Salvai-nos, Senhor nosso Deus, reuni vossos filhos dispersos pelo mundo, para que celebremos o vosso santo nome e nos gloriemos em vosso louvor (Sl 105,47).
Por trás do mistério do sofrimento, somos convidados a perceber a mão de Deus, que não nos abandona; ao contrário, serve-se de todas as circunstâncias para nos conduzir pelos seus caminhos. Acolhamos o Senhor e sua sabedoria.
Leitura da carta aos Hebreus – Irmãos, 4vós ainda não resististes até o sangue na vossa luta contra o pecado 5e já esquecestes as palavras de encorajamento que vos foram dirigidas como a filhos: “Meu filho, não desprezes a educação do Senhor, não desanimes quando ele te repreende; 6pois o Senhor corrige a quem ele ama e castiga a quem aceita como filho”. 7É para a vossa educação que sofreis, e é como filhos que Deus vos trata. Pois qual é o filho a quem o pai não corrige? 11No momento mesmo, nenhuma correção parece alegrar, mas causa dor. Depois, porém, produz um fruto de paz e de justiça para aqueles que nela foram exercitados. 12Portanto, “firmai as mãos cansadas e os joelhos enfraquecidos; 13acertai os passos dos vossos pés”, para que não se extravie o que é manco, mas antes seja curado. 14Procurai a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor; 15cuidai para que ninguém abandone a graça de Deus. Que nenhuma raiz venenosa cresça no meio de vós, tumultuando e contaminando a comunidade. – Palavra do Senhor.
O amor do Senhor por quem o respeita / é de sempre e para sempre.
1. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, / e todo o meu ser, seu santo nome! / Bendize, ó minha alma, ao Senhor, / não te esqueças de nenhum de seus favores! – R.
2. Como um pai se compadece de seus filhos, / o Senhor tem compaixão dos que o temem. / Porque sabe de que barro somos feitos / e se lembra que apenas somos pó. – R.
3. Mas o amor do Senhor Deus por quem o teme / é de sempre e perdura para sempre; / e também sua justiça se estende † por gerações, até os filhos de seus filhos, / aos que guardam fielmente sua Aliança. – R.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Minhas ovelhas escutam minha voz; / eu as conheço e elas me seguem (Jo 10,27). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – Naquele tempo, 1Jesus foi a Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. 2Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: “De onde recebeu ele tudo isso? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos? 3Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?” E ficaram escandalizados por causa dele. 4Jesus lhes dizia: “Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares”. 5E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. 6E admirou-se com a falta de fé deles. Jesus percorria os povoados das redondezas, ensinando. – Palavra da salvação.
"E admirou-se com a falta de fé deles." É com essas palavras que o Evangelista São Marcos registra os sentimentos de Cristo, rejeitado pelos que lhe eram mais próximos, desprezado por seus conterrâneos e familiares. Não se admira o Senhor com a pouca fé dos nazarenos, senão com a total falta dela. O próprio texto grego, aliás, faz questão de o ressaltar: Jesus fica perplexo diante da ἀπιστία (apistia) daqueles que, embora o conhecessem desde pequenino, na verdade nunca chegaram a conhecê-lo de fato, porque não estavam dispostos a crer nele. Mas o que significa, na prática, esse não ter fé? Vejamos, antes de mais, em que consiste a fé cristã. Trata-se, com efeito, de um dom de Deus derramado em nossos corações: é, noutras palavras, "uma virtude sobrenatural infundida por Ele" (CIC, 153) em nossas almas. Nesse sentido, podemos dizer que, se alguém tem fé, tem-na apenas porque Deus lha concedeu. Ora, se tal é assim, não estariam escusados os nazarenos? Afinal, que culpa teriam eles por um ato a que, por si sós, não têm direito e do qual, deixados às próprias forças, são incapazes?
Sucede porém que a fé é um dom que o Senhor quer dar a todos os homens, pois a todos deseja a salvação: Ele "não quer que ninguém pereça", escreve o Príncipe dos Apóstolos, "mas que todos cheguem ao arrependimento" (2Pd 3, 9). Ele a todo momento nos fala ao coração, convida-nos à conversão, inspira-nos a abraçar a fé em seu Filho, Jesus Cristo. "Eis que estou à porta, e bato", diz-nos todos os dias; "se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa, e com ele cearei, e ele comigo" (Ap 3, 20). Qual, então, a nossa desculpa? De que modo, pois, nos poderíamos excusar de não crer? Não manda Deus graças mais do que suficientes para escutarmos o seu apelo, para assentirmos à sua Palavra? Por que então, ensoberbecidos como os nazarenos de hoje, nos fechamos à fé em Cristo? Acaso julgamos os nossos preconceitos, as nossas tolices e a nossa "ciência", provinciana e de curtas vistas, superiores ao Verbo eterno do Pai? Acaso pensamos ser Deus um enganador, um embusteiro que não merece sequer a mais simplória e frágil das confianças humanas?
O Concílio Vaticano I nos recorda que Deus não se engana e, sendo Ele a suma verdade, não nos pode enganar. Por isso, ao Deus que se revela temos de prestar o obséquio da nossa mais filial e firme obediência; à Verdade que nos fala devemos o mais sincero e humilde ato de fé, pois não é uma pessoa qualquer que se dirige a nós, mas aquele que não mente, nem pode mentir. Se, portanto, podemos estar certos das verdades que Ele nos atesta, pela mesma razão podemos escutar aquele que Ele mesmo enviou, o "seu Filho bem-amado" (Mc 1, 11), que disse: "Crede em Deus, crede em mim também (Jo 14, 1). Que o Senhor nos incremente a fé, fazendo-a amadurecer cada dia mais. Confiantes na bondade e veracidade de Deus, abramos o peito ao único que viu ao Pai, ao único que, por isso mesmo, no-lo pode dar a conhecer (cf. Jo 6, 46; Mt 11, 27).
https://padrepauloricardo.org
Nenhum comentário:
Postar um comentário