quinta-feira, 17 de maio de 2012

MARIA, A MÃE DO REDENTOR



A mais famosa imagem de São Francisco, produzida pelo pintor italiano Cimabue (abaixo), mostra, não por acaso, o santo ao lado de Nossa Senhora.

Maria está no centro da devoção franciscana, tanto que a Ordem dos Frades Menores tem origem na pequena capelinha Santa Maria dos Anjos, ou na Porciúncula, que se conservou através dos séculos, o foco da piedade francisclariana.

Prova da veneração de São Francisco de Assis é a belíssima “Saudação à Mãe de Deus”:

Salve, ó senhora,
Rainha santa,
Mãe santa de Deus,
ó Maria,
que sois Virgem feita Igreja,
e escolhida pelo santíssimo Pai celestial,
que vos consagrou com seu santíssimo e dileto Filho e o Espírito Santo Paráclito!
Em vós residiu e reside toda a plenitude da graça
e todo o bem!
Salve, ó palácio do Senhor!
Salve, ó tabernáculo do Senhor!
Salve, ó morada do Senhor!
Salve, ó manto do Senhor!
Salve, ó serva do Senhor!
Salve, ó Mãe do Senhor,
e salve vós todas, ó santas virtudes, derramadas, pela graça e iluminação do Espírito Santo, nos corações dos fiéis, transformando-os de infiéis em fiéis do Senhor!



O título deste Especial foi emprestado da Encíclica de João Paulo II, “Redemptoris Mater”, sobre o significado que Maria tem no mistério de Cristo e sobre a sua presença ativa e exemplar na vida da Igreja.

O saudoso Ministro Geral, Frei Constantino Koser, ressalta que São Francisco não é apenas um santo muito devoto, muito afeiçoado à Mãe de Deus, mas é um dos santos em que a piedade mariana aparece numa floração original e singular, sem contudo se afastar, por pouco que seja, das linhas marcadas pela Igreja.

Frei Hugo Baggio observa que quem conhece os trabalhos do Vaticano II está ao par das tentativas de recuperar a mulher, seu papel e sua influência, e conseqüentemente dar-lhe um lugar de igualdade dentro dos parâmetros sociais.

Esforço digno de nota de trazê-la da periferia para o centro da vida, embasando, assim, todo o movimento em prol da mulher desenvolvido nas últimas décadas, na tentativa de acabar com a discriminação. “Interessante observar que também neste particular Francisco de Assis deixou sua influência e agiu de forma concreta e prática”, atesta o franciscano.

A téologa Lina Boff assinala que a força da piedade popular levou a Igreja a proclamar o dogma da Imaculada Conceição.

Jesus Espeja diz que, como cristãos, temos motivos de sobra para celebrar Maria como “rainha e senhora”, mas corremos o risco de esquecer a história daquela mulher simples que viveu num pequeno povoado de uma região periférica no mundo daquele tempo.

Maria de Nazaré é alguém de nossa raça. Como os demais seres humanos, nasceu e viveu num contexto histórico, social, econômico, político e cultural.

Um texto da Campanha da Fraternidade de 1990 lembra que o livro do Gênesis denunciava Eva como causa do pecado original, colocando sobre todo o sexo feminino um fardo difícil de carregar, e que Maria é proclamada bem-aventurada, imaculada, sem pecado.

Do Catecismo Católico, escolhemos o texto que comenta a Oração da Ave Maria, além de outras orações marianas.


Em comunhão com a Santa Mãe de Deus –

A ORAÇÃO DA AVE-MARIA

Na oração, o Espírito Santo nos une à Pessoa do Filho Único, em sua humanidade glorificada. Por ela e nela, nossa oração filial entra em comunhão, na Igreja, com a Mãe de Jesus.


