Toda
a nossa alegria e esperança estão na Ressurreição do Senhor; por isso a
Páscoa é a maior festa do calendário litúrgico. A ressurreição do
Senhor é a garantia da nossa ressurreição para a vida eterna em Deus,
quando então, como nos assegura São Paulo, “Deus será tudo em todos” (1
Cor 15,28).
Cristo passou pela morte para destruir a
nossa morte e ressuscitou para nos dar uma nova vida, pois: “Todo
aquele que está em Cristo, é uma nova criatura. Passou o que era velho;
eis que tudo se fez novo!” (2 Cor 5,17).
Pelo batismo, o Senhor aplica a cada um
de nós a salvação que Ele nos conquistou. Por isso, esse é o primeiro
sacramento a ser ministrado a cada fiel. Ensinou-nos o apóstolo: “Ou
ignorais que todos os que fomos batizados em Jesus Cristo, fomos
batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com ele na sua morte
pelo batismo, para que como Cristo ressurgiu dos mortos pela glória do
pai, assim nós também vivamos uma vida nova” (Rm 6,3-4).
São Paulo deixou muito clara essa
verdade essencial da nossa fé, ao repetir aos colossenses: “Sepultados
com Ele no batismo, com Ele também ressuscitastes por vossa fé no poder
de Deus, que o ressuscitou dos mortos” (Cl 2,12).
No batismo nosso homem velho, escravo do
pecado e do demônio, foi pregado na cruz santa do Senhor, morreu e,
então, saiu da água ressuscitado. Ali foi cancelado “o documento escrito
contra nós, cujas prescrições nos condenavam. [O Senhor] aboliu-o
definitivamente, ao encravá-lo na Cruz” (Cl 2,14). Por isso disse o
Apóstolo: “Somos cidadãos dos céus. É de lá que ansiosamente esperamos o
Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo
tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso” (Fl 3,20).
Que maravilha! Nosso corpo será
semelhante ao corpo glorioso do Senhor ressuscitado! Que mais poderemos
desejar? É em vista disso que São Paulo bradou aos incrédulos: “Se
Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a nossa fé”
(I Cor 15,14). E mais, disse ele: “Se é só para esta vida que temos
colocado a nossa esperança em Cristo, somos, de todos os homens, os mais
dignos de lástima” (I Cor 15,19).
A ressurreição do Senhor é a garantia da
nossa. O apóstolo nos ensinou que “semeado na corrupção, o corpo
ressuscita incorruptível; semeado no desprezo, ressuscita glorioso;
semeado na fraqueza, ressuscita vigoroso” (1 Cor 15,42b-43). E, quando
isto acontecer, disse o Apóstolo: “Quando este corpo corruptível estiver
revestido da incorruptibilidade […] então se cumprirá a palavra da
Escritura: “A morte foi tragada pela vitória” (Is 25,8). “Onde está ó
morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” (Os 13,14) (1
Cor 15,54-55). Cristo, com a Sua morte, destruiu o aguilhão (o ferrão)
da morte, que é o pecado (cf. I Cor 15,56-57). Essa é a essência da
nossa fé.
Com toda a diligência os Apóstolos
anunciavam ao povo a ressurreição do Senhor. Já em Pentecostes,
cinquenta dias depois da Páscoa, Pedro lhes dizia: “A este Jesus, Deus o
ressuscitou: do que todos nós somos testemunhas” (At 2,32). “Vós o
matastes crucificando-o por mãos de ímpios. Mas Deus o ressuscitou,
rompendo os grilhões da morte” (At 2,23b-24a). Na casa de Cornélio,
Pedro repetiu: “Eles o mataram, suspendendo-o num madeiro. Mas Deus o
ressuscitou ao terceiro dia, e permitiu que aparecesse (…) às
testemunhas que Deus havia predestinado, a nós que comemos e bebemos com
ele, depois que ressuscitou” (At 10, 39b-41).
Em vista de tudo isso São Paulo
advertiu: “Se, portanto ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas lá
do alto, onde Cristo está sentado à direita de Deus. Afeiçoai-vos às
coisas lá de cima, e não às da terra. Porque estais mortos e a vossa
vida está escondida com Cristo em Deus” (Cl 3,1-3).
Essa é a dimensão nova que a
ressurreição do Senhor deve trazer à nossa vida “É hora de deixarmos de
lado o homem velho com os seus vícios: ira, maledicência maldade,
inveja, ciúme, palavra torpe, soberba, vaidade, luxúria, preguiça, etc.,
e buscarmos os frutos do Espírito Santo: amor alegria, paz, bondade,
paciência, mansidão, confiança, autodomínio” (Gl 5,19-22). E, acima de
tudo, como disse o apóstolo: “Revesti-vos da caridade, que é o vínculo
da perfeição” (Cl 3,14).
