Cidade do Vaticano, 16 mai (RV/SIR) – “O sofrimento é aquele continente do
qual ninguém pode dizer ter alcançado os confins.” “Mediante o sofrimento é
possível progredir no dom de si e alcançar o grau mais alto do amor”: esses dois
pensamentos do Beato João Paulo II foram evocados pelo Teólogo emérito da Casa
Pontifícia, Cardeal George Marie Martin Cottier, em sua conferência no simpósio
realizado esta terça-feira, no Vaticano, sobre o tema “A Sabedoria da Cruz no
pensamento e no testemunho do Beato João Paulo II”, promovido pela Pontifícia
Universidade Lateranese.
Cardeal Coyyier
O cardeal desenvolveu uma longa reflexão sobre a espiritualidade do Papa
Wojtyla, marcada pelas vicissitudes pessoais e familiares, desde muito jovem,
com a perda da mãe quando ele tinha apenas nove anos – quatro anos após o
falecimento do irmão mais velho, que era médico; com a perda do pai – “seu
mestre espiritual” – aos 21 anos. A esse ponto de sua vida, o jovem Wojtyla
confiou-se somente a Deus e mostrará ao longo de toda a sua existência uma
grande e intensa atenção a todas as formas de sofrimento”, observou o
conferencista evocando as fontes espirituais dessa predisposição interior: de um
lado, os escritos de São Luís Maria Grignon de Monfort (“Tratado sobre a
verdadeira devoção a Maria”) e, do outro, os escritos de São João da Cruz.
“Toda a biografia do Beato João Paulo II é marcada pelo sofrimento e por uma
forte sensibilidade que Karol Wojtyla mostrou, desde muito jovem, a todas as
formas de sofrimento”, prosseguiu o Cardeal Cottier em sua conferência sobre a
“Sabedoria da Cruz” no Papa Beato. “Diante da massa enorme de sofrimento da
humanidade, que por vezes parece desmedida e cruel, muitos cedem e se rebelam
porque muitas formas de sofrimento não encontram explicação”, disse. “Porém –
continuou –, nos ensinamentos do Papa Wojtyla a dor tem significado, aliás,
mediante a fé nos faz partícipes, de modo profundo, do próprio mistério de
Deus.” O purpurado suíço citou a visita do Papa, no dia seguinte ao de sua
eleição à Cátedra de Pedro, ao então Bispo Andrzej Maria Deskur – internado na
Policlínica “Gemelli” em Roma –, criado Cardeal pelo próprio João Paulo II em 25
de maio de 1985.
Durante a visita Karol Wojtyla dirigiu-se aos doentes – admirados por
encontrar o novo Sucessor de Pedro no meio deles – pedindo-lhes a sua oração
“que me dá – disse o Papa – uma força especial para realizar menos indignamente
a missão que me foi confiada com esse ministério”. Segundo o Cardeal Cottier,
foi ainda mais eloquente “a doação de seu sofrimento a Deus e em favor da
Igreja, um dia após ao do atentado de 13 de maio de 1981, cujas consequências se
fizeram sentir pelo restante de sua vida e que ele ofereceu como sacrifício para
acompanhar a Igreja na entrada do terceiro milênio da era cristã”.
Cardeal Coyyier
Nenhum comentário:
Postar um comentário