A partir do consentimento dado na fé por ocasião da Anunciação e mantido sem hesitação sob a cruz, a maternidade de Maria se estende aos irmãos e às irmãs de seu Filho “que ainda são peregrinos e expostos aos perigos e às misérias”. Jesus, o único Mediador, é o Caminho de nossa oração; Maria, sua Mãe e nossa Mãe, é pura transparência dele. Maria “mostra o Caminho” (“Hodoghitria”), é seu “sinal”, conforme a iconografia tradicional no Oriente e no Ocidente.

A partir dessa cooperação singular de Maria com a ação do Espírito Santo, as Igrejas desenvolveram a oração à santa Mãe de Deus, centrando-a na Pessoa de Cristo manifestada em seus mistérios. Nos inúmeros hinos e antífonas que exprimem essa oração, alternam-se geralmente dois movimentos: um “exalta” o Senhor pelas “grandes coisas” que fez para sua humilde serva e, por meio dela, por todos os seres humanos; o outro confia à Mãe de Jesus as súplicas e louvores dos filhos de Deus, pois ela conhece agora a humanidade que nela é desposada pelo Filho de Deus.

Esse duplo movimento da oração a Maria encontrou uma expressão privilegiada na oração da Ave-Maria: “Ave, Maria (alegra-te, Maria)”.
A saudação do anjo Gabriel abre a oração da Ave-Maria. É o próprio Deus que, por intermédio de seu anjo, saúda Maria. Nossa oração ousa retomar a saudação de Maria com o olhar que Deus lançou sobre sua humilde serva, alegrando-nos com a mesma alegria que Deus encontra nela. “Cheia de graça, o Senhor é convosco”.

As duas palavras de saudação do anjo se esclarecem mutuamente. Maria é cheia de graça porque o Senhor está com ela. A graça com que ela é cumulada é a presença daquele que é a fonte de toda graça. “Alegra-te, filha de Jerusalém… o Senhor está no meio de ti” (Sf 3,14.17a). Maria, em quem vem habitar o próprio Senhor, é em pessoa a filha de Sião, a Arca da Aliança, o lugar onde reside a glória do Senhor: ela é “a morada de Deus entre os homens” (Ap 21,3).

“Cheia de graça”, e toda dedicada àquele que nela vem habitar e que ela vai dar ao mundo.

“Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus”.

 Depois da saudação do anjo, tomamos nossa a palavra de Isabel. “Repleta do Espírito Santo” (Lc 1,41), Isabel é a primeira na longa série das gerações que declaram Maria bem-aventurada: “Feliz aquela que creu…” (Lc 1,45): Maria é “bendita entre as mulheres” porque acreditou na realização da palavra do Senhor. Abraão, por sua fé, se tornou uma benção para “todas as nações da terra” (Gn 12,3). Por sua fé, Maria se tornou a mãe dos que crêem, porque, graças a ela, todas as nações da terra recebem Aquele que é a própria benção de Deus: “Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus”.

“Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós…”

Com Isabel também nós nos admiramos: “Donde me vem que a mãe de meu Senhor me visite?” (Lc 1,43). Porque nos dá Jesus, seu filho, Maria é Mãe de Deus e nossa Mãe; podemos lhe confiar todos os nossos cuidados e pedidos: ela reza por nós como rezou por si mesma: “Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38). Confiando-nos à sua oração, abandonamo-nos com ela à vontade de Deus: “Seja feita a vossa vontade”.
Rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte”.

Pedindo a Maria que reze por nós, reconhecemo-nos como pobres; pecadores e nos dirigimos à “Mãe de misericórdia”, à Toda Santa. Entregamo-nos a ela “agora”, no hoje de nossas vidas. E nossa confiança aumenta para desde já entregar em suas mãos “a hora de nossa morte”. Que ela esteja então presente, como na morte na Cruz de seu Filho, e que na hora de nossa passagem ela nos acolha como nossa Mãe, para nos conduzir a seu Filho, Jesus, no Paraíso.




peemiliocarlos

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