sexta-feira, 18 de maio de 2012

A SABEDORIA DA CRUZ NA VIDA DE JOÃO PAULO II

Cidade do Vaticano, 16 mai (RV/SIR) – “O sofrimento é aquele continente do qual ninguém pode dizer ter alcançado os confins.” “Mediante o sofrimento é possível progredir no dom de si e alcançar o grau mais alto do amor”: esses dois pensamentos do Beato João Paulo II foram evocados pelo Teólogo emérito da Casa Pontifícia, Cardeal George Marie Martin Cottier, em sua conferência no simpósio realizado esta terça-feira, no Vaticano, sobre o tema “A Sabedoria da Cruz no pensamento e no testemunho do Beato João Paulo II”, promovido pela Pontifícia Universidade Lateranese.

O cardeal desenvolveu uma longa reflexão sobre a espiritualidade do Papa Wojtyla, marcada pelas vicissitudes pessoais e familiares, desde muito jovem, com a perda da mãe quando ele tinha apenas nove anos – quatro anos após o falecimento do irmão mais velho, que era médico; com a perda do pai – “seu mestre espiritual” – aos 21 anos. A esse ponto de sua vida, o jovem Wojtyla confiou-se somente a Deus e mostrará ao longo de toda a sua existência uma grande e intensa atenção a todas as formas de sofrimento”, observou o conferencista evocando as fontes espirituais dessa predisposição interior: de um lado, os escritos de São Luís Maria Grignon de Monfort (“Tratado sobre a verdadeira devoção a Maria”) e, do outro, os escritos de São João da Cruz.

“Toda a biografia do Beato João Paulo II é marcada pelo sofrimento e por uma forte sensibilidade que Karol Wojtyla mostrou, desde muito jovem, a todas as formas de sofrimento”, prosseguiu o Cardeal Cottier em sua conferência sobre a “Sabedoria da Cruz” no Papa Beato. “Diante da massa enorme de sofrimento da humanidade, que por vezes parece desmedida e cruel, muitos cedem e se rebelam porque muitas formas de sofrimento não encontram explicação”, disse. “Porém – continuou –, nos ensinamentos do Papa Wojtyla a dor tem significado, aliás, mediante a fé nos faz partícipes, de modo profundo, do próprio mistério de Deus.” O purpurado suíço citou a visita do Papa, no dia seguinte ao de sua eleição à Cátedra de Pedro, ao então Bispo Andrzej Maria Deskur – internado na Policlínica “Gemelli” em Roma –, criado Cardeal pelo próprio João Paulo II em 25 de maio de 1985.

Durante a visita Karol Wojtyla dirigiu-se aos doentes – admirados por encontrar o novo Sucessor de Pedro no meio deles – pedindo-lhes a sua oração “que me dá – disse o Papa – uma força especial para realizar menos indignamente a missão que me foi confiada com esse ministério”. Segundo o Cardeal Cottier, foi ainda mais eloquente “a doação de seu sofrimento a Deus e em favor da Igreja, um dia após ao do atentado de 13 de maio de 1981, cujas consequências se fizeram sentir pelo restante de sua vida e que ele ofereceu como sacrifício para acompanhar a Igreja na entrada do terceiro milênio da era cristã”.






Cardeal Coyyier

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