segunda-feira, 27 de fevereiro de 2023

1ª Semana da Quaresma - O “êxodo” da Quaresma.

 Evangelho de hoje (Mateus 25,31-46) - Egídio Serpa | Egídio Serpa - Diário  do Nordeste

Como os olhos dos servos estão voltados para as mãos de seu senhor, assim os nossos, para o Senhor nosso Deus, até que se compadeça de nós. Tende piedade de nós, Senhor, tende piedade de nós! (Sl 122,2s)

No centro dos ensinamentos divinos encontra-se a lei do amor ao próximo: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”. Examinemos nossas atitudes em vista de melhorar nossas relações fraternas e nos tornarmos agentes da misericórdia do Pai.

Primeira Leitura: Levítico 19,1-2.11-18

Leitura do livro do Levítico 1O Senhor falou a Moisés, dizendo: 2“Fala a toda a comunidade dos filhos de Israel e dize-lhes: Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo. 11Não furteis, não digais mentiras nem vos enganeis uns aos outros. 12Não jureis falso por meu nome, profanando o nome do Senhor teu Deus. Eu sou o Senhor. 13Não explores o teu próximo nem pratiques extorsão contra ele. Não retenhas contigo a diária do assalariado até o dia seguinte. 14Não amaldiçoes o surdo nem ponhas tropeço diante do cego, mas temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor. 15Não cometas injustiças no exercício da justiça; não favoreças o pobre nem prestigies o poderoso. Julga teu próximo conforme a justiça. 16Não sejas um maldizente entre o teu povo. Não conspires, caluniando-o, contra a vida do teu próximo. Eu sou o Senhor. 17Não tenhas no coração ódio contra teu irmão. Repreende o teu próximo, para não te tornares culpado de pecado por causa dele. 18Não procures vingança nem guardes rancor aos teus compatriotas. Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor”. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 18(19)

Ó Senhor, vossas palavras são espírito e vida!

1. A lei do Senhor Deus é perfeita, / conforto para a alma! / O testemunho do Senhor é fiel, / sabedoria dos humildes. – R.

2. Os preceitos do Senhor são precisos, / alegria ao coração. / O mandamento do Senhor é brilhante, / para os olhos é uma luz. – R.

3. É puro o temor do Senhor, / imutável para sempre. / Os julgamentos do Senhor são corretos / e justos igualmente. – R.

4. Que vos agrade o cantar dos meus lábios / e a voz da minha alma; / que ela chegue até vós, ó Senhor, / meu rochedo e redentor! – R.

Evangelho: Mateus 25,31-46

Salve, Cristo, luz da vida, / companheiro na partilha!

Eis o tempo de conversão; / eis o dia da salvação (2Cor 6,2). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 31“Quando o Filho do Homem vier em sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. 32Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. 33E colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos à sua esquerda. 34Então o rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai! Recebei como herança o Reino que meu Pai vos preparou desde a criação do mundo! 35Pois eu estava com fome e me destes de comer; eu estava com sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me recebestes em casa; 36eu estava nu e me vestistes; eu estava doente e cuidastes de mim; eu estava na prisão e fostes me visitar’. 37Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer? Com sede e te demos de beber? 38Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? 39Quando foi que te vimos doente ou preso e fomos te visitar?’ 40Então o rei lhes responderá: ‘Em verdade eu vos digo que, todas as vezes que fizestes isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizestes!’ 41Depois o rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastai-vos de mim, malditos! Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e para os seus anjos. 42Pois eu estava com fome e não me destes de comer; eu estava com sede e não me destes de beber; 43eu era estrangeiro e não me recebestes em casa; eu estava nu e não me vestistes; eu estava doente e na prisão e não fostes me visitar’. 44E responderão também eles: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome ou com sede, como estrangeiro ou nu, doente ou preso, e não te servimos?’ 45Então o rei lhes responderá: ‘Em verdade eu vos digo, todas as vezes que não fizestes isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizestes!’ 46Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna”. – Palavra da salvação.

Reflexão
 
No Evangelho de hoje, o Senhor nos conta uma parábola de que Ele mesmo é protagonista: no dia do Juízo, quando todos os homens, bons e maus, se reunirem em torno dele para serem julgados, Jesus se apresentará como Rei soberano e Juiz inapelável, que dará a cada um a recompensa devida ao amor que teve em vida tanto a Deus como ao próximo. Naquele dia tremendo, seremos julgados pelo amor, pois é ao amor que se reduz toda a Lei divina: “Amar a Deus sobre todas as coisas, de todo coração, com todas as forças, e ao próximo como a si mesmo por amor de Deus”, aprendemos em nossas catequeses. No entanto, para não chegarmos desprevenidos ao dia do Juízo, temos de saber já que caminhos e que atalhos tomar, a fim de que esse amor por que seremos julgados nasça, cresça e, na hora do julgamento, não se envergonhe de comparecer diante do tribunal de Cristo. Porque o amor, como todas as realidades vivas, tem também suas leis próprias, que lhe regem o dinamismo e determinam o que lhe é ou conveniente ou prejudicial. Eis porque a Igreja prescreve que, para o tempo da Quaresma, os cristãos nos entreguemos com maior empenho ao jejum, à oração e à esmola, pois são estes os três meios ou caminhos de que devemos partir, no ponto em que estamos, para chegarmos ao termo a que nos encaminhamos. O ponto em que nos achamos é o egoísmo e a sujeição ao pecado, aos vícios e aos nossos caprichos: é um Egito de misérias e tristezas; o termo de chegada é um amor puro e filial a Deus: uma terra de promissão, de alegria e santidade. Neste êxodo que devemos percorrer de um a outro extremo, do egoísmo à caridade, o jejum nos mortifica a carne, a oração nos abre à graça e a esmola concretiza o amor a Deus em obras de amor ao próximo: o jejum, negando-nos o que nos agrada, e às vezes o que nos é necessário, põe o corpo sob o comando da alma; a oração, pondo-nos mais em contato com a nossa miséria, põe a alma sob o domínio de Deus; e a esmola, mortificando-nos o egoísmo, põe-nos a serviço do irmão, para que, servindo a este, sirvamos de fato a Deus. Não percamos tempo, não deixemos para a Sexta-feira Santa o início dessa jornada. Avancemos sem medo e confiantes na graça de Deus, que nos há-de ajudar sem falta. E se porventura desanimarmos, lembremos com alegria que as misericórdias do Senhor não permitirão que se apresente sem amor no dia do Juízo quem a Deus deu todo o amor que tinha em vida.

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