sábado, 8 de julho de 2023

13ª Semana do Tempo Comum - Sem a graça, nada somos.

 PE. JOÃO CARLOS - BLOG DA MEDITAÇÃO DA PALAVRA: O SERMÃO DA MONTANHA

Povos todos, aplaudi e aclamai a Deus com brados de alegria (Sl 46,2).

Deus se serve até mesmo das reprováveis artimanhas humanas para levar a bom termo sua obra salvadora. A liturgia nos convida a deixar de lado as velhas mentalidades a fim de renovarmos nossa adesão a Jesus, esposo da Igreja, como dóceis ovelhas de seu rebanho.

Primeira Leitura: Gênesis 27,1-5.15-29

Leitura do livro do Gênesis1Quando Isaac ficou velho, seus olhos enfraqueceram e já não podia ver. Chamou, então, o filho mais velho, Esaú, e lhe disse: “Meu filho!” Este respondeu: “Aqui estou!” 2Disse-lhe o pai: “Como vês, já estou velho e não sei qual será o dia da minha morte. 3Toma as tuas armas, as flechas e o arco, e sai para o campo. Se apanhares alguma caça, prepara-me um assado saboroso, 4como sabes que eu gosto, e traze-o para que o coma e assim te dar a bênção antes de morrer”. 5Rebeca escutava o que Isaac dizia a seu filho Esaú. Esaú saiu para o campo à procura de caça para o pai. 15Rebeca tomou, então, as melhores roupas que o filho mais velho tinha em casa e vestiu com elas o filho mais novo, Jacó. 16Cobriu-lhe as mãos e a parte lisa do pescoço com peles de cabrito. 17Pôs nas mãos do filho Jacó o assado e o pão que havia preparado. 18Este levou-os ao pai, dizendo: “Meu pai!” “Estou ouvindo”, respondeu Isaac. “Quem és tu, meu filho?” 19E disse Jacó a seu pai: “Eu sou Esaú, teu filho primogênito; fiz como me ordenaste. Levanta-te, senta-te e come da minha caça, para me abençoares”. 20Isaac replicou-lhe: “Como conseguiste achar assim depressa, meu filho?” Ele respondeu: “É o Senhor teu Deus que fez que isso acontecesse”. 21Isaac disse a Jacó: “Vem cá, meu filho, para que eu te apalpe e veja se és ou não meu filho Esaú”. 22Jacó achegou-se a seu pai, Isaac, que o apalpou e disse: “A voz é a voz de Jacó, mas as mãos são as mãos de Esaú”. 23E não o reconheceu, pois suas mãos estavam peludas como as do seu filho Esaú. Então, decidiu abençoá-lo. 24Perguntou-lhe ainda: “Tu és, de fato, meu filho Esaú?” Ele respondeu: “Sou”. 25Isaac continuou: “Meu filho, serve-me da tua caça para eu comer e te abençoar”. Jacó serviu-o e ele comeu; trouxe-lhe depois vinho e ele bebeu. 26Disse-lhe então seu pai, Isaac: “Aproxima-te, meu filho, e beija-me”. 27Jacó aproximou-se e o beijou. Quando Isaac sentiu o cheiro das suas roupas, abençoou-o, dizendo: “Este é o cheiro do meu filho: é como o aroma de um campo fértil que o Senhor abençoou! 28Que Deus te conceda o orvalho do céu e a fertilidade da terra, a abundância de trigo e de vinho. 29Que os povos te sirvam e se prostrem as nações em tua presença. Sê o senhor de teus irmãos, e diante de ti se inclinem os filhos de tua mãe. Maldito seja quem te amaldiçoar, e quem te abençoar seja bendito!” – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 134(135)

Louvai o Senhor, porque é bom!

1. Louvai o Senhor, bendizei-o; / louvai o Senhor, servos seus, / que celebrais o louvor em seu templo / e habitais junto aos átrios de Deus! – R.

2. Louvai o Senhor, porque é bom; / cantai ao seu nome suave! / Escolheu para si a Jacó, / preferiu Israel por herança. – R.

3. Eu bem sei que o Senhor é tão grande, / que é maior do que todos os deuses. / Ele faz tudo quanto lhe agrada, † nas alturas dos céus e na terra, / no oceano e nos fundos abismos. – R.

Evangelho: Mateus 9,14-17

Aleluia, aleluia, aleluia.

Minhas ovelhas escutam minha voz, / eu as conheço e elas me seguem (Jo 10,27). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, 14os discípulos de João aproximaram-se de Jesus e perguntaram: “Por que razão nós e os fariseus praticamos jejuns, mas os teus discípulos não?” 15Disse-lhes Jesus: “Por acaso, os amigos do noivo podem estar de luto enquanto o noivo está com eles? Dias virão em que o noivo será tirado do meio deles. Então, sim, eles jejuarão. 16Ninguém coloca remendo de pano novo em roupa velha, porque o remendo repuxa a roupa e o rasgão fica maior ainda. 17Também não se coloca vinho novo em odres velhos, senão os odres se arrebentam, o vinho se derrama e os odres se perdem. Mas vinho novo se coloca em odres novos, e assim os dois se conservam”. – Palavra da salvação.

Reflexão
 
No Evangelho de hoje, um grupo de discípulos de S. João Batista pergunta ao Senhor por que Ele e os que o seguem não jejuam. Em sua resposta, Jesus se serve de três comparações: a do esposo, a do remendo novo em pano velho e a do vinho novo em odres velhos. Embora a tradição espiritual da Igreja interprete de distintos modos essas três figuras, vale a pena considerar o que a este respeito nos legou um beneditino do século IX, Remígio de Auxerre, alguns de cujos pensamentos foram compilados por S. Tomás de Aquino em sua Catena Aurea (cf. In Matth., c. 9, l. 3). Escreve Remígio que Jesus não pede aos discípulos que jejuem porque, quais panos e odres velhos, eles não foram ainda renovados pela doutrina evangélica, isto é, pela graça divina. Cristo não passou ainda pelo mistério pascal nem lhes enviou o Espírito Santo, de maneira que, privados do auxílio divino, não convinha aos discípulos entregar-se a práticas de penitência mais rigorosas, devido ao risco de perderam a fé por falta de perseverança e austeridade. Essa leitura permite pôr em evidência, de um lado, o primado da graça, sem a qual nada podemos fazer (cf. Jo 15, 5), e, de outro, a disposição providencial com que Deus, no tempo e do modo oportunos, dá a cada um a ajuda que lhe basta. Não podemos, é verdade, ser santos com nossas próprias forças, mas podemos sê-lo, sim, com a graça que Ele nunca cansa de nos enviar, pois quer “que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2, 4). Essa verdade deve ser um estímulo a que peçamos sempre, com confiança e humildade, as graças de que precisamos e nos lembremos de que, sem o sustento de Deus, todos os nossos jejuns, todas as nossas mortificações, tornam-se obra morta e sem valor. Saibamos, pois, reconhecer-nos como mendigos da graça, radicalmente necessitados daquele que, “segundo o seu beneplácito, realiza em nós o querer e o executar” (Fp 2, 13).


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