A Igreja não tem dúvida em afirmar que a
Ressurreição de Jesus foi um evento histórico e transcendente. No n.639
o Catecismo afirma: “O mistério da Ressurreição de Cristo é um
acontecimento real que teve manifestações historicamente constatadas,
como atesta o Novo Testamento. Já S. Paulo escrevia aos Coríntios pelo
ano de 56: “Eu vos transmiti… o que eu mesmo recebi: Cristo morreu por
nossos pecados, segundo as Escrituras. Foi sepultado, ressuscitado ao
terceiro dia, segundo as Escrituras. Apareceu a Kefas, e depois aos
Doze” (1Cor 15,3-4). O apóstolo fala aqui da viva tradição da
Ressurreição, que ficou conhecendo após sua conversão às portas de
Damasco.
O primeiro acontecimento da manhã do
Domingo de Páscoa foi a descoberta do sepulcro vazio (cf. Mc 16, 1-8).
Ele foi a base de toda a ação e pregação dos Apóstolos e foi muito bem
registrada por eles. São João afirma: “O que vimos, ouvimos e as nossas
mãos apalparam isto atestamos” (1 Jo 1,1-2). Jesus ressuscitado apareceu
a Madalena (Jo 20, 19-23); aos discípulos de Emaús (Lc 24,13-25), aos
Apóstolos no Cenáculo, com Tomé ausente (Jo 20,19-23); e depois, com
Tomé presente (Jo 20,24-29); no Lago de Genezaré (Jo 21,1-24); no Monte
na Galiléia (Mt 28,16-20); segundo S. Paulo “apareceu a mais de 500
pessoas” (1 Cor 15,6) e a Tiago (1 Cor 15,7).
S. Paulo atesta que Ele “…ressuscitou ao
terceiro dia, segundo as Escrituras, e foi visto por Khefas, e depois
pelos Onze; depois foi visto por mais de quinhentos irmãos duma só vez,
dos quais a maioria vive ainda hoje e alguns já adormeceram; depois foi
visto por Tiago e, em seguida, por todos os Apóstolos; e, por último,
depois de todos foi também visto por mim como por um aborto” (1 Cor 15,
3-8).
“Deus ressuscitou esse Jesus, e disto
nós todos somos testemunhas” (At 2, 32). “Saiba com certeza toda a Casa
de Israel: Deus o constituiu Senhor (Kýrios) e Cristo, este Jesus a quem
vós crucificastes” (At 2, 36). “Cristo morreu e reviveu para ser o
Senhor dos mortos e dos vivos” (Rm 14, 9). No Apocalipse, João arremata:
“Eu sou o Primeiro e o Último, o Vivente; estive morto, mas eis que
estou vivo pelos séculos, e tenho as chaves da Morte e da região dos
mortos” (Ap 1, 17s).
A primeira experiência dos Apóstolos com
Jesus ressuscitado, foi marcante e inesquecível: “A paz esteja
convosco!” “Vede minhas mãos e meus pés: sou eu”! “Apalpai-me e entendei
que um espírito não tem carne nem ossos, como estais vendo que eu
tenho”. Apresentaram-lhe um pedaço de peixe assado. Tomou-o então e
comeu-o diante deles” (Lc 24, 34ss).
Os vinte longos séculos do Cristianismo,
repletos de êxito e de glória, foram baseados na verdade da
Ressurreição de Jesus. Afirmar que o Cristianismo nasceu e cresceu em
cima de uma mentira e fraude seria supor um milagre ainda maior do que a
própria Ressurreição do Senhor.
Por Cristo ressuscitado milhares de
fiéis enfrentaram a morte diante da perseguição dos judeus e dos
romanos. Multidões foram para o deserto para viver uma vida de
penitência e oração; multidões de homens e mulheres abdicaram de
construir família para servir ao Senhor ressuscitado. Sua Igreja já
sobrevive por 2000 anos, vencendo todas as perseguições. Já são 266
Papas, 21 Concílios Ecumênicos, e hoje são cerca de 4 mil bispos e 416
mil sacerdotes e 2 bilhões de fiéis. E não se trata de gente ignorante
ou alienada; muito ao contrário, são universitários, mestres, doutores.
“Eis que estou convosco todos os dias [Ressuscitado!] até o fim do
mundo!” (Mt 28,20).
Prof. Felipe Aquino
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