Estamos todos de acordo: Não existe
virtude prática que seja tão necessária na vida cristã como a paciência. Não há
dúvidas. Esta virtude faz com que a alma suporte tranquilamente os incômodos e
os sofrimentos da vida Quem não tem problemas e tribulações na vida? Quem pode
fugir dos incômodos? Quem pode fugir ao peso cotidiano de provas e contrastes?
Por isso "é necessário a paciência para cumprir a vontade de Deus e conseguir os
bens da promessa". (Hb 10,36). Paciência em casa e fora dela; no trabalho e no
colégio; com patrões e empregados... Quantas ocasiões todos os dias. Devemos
suplicar a Maria de conceder-nos esta virtude para podermos imitá-la, sempre
doce, forte e serena em meio às provas e às maiores fadigas. Em Belém, à procura
de um lugar entre as angústias, no Egito aonde chegou com Jesus menino, e S.
José, fugitivos entre gente desconhecida; nos três dias da busca de Jesus no
Templo, com aquela amargura no coração, na separação de Jesus ao início da sua
vida publica com as precisões dos choques inevitáveis com os fariseus, nas
sequências dilaceradas do Calvário ao pés da Cruz de seu Jesus adorado. A
paciência de Maria! Veremos no Paraíso como a sua paciência superou a paciência
de todos os homens juntos.
Mostrou-lhe o
Crucifixo
"Uma resposta doce acalma e raiva; o fogo
não se apaga com o fogo, nem o furor se acalma com o furor." - S. João
Crisóstomo. Um dia S. Luzia de Marillac apresentou uma bebida a um turco enfermo
internado no Hospital. Este reage violentamente ao gesto de caridade, jogando o
copo na cara da freira. Sem abrir a boca, a Santa retirou-se; logo volta com
outra bebida e a mesma atitude do enfermo. A freira não diz nada e vai; volta
outra vez e se aproxima do enfermo e lhe dirige a palavra bondosamente a ponto
do doente olhá-la e dizer: "Vós sois uma criatura da Terra? Quem vos ensinou a
tratar assim aquele que te ofende?" Sem responder, a Santa mostrou-lhe o
Crucifixo que trazia no peito. O mesmo aconteceu com S. Maria Bertila, no
Hospital de Treviso. Um dia um enfermo histérico lhe jogou o ovo que ela lhe
tinha levado. A Santa não se perturbou. Foi trocar o avental voltou com uma taça
de caldo: "Ficarás bem com este caldo", sorrindo, disse-lhe. O que não temos a
aprender nós com estes atos, nós que prontamente perdemos a paciência por
bobagens.
Os caroços das
cerejas
Jesus disse que com a paciência
salvaríamos nossas almas (cf. Lc 21,19) E mais, com a paciência se conquistam e
salvam até as almas dos outros, porque o homem paciente vale mais do que o homem
forte e quem domina o caráter vale mais do que "um conquistador de cidades" (Pr
16,32). S. José Cafasso era o Capelão dos condenados à morte. Por isso podia
entrar nas celas e ficar no meio deles. Parecia um anjo de serenidade e de
paciência naquele ambiente fedorento e repugnante. Levava-lhes sempre alguma
coisa de presente. Um dia foi um cesto com cerejas. Logo após, os encarcerados
divertiam-se em atirar-lhes os caroços. "Deixai-os. É a única distração que eles
têm". Disse o santo. Com esta doce paciência ele podia penetrar nos corações
deles e prepará-los para enfrentar a morte beijando o Crucifixo e invocando
Maria.
Esposas e Mães
pacientes
Muitas vezes é, sobretudo, em casa que
precisamos exercitar-nos na paciência. S. Paulo recomendava aos Efésios de
"comportarem-se com toda a humildade, mansidão e paciência, suportando-vos com
amor" (Ef 4,2). Quantas brigas e problemas se poderiam evitar com poucos grãos
de paciência e de silêncio. Quando as amigas perguntaram a S. Mônica como fazia
para viver em paz com um marido tão insensível e violento, respondia: "Tenho um
freio em minha língua". Quem não se lembra de como S. Rita chegou a converter o
marido vulgar e brutal? Sofrendo em silêncio: "com muita paciência nas
tribulações, nas necessidades, nas angústias" (2 Cor 6,4). Grande também foi a
paciência da ditosa Anna Maria Taigi, mãe de 7 filhos. Cada dia eram provas que
a pobrezinha devia enfrentar pelas estranhezas do marido pouco gentil, pelos
problemas dos filhos que precisavam de uma boa formação, pelas contrariedades e
incômodos que acontecem inevitavelmente em cada família. Um dia quebraram-lhe um
magnífico vaso de cerâmica que era uma preciosa e cara recordação de família. A
Santa olhou os cacos e disse serenamente: "Paciência! Se o soubessem os
negociantes de cerâmicas ficariam contentes. Precisam viver também, não? "Esta
paciência é um dos frutos mais preciosos do Espírito Santo (cf. Gl
5,22).
Olhemos para
Ela
O primeiro dote da caridade é a
paciência! (cf. I Cor 13,4). A maior caridade traz consigo a maior paciência.
Por isso Maria, Mãe do Amor, é exemplar perfeitíssimo e fonte da nossa
paciência. Ela viveu com a alma transpassada por uma espada (cf. Lc 2,35)
Olhemos este fato e aprendamos saber aceitar com paciência heróica até um punhal
enfiado no coração. Ela foi a Virgem oferente não só no Templo, mas também, e,
sobretudo, no Calvário (Marialis Cultus, n.20). Apeguemo-nos a Ela para
atingirmos a energia do amor paciente e oferente nas tribulações da vida e da
morte.
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