Contemplarei, justificado, a vossa face; e serei saciado quando se manifestar a vossa glória (Sl 16,15).
Leitura do livro do profeta Isaías – Isto diz o Senhor: 10“Assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra e fazê-la germinar e dar semente para o plantio e para a alimentação, 11assim a palavra que sair de minha boca não voltará para mim vazia; antes, realizará tudo que for de minha vontade e produzirá os efeitos que pretendi ao enviá-la”. – Palavra do Senhor.
A semente caiu em terra boa e deu fruto.
1. Visitais a nossa terra com as chuvas, / e transborda de fartura. / Rios de Deus que vêm do céu derramam águas, / e preparais o nosso trigo. – R.
2. É assim que preparais a nossa terra: / vós a regais e aplainais, / os seus sulcos com a chuva amoleceis / e abençoais as sementeiras. – R.
3. O ano todo coroais com vossos dons, / os vossos passos são fecundos; / transborda a fartura onde passais, / brotam pastos no deserto. – R.
4. As colinas se enfeitam de alegria, / e os campos, de rebanhos; / nossos vales se revestem de trigais: / tudo canta de alegria! – R.
Leitura da carta de São Paulo aos Romanos – Irmãos, 18eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós. 19De fato, toda a criação está esperando ansiosamente o momento de se revelarem os filhos de Deus. 20Pois a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua livre vontade, mas por sua dependência daquele que a sujeitou; 21também ela espera ser libertada da escravidão da corrupção e, assim, participar da liberdade e da glória dos filhos de Deus. 22Com efeito, sabemos que toda a criação, até o tempo presente, está gemendo como que em dores de parto. 23E não somente ela, mas nós também, que temos os primeiros frutos do Espírito, estamos interiormente gemendo, aguardando a adoção filial e a libertação para o nosso corpo. – Palavra do Senhor.
[A forma breve está entre colchetes.]
Aleluia, aleluia, aleluia.
Semente é de Deus a Palavra, o Cristo é o semeador; / todo aquele que o encontra, vida eterna encontrou! (Lc 8,11) – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – [1Naquele dia, Jesus saiu de casa e foi sentar-se às margens do mar da Galileia. 2Uma grande multidão reuniu-se em volta dele. Por isso Jesus entrou numa barca e sentou-se, enquanto a multidão ficava de pé, na praia. 3E disse-lhes muitas coisas em parábolas: “O semeador saiu para semear. 4Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as comeram. 5Outras sementes caíram em terreno pedregoso, onde não havia muita terra. As sementes logo brotaram, porque a terra não era profunda. 6Mas, quando o sol apareceu, as plantas ficaram queimadas e secaram, porque não tinham raiz. 7Outras sementes caíram no meio dos espinhos. Os espinhos cresceram e sufocaram as plantas. 8Outras sementes, porém, caíram em terra boa e produziram à base de cem, de sessenta e de trinta frutos por semente. 9Quem tem ouvidos ouça!”] 10Os discípulos aproximaram-se e disseram a Jesus: “Por que falas ao povo em parábolas?” 11Jesus respondeu: “Porque a vós foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos Céus, mas a eles não é dado. 12Pois à pessoa que tem será dado ainda mais, e terá em abundância; mas à pessoa que não tem será tirado até o pouco que tem. 13É por isso que eu lhes falo em parábolas: porque, olhando, eles não veem e, ouvindo, eles não escutam nem compreendem. 14Desse modo se cumpre neles a profecia de Isaías: ‘Havereis de ouvir sem nada entender. Havereis de olhar sem nada ver. 15Porque o coração deste povo se tornou insensível. Eles ouviram com má vontade e fecharam seus olhos, para não ver com os olhos, nem ouvir com os ouvidos, nem compreender com o coração, de modo que se convertam e eu os cure’. 16Felizes sois vós porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. 17Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não viram, desejaram ouvir o que ouvis e não ouviram. 18Ouvi, portanto, a parábola do semeador: 19todo aquele que ouve a Palavra do Reino e não a compreende, vem o maligno e rouba o que foi semeado em seu coração. Esse é o que foi semeado à beira do caminho. 20A semente que caiu em terreno pedregoso é aquele que ouve a Palavra e logo a recebe com alegria; 21mas ele não tem raiz em si mesmo, é de momento: quando chega o sofrimento ou a perseguição por causa da Palavra, ele desiste logo. 22A semente que caiu no meio dos espinhos é aquele que ouve a Palavra, mas as preocupações do mundo e a ilusão da riqueza sufocam a Palavra, e ele não dá fruto. 23A semente que caiu em boa terra é aquele que ouve a Palavra e a compreende. Esse produz fruto. Um dá cem, outro sessenta e outro trinta”. – Palavra da salvação.
Eis que saiu o semeador a semear a Palavra de Deus, diz Cristo Jesus no Evangelho de hoje. Ora, assim como quatro são os tipos de terreno em que pode cair o grão de trigo, assim também são quatro os corações com que pode deparar a pregação evangélica. Parte dos grãos, diz o Senhor, caiu à beira do caminho, isto é, nos corações que, embora deem ouvido à Palavra divina, não chegam nem a compreendê-la nem a dar os primeiros frutos; mal o grão toca o solo, vêm os pássaros do céu para comê-lo e levá-lo embora. Outra parte, porém, caiu em terreno pedregoso e seco, ou seja, naquele coração que, embora tenha fé, não a tem bem enraizada; por isso, ainda que brotem algumas sementes, o calor do sol — quer dizer, das tribulações e contrariedades — as seca e queima, quia non habebant radicem, "porque não tinham raiz". Outros grãos, enfim, caíram em meio aos espinhos; aqui estão simbolizados, pois, aqueles corações que, já tendo superado a secura do terreno, são todavia sufocados por cuidados mundanos, à semelhança de Marta, tão inquieta e ocupada com diversos afazeres (cf. Lc 10, 40ss).
O nosso coração, no entanto, deve ser como a terra boa e virgem, ou seja, como o coração das crianças, que se lançam sem preocupações ao colo do Pai, com aquela confiança de verdadeiros filhos e filhas do Altíssimo. Ora, para chegarmos a dar os frutos que o Senhor deseja colher, temos de percorrer o itinerário que Ele mesmo nos indica hoje: antes de tudo, acolher e meditar a sua Palavra, a fim de que as aves do céu e os ventos de doutrina (cf. Ef 4, 14) não a roubem de nós; em seguida, entregar-se com generosidade à ascese e, com especial empenho, ao apostolado; por fim, ser alma de profunda e perseverante oração, imitando o exemplo de Maria de Betânia, que se deliciava em "perder tempo" aos pés de Cristo, o nosso Único necessário. Roguemos, pois, à Virgem Santíssima que regue e proteja o nosso seco coração e nos ajude, com o seu poderosíssimo auxílio, a ser figueiras repletas de frutos de fé e de amor: Qui habet aures audiendi audiat!
https://padrepauloricardo.org
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