A lenda de São Cipriano, o feiticeiro, confunde-se com
São Cipriano de Cartago, santificado pela Igreja, conhecido
como o Papa Africano. Apesar do abismo histórico que os afasta, as lendas
combinam-se e os Ciprianos, muitas vezes, tornam-se um só na cultura popular. É
comum encontrarmos fatos e características pessoais atribuídas equivocadamente.
Além dos mesmos nomes, os mártires coexistiram, mas em regiões distintas.
São Cipriano, o feiticeiro, é celebrado no dia 2 de outubro.
Foi um homem que dedicou boa parte de sua vida ao estudo das ciências ocultas.
Após deparar-se com a jovem Justina, converteu-se ao cristianismo. Martirizado e
canonizado, sua popularidade excedeu a fé cristã devido ao famoso Livro de São
Cipriano, um compilado de rituais de magia.
São Cipriano de Cartago
passou para a história não apenas como santo, mas também como excelente orador.
Converteu-se ao cristianismo quando contava trinta e cinco anos de idade. No
ano 249 foi escolhido para bispo de sua cidade e empenhou-se na organização da
Igreja em África. Revelou-se extraordinário mestre de moral cristã. Deixou
diversos escritos, sobretudo cartas, que constituem preciosa coleção documental
sobre fé e culto. Contribuiu para a criação do latim cristão.
Uma das grandes figuras do século III, Cipriano, de família rica de Cartago,
capital romana no Norte de África. Quando pagão era um ótimo advogado e mestre
de retórica, até que provocado pela constância e serenidade dos mártires
cristãos.
Por causa de sua radical conversão muitos ficaram espantados já que era bem
popular. Com pouco tempo foi ordenado sacerdote e depois sagrado bispo num
período difícil da Igreja africana. Duas perseguições contra os cristãos
ocorrerem: a de Décio e Valeriano, marcaram seu começo e seu fim e uma terrível
peste andou pelo norte da África, semeando mortes. Problemas doutrinários, por
outro lado, agitavam a Igreja daquela região.
Diante da perseguição do imperador Décio em 249, Cipriano escolheu
esconder-se para continuar prestando serviços à Igreja. No ano 258, o santo
bispo foi denunciado, preso e processado. Existem as atas do seu processo de
martírio que relatam suas últimas palavras do saber da sua sentença à morte.
São Cipriano,o feitiçeiro
Após muito tempo viajando pelo Egito, Grécia e outros países aperfeiçoando
seus conhecimentos, aos trinta anos de idade Cipriano chega à Babilônia a fim de
conhecer a cultura ocultista dos Caldeus. Foi nesta época que encontrou a
Bruxa de Évora, onde teve a oportunidade de intensificar seus estudos e
aprimorar a técnica da premonição. Évora morreu em avançada idade, mas deixou
seus manuscritos para Cipriano, os quais foram de grande proveito. Assim, o
feiticeiro dedicou-se arduamente, e logo se tornou conhecido, respeitado e
temido por onde passava.
Vivia em Antioquia a bela e rica donzela Justina. Seu pai Edeso e sua mãe
Cledonia, a educaram nas tradições pagãs. Porém, ouvindo as pregações do diácono
Prailo, Justina converteu-se ao cristianismo, dedicando sua vida as orações,
consagrando e preservando sua virgindade.
Um jovem rico chamado Aglaide apaixonou-se por Justina. Os pais da donzela,
agora já convertidos à fé cristã, concederam-na por esposa. Porém, Justina não
aceitou casar-se. Aglaide recorreu a Cipriano para que o feiticeiro aplicasse
seu poder, de modo que a donzela abandonasse a fé e se entregasse ao
matrimônio.
Cipriano investiu a tentação demoníaca sobre Justina. Fez uso de um pó que despertaria a luxúria,
ofereceu sacrifícios aos demônios e empregou diversas obras malignas. Mas
não obteve resultado, pois Justina defendia-se com orações a Deus e o sinal da
cruz. A ineficácia dos feitiços fez com que Cipriano se desiludisse
profundamente perante sua fé pagã e se voltasse contra o demônio. Influenciado
por um amigo cristão de nome Eusébio, o bruxo converteu-se ao cristianismo,
chegando a queimar seus manuscritos de feitiçaria e distribuir seus bens entre
os pobres.
As notícias da conversão e das obras cristãs de Cipriano e Justina, chegaram
até o imperador romano Diocleciano que se encontrava na Nicomédia. Assim, logo
foram perseguidos, presos e torturados. Frente ao imperador, viram-se forçados a
negar a fé cristã. Justina foi chicoteada e Cipriano açoitado com pentes de
ferro, mas não cederam. Irritado com a resistência, Diocleciano ainda lançou
Cipriano e Justina numa caldeira fervente de banha e cera. Os mártires não
renunciaram e tampouco
transpareciam sofrimento. O feiticeiro Athanasio, que havia sido discípulo de
Cipriano, julgou que as torturas não surtiam efeito devido a algum sortilégio
lançado por seu ex-mestre. Na tentativa de desafiar Cipriano e elevar a própria
moral, Athanasio invocou os demônios e atirou-se na caldeira. Seu corpo foi
dizimado pelo calor em poucos segundos.
Após este fato, o imperador Diocleciano finalmente ordenou a morte de Justina
e Cipriano. No dia 26 de setembro de 304, os mártires e um outro cristão de nome
Teotiso, foram decapitados às margens do rio Galo da Nicomédia. Os corpos
ficaram expostos por seis dias, até que um grupo de cristãos recolheu e os levou
para Roma, ficando sob os cuidados de uma senhora chamada Rufina. Já no império
de Constantino, os restos mortais foram enviados para a Basílica de São João
Latrão.
O famoso Livro de São Cipriano foi redigido antes de sua conversão. Uma parte
dos manuscritos foi queimada por ele mesmo. A questão é que não se sabe quando,
e por quem os registros foram reunidos e traduzidos do hebraico para o latim, e
posteriormente levados para diversas partes do mundo.
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