Salve, ó Santa Mãe de Deus, vós destes à luz o Rei que governa o céu e a terra pelos séculos eternos (Sedúlio).
Embora sob o peso das consequências
da longa pandemia e das polarizações, com esperança no coração nos
reunimos para a primeira celebração do novo ano civil. Amados e
acolhidos com afeto materno pela Mãe de Deus, peçamos-lhe que nos
acompanhe ao longo do novo ano. Que ela nos ajude, em espírito de Igreja
sinodal, a superar o ciclo da intolerância e nos anime a construir uma
sociedade mais justa, pacífica e solidária.
Primeira Leitura: Números 6,22-27
Leitura do livro dos Números – 22O Senhor falou a Moisés, dizendo: 23“Fala a Aarão e a seus filhos: Ao abençoar os filhos de Israel, dizei-lhes: 24‘O Senhor te abençoe e te guarde! 25O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e se compadeça de ti! 26O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz!’ 27Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel, e eu os abençoarei”. – Palavra do Senhor.
Salmo Responsorial: 66(67)
Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção.
1. Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção, / e sua face resplandeça sobre nós! / Que na terra se conheça o seu caminho / e a sua salvação por entre os povos. – R.
2. Exulte de alegria a terra inteira, / pois julgais o universo com justiça; / os povos governais com retidão / e guiais, em toda a terra, as nações. – R.
3. Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor, / que todas as nações vos glorifiquem! / Que o Senhor e nosso Deus nos abençoe, / e o respeitem os confins de toda a terra! – R.
Segunda Leitura: Gálatas 4,4-7
Leitura da carta de São Paulo aos Gálatas – Irmãos, 4quando se completou o tempo previsto, Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher, nascido sujeito à Lei, 5a fim de resgatar os que eram sujeitos à Lei e para que todos recebêssemos a filiação adotiva. 6E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abá – ó Pai! 7Assim já não és escravo, mas filho; e se és filho, és também herdeiro: tudo isso por graça de Deus. – Palavra do Senhor.
Evangelho: Lucas 2,16-21
Aleluia, aleluia, aleluia.
De muitos modos, Deus outrora nos falou pelos profetas; / nestes tempos derradeiros, nos falou pelo seu Filho (Hb 1,1s). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 16os pastores foram às pressas a Belém e encontraram Maria e José, e o recém-nascido deitado na manjedoura. 17Tendo-o visto, contaram o que lhes fora dito sobre o menino. 18E todos os que ouviram os pastores ficaram maravilhados com aquilo que contavam. 19Quanto a Maria, guardava todos esses fatos e meditava sobre eles em seu coração. 20Os pastores voltaram, glorificando e louvando a Deus por tudo que tinham visto e ouvido, conforme lhes tinha sido dito. 21Quando
se completaram os oito dias para a circuncisão do menino, deram-lhe o
nome de Jesus, como fora chamado pelo anjo antes de ser concebido. –
Palavra da salvação.
Reflexão
A solenidade de Nossa Senhora, Mãe de Deus, celebrada no dia 1.º de
janeiro, dá fim à Oitava do Natal e início a mais um ano civil, posto
sob os auspícios maternais daquela que, segundo a doutrina defendida
pelo Concílio de Éfeso contra a ímpia heresia de Nestório, é
verdadeiramente Teótoco (Θεοτόκος), isto é, Mãe de Deus, por ter gerado e
dado à luz segundo a carne o próprio Filho de Deus feito carne. A
Igreja dirige hoje o nosso olhar para a Mãe do Salvador, não porque
Jesus seja menos importante, mas porque Maria SS., na economia da
redenção determinada ab æterno por Deus, era necessária para
que o Filho de Deus se tornasse Filho do Homem. A Virgem bendita, nesse
sentido, não é um “apêndice” nem um detalhe de somenos na história da
salvação, mas, antes, uma peça-chave, sem a qual Deus não quis entrar na
história e da qual Ele mesmo assumiu a carne para poder-se chamar
realmente Emanuel. Com efeito, o Senhor mesmo, enquanto caminhou no meio
de nós, fez questão de ressaltar várias vezes (cerca de 78, se
consideramos as passagens paralelas) que Ele, Filho eterno do Pai, era
também Filho do Homem (gr. ὁ υἱὸς τοῦ ἀνθρώπου, hebr. bar ’enash),
expressão da qual se servia não somente por ser conhecida dos hebreus e
remeter espontaneamente à profecia messiânica de Daniel (cf. Dn
7, 13s), mas também por indicar que Ele recebeu toda a sua humanidade
de uma única carne, de um único ser humano, isto é, das entranhas
puríssimas e nunca profanadas da Virgem Imaculada. Ele, com efeito, é
Filho do Homem, homem como nós em tudo, menos no pecado, justamente por
ser Filho de Maria, não no sentido de que ela tenha dado origem à
divindade com que o seu Filho é antes dela e de todos os séculos, mas
porque o Espírito Santo a fecundou para que dela assumisse a natureza
humana Aquele que, sendo Deus eterno, a criou no tempo, e para que ela
mesma gerasse e desse à luz, permanecendo intacta a sua virgindade,
Aquele que é o próprio e sempiterno unigênito do Genitor eterno (cf. S.
Leão Magno, Ad Flav., c. 2; DH 291). A grandeza admirável dessa
geração singular, pela qual o Filho eterno do Pai se fez Filho de
Maria, supera em tal medida todo entendimento criado que a moderação de
um santo da estatura de Tomás de Aquino chegou a afirmar que, por sua
divina maternidade, a Virgem SS. foi elevada a uma dignidade quase
infinita. Que também nós possamos encher-nos da mesma admiração que
levou o Aquinate a cantar os louvores da Mãe do Criador. Renovando hoje
nossa consagração total a ela, peçamos à Virgem SS. que nos guarde sob o
seu amparo ao longo de todo este ano que se inicia e se digne
interceder por nós junto ao seu Filho, a quem seja toda toda honra e
glória pelos séculos dos séculos. Amém.
https://padrepauloricardo.org
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