sexta-feira, 17 de fevereiro de 2023

6ª Semana do Tempo Comum - A cruz mata nosso egoísmo.

 A Paixão de Cristo – Papo de Cinema

(verde – ofício do dia)

Sede o rochedo que me abriga, a casa bem defendida que me salva. Sois minha fortaleza e minha rocha; para honra do vosso nome, vós me conduzis e alimentais (Sl 30,3s).

Deus desconcerta os planos dos soberbos – representantes da “geração adúltera e pecadora” -, confundindo-lhes os idiomas e dispersando-os pela terra. A reunião dos povos e línguas acontecerá no Pentecostes (Atos 2) e na consumação da história (Apocalipse 21-22).

Primeira Leitura: Gênesis 11,1-9

Leitura do livro do Gênesis1Toda a terra tinha uma só linguagem e servia-se das mesmas palavras. 2E aconteceu que, partindo do oriente, os homens acharam uma planície na terra de Senaar e ali se estabeleceram. 3E disseram uns aos outros: “Vamos, façamos tijolos e cozamo-los ao fogo”. Usaram tijolos, em vez de pedra, e betume, em lugar de argamassa. 4E disseram: “Vamos, façamos para nós uma cidade e uma torre cujo cimo atinja o céu. Assim, ficaremos famosos e não seremos dispersos por toda a face da terra”. 5Então o Senhor desceu para ver a cidade e a torre que os homens estavam construindo. 6E o Senhor disse: “Eis que eles são um só povo e falam uma só língua. E isso é apenas o começo de seus empreendimentos. Agora, nada os impedirá de fazer o que se propuserem. 7Desçamos e confundamos a sua língua, de modo que não se entendam uns aos outros”. 8E o Senhor os dispersou daquele lugar por toda a superfície da terra, e eles cessaram de construir a cidade. 9Por isso, foi chamada Babel, porque foi lá que o Senhor confundiu a linguagem de todo o mundo e de lá dispersou os homens por toda a terra. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 32(33)

Feliz o povo que o Senhor escolheu por sua herança!

1. O Senhor desfaz os planos das nações / e os projetos que os povos se propõem. / Mas os desígnios do Senhor são para sempre, † e os pensamentos que ele traz no coração, / de geração em geração, vão perdurar. – R.

2. Feliz o povo cujo Deus é o Senhor / e a nação que escolheu por sua herança! / Dos altos céus o Senhor olha e observa; / ele se inclina para olhar todos os homens. – R.

3. Ele contempla do lugar onde reside / e vê a todos os que habitam sobre a terra. / Ele formou o coração de cada um / e por todos os seus atos se interessa. – R.

Evangelho: Marcos 8,34-9,1

Aleluia, aleluia, aleluia.

Eu vos chamo meus amigos, / pois vos dei a conhecer / o que o Pai me revelou (Jo 15,15). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – Naquele tempo, 34chamou Jesus a multidão com seus discípulos e disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. 35Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho vai salvá-la. 36Com efeito, de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, se perde a própria vida? 37E o que poderia o homem dar em troca da própria vida? 38Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras diante dessa geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele, quando vier na glória do seu Pai com seus santos anjos”. 9,1Disse-lhes Jesus: “Em verdade vos digo, alguns dos que aqui estão não morrerão sem antes terem visto o Reino de Deus chegar com poder”. – Palavra da salvação.

Reflexão

O Evangelho de hoje é o evangelho da cruz. Jesus nos diz que devemos renunciar a nós mesmos, tomar a nossa cruz e segui-lo. Mas, se o Evangelho é boa notícia, não parece que seja boa notícia abraçar a cruz… Ora, se nós não estamos enxergando a boa notícia é porque talvez não estejamos enxergando a profundidade do que Cristo está dizendo.

É importante reconhecer que Deus é Deus de amor, é Deus de vida; mas o que acontece é que o inimigo, Satanás, nos apresenta um simulacro de vida, ou seja, um disfarce de vida, dizendo: “Venham comigo! Aqui está a vida verdadeira!” E onde está a vida “verdadeira”? A vida “verdadeira” está em buscar a felicidade neste mundo. Isso é a “verdadeira” vida, isso é “felicidade”...

Pois bem, ele é o pai da mentira, ou seja, ele apresenta uma aparência de verdade que, por fora, é muito atraente, mas cujo produto está estragado.

Já o Evangelho é diferente, o Evangelho é o contrário. O Evangelho do Deus de amor, do Deus da vida, por fora é aparentemente assustador. Por quê? Porque pede renúncia, porque pede cruz, porque pede que passemos pela porta estreita, quando nós, evidentemente, preferiríamos o caminho largo.

No entanto, essa embalagem, esse invólucro assustador, guarda dentro de si um grande tesouro. Sim, o Reino dos Céus é um tesouro escondido, mas escondido onde? Escondido na fé. Então, precisamos penetrá-lo à luz da fé e meditar sobre esse Evangelho.

O que quer dizer “tomar a cruz”? Jesus usa “tomar a cruz” como metáfora, como comparação. Ele o explica mais claramente quando diz: “Renuncia-te a ti mesmo”. Ou seja, nós precisamos crucificar o homem egoísta, a mulher egoísta que há em nós, se nós quisermos amar, se nós quisermos a verdadeira vida.

Há dentro de nós uma espécie de parasita, sim, um parasita que nos suga as energias, como vermes que vão tirando as nossas energias até ficarmos amarelos, abatidos, magrelos, de ventre inchado, disformes. As lombrigas vão-nos parasitando e sugando a nossa vida. Tomar vermífugo é morte, sim, mas é morte para os parasitas, não é morte para nós.

Então, renunciar a mim mesmo, aqui ,significa renunciar ao egoísta, ao homem velho que está parasitando a minha vida verdadeira.

Sim, é verdade, o remédio é amargo na boca, mas depois é doce, porque dá a vida verdadeira, porque dá a vida do amor. O Evangelho é evangelho de vida e evangelho de amor, mas não pensemos que seja possível caminhar no caminho do amor e continuar em comodidades burguesas. Não. Deus irá contrariar-nos. Não é possível que o Deus de amor e Deus da vida não contrarie quem vive uma cultura de egoísmo e de morte como a nossa. As coisas não se coadunam, ou seja, não “casam”, não fazem sentido.

Não dá para conciliar o Deus de amor com o homem velho e egoísta, o Deus da vida com a “vida” mortífera e destruidora, que é a “vida” no pecado.

 
 
https://padrepauloricardo.org

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