e preciosíssimo: a devoção ao Imaculado
Coração de Maria, no qual Jesus é incomparavelmente mais amado do que em
qualquer outra criatura, humana ou angélica. “Foi vontade de Deus que,
na obra da redenção humana, a Santíssima Virgem Maria
estivesse inseparavelmente unida a Jesus Cristo” – escrevia o Papa Pio
XII. Por isso convém que cada cristão, “depois de prestar ao
Sagrado Coração o devido culto, renda também ao amantíssimo Coração de
sua Mãe celestial os correspondentes obséquios de piedade, de amor,
de agradecimento e de reparação” (Encíclica Haurietis acquas, n. 74).
Ajudados pela poderosa mediação dessa
terna Mãe, penetraremos com maior facilidade no mistério do divino amor,
que Ela portou em seu puríssimo seio e alimentou, ao qual contemplou de
perto com incêndios de adoração e enlevo.
“Coração de Jesus, paciente e misericordioso”
Este título traz-nos à mente uma
exclamação de Santa Margarida Maria: “Esse divino Coração é todo doçura,
humildade e paciência”.
“Paciente” (do latim, patiens, “aquele
que sofre”) é um qualificativo muito adequado ao Coração misericordioso
de Jesus, disposto a todos os sofrimentos pela nossa salvação.
Contemplamos aqui um Coração cujo afeto se mede pela sua disposição de
sofrer.
Não seria demasiado afirmar que o valor
de um homem, ou de uma mulher, é proporcional à sua capacidade de
superar, com ânimo e resignação, os insucessos e dificuldades que a
Providência permite em seu caminho – especialmente quando se vê alvo de
incompreensões da parte das pessoas que lhe são mais próximas.
Temos, então, ante nosso olhar o Divino Mestre como modelo de paciência.
Ser paciente significa, por exemplo,
saber suportar os defeitos do próximo, responder com amabilidade às suas
manifestações de mau gênio, e tantos outros atos de virtude do mesmo
tipo.
Se imitarmos, neste ponto, nosso
Salvador, faremos jus à sua amizade, conforme escreveu Santa Margarida
Maria: “Tereis de vos mostrar mansos, suportando com paciência as
grosserias, manias e amolações do próximo, sem vos deixar inquietar
pelas contrariedades que ocasionem. Pelo contrário, fazei de boa vontade
os serviços que puderdes, porque este é o modo de ganhar a amizade e a
graça do Sagrado Coração de Jesus”.
Exatamente assim procede Nosso Senhor
com cada um de nós. Se agirmos do mesmo modo para com os outros,
crescerá em nós a confiança em sua predisposição de nos perdoar sempre,
não só uma vez, mas todas as vezes que d’Ele nos aproximarmos
arrependidos.
Sim, precisamos nos convencer dessa
maravilhosa verdade: o Divino Redentor suportou meus pecados e por eles
sofreu; por minha salvação imolou-Se, derramando todo o seu
Preciosíssimo Sangue. Devo, pois, considerar minha maldade com grande
contrição, é verdade, mas ao mesmo tempo com inabalável confiança.
Não nos deixemos nunca desanimar!
“Coração de Jesus, propiciação pelos nossos pecados”
Esta é a jaculatória que então aflora em nossos lábios.
Propiciar (do latim, propitiare) é
tornar propício, tornar favorável por meio de um sacrifício, oferecer um
sacrifício expiatório. Isso é o que fez Jesus, oferecendo-Se ao Pai
como “expiação pelos nossos pecados” (1Jo 2,2).
E o Apóstolo do amor empenha-se em
acentuar: “Nisso se manifestou o amor de Deus para conosco: em nos ter
enviado ao mundo seu Filho único, para que vivamos por Ele (…) para
expiar nossos pecados” (1Jo 4, 9-10).
Nosso Papa Bento XVI também se refere de
modo ardoroso ao sacrifício do Salvador: “Em sua morte na Cruz
realiza-se esse voltar-Se de Deus contra Si mesmo, entregando-Se para
dar vida nova ao homem e salvá-lo: isso é o amor em sua forma mais
radical” (Deus caritas est, n. 12).
Já morto em “propiciação por nossos
pecados”, quis Jesus dar-nos uma demonstração do extremo limite aonde
chegou seu amor por nós: de seu divino Coração brutalmente transpassado
pela lança do soldado, manaram as últimas gotas de sangue, misturadas
com água.
Por aí podemos avaliar quanto é censurável nossa frieza em relação a Ele, sobretudo nossa falta de confiança!
“Coração de Jesus, fonte de toda consolação”
Tal doação generosa até o ponto de
dar-Se a Si mesmo perpassa nossas almas de alegria. Como não
experimentarmos grandíssimo consolo ao vernos objeto de tão dadivoso
amor? Na verdade, a palavra consolação encerra dois sentidos: por um
lado, significa fortalecimento, novo vigor, novo alento; por outro, uma
sensação de alegria, de suavidade, de unção do Divino Espírito Santo.
Em ambos os sentidos, o Sagrado Coração
de Jesus é fonte de toda consolação, pois enche de júbilo e satisfação
espiritual aqueles que se abrem para sua infinita bondade. Mas Ele é
também nossa fortaleza. Assim, quando nos sentirmos débeis ou cansados,
quando nos faltar coragem para praticar algum ato de virtude que o dever
de católicos nos impõe, lembremo-nos: não estamos sozinhos, Jesus
está a nosso lado! N’Ele encontraremos as forças necessárias para amar
a Deus e ao próximo, cumprindo fielmente os divinos preceitos de
sua Lei.
Sobretudo
nessas horas, precisamos lançar-nos nos braços do Divino Mestre… Ah! se
soubéssemos como Ele suspira por nos ajudar! Eis como Ele revela a
Santa Margarida Maria essa sua predisposição: “Meu divino Coração está
tão abrasado de amor para com os homens, e em particular para contigo,
que, não podendo conter em Si as chamas de sua ardente caridade, precisa
derramá-las por teu meio, e manifestar-Se a eles para os enriquecer com
os preciosos dons que te mostro, os quais contêm as graças
santificantes e salutares necessárias para os afastar do abismo da
perdição”.
Querido leitor, esperamos que esta curta
meditação tenha servido para fazê-lo sentir-se mais próximo do Coração
de Jesus, e mais confiante na sua bondade sem limites. E que também lhe
seja de algum proveito quando tiver a graça de se aproximar do altar
para receber o divino Alimento.
Lembre-se, então, de que recebemos na
alma, realmente presente, esse Coração no qual adoramos todas as
perfeições expressas tão belamente em sua ladainha.
Padre Carlos Werner Benjumea, EP.
Fonte: http://www.gaudiumpress.org/content/37870-Fonte-de-toda-a-Consolacao
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