terça-feira, 17 de janeiro de 2023

2ª Semana do Tempo Comum - O porquê do sábado.

 9º Domingo do Tempo Comum – 03/06/2018 – Mater Ecclesiae

Primeira Leitura (Hb 6,10-20)

Leitura da Carta aos Hebreus.

Irmãos, 10Deus não é injusto, para esquecer aquilo que estais fazendo e a caridade que demonstrastes em seu nome, servindo e continuando a servir aos santos. 11Mas desejamos que cada um de vós mostre até o fim este mesmo empenho pela plena realização da esperança, 12para não serdes lentos à compreensão, mas imitadores daqueles que, pela fé e a perseverança se tornam herdeiros das promessas.

13Pois quando Deus fez a promessa a Abraão, não havendo alguém maior por quem jurar, jurou por si mesmo, 14dizendo: “Eu te cumularei de bênçãos e te multiplicarei em grande número”. 15E assim, Abraão foi perseverante e alcançou a promessa.

16Os homens juram, de fato, por alguém mais importante, e a garantia do juramento põe fim a qualquer contestação. 17Por isso, querendo Deus mostrar, com mais firmeza, aos herdeiros da promessa, o caráter irrevogável da sua decisão, interveio com um juramento.

18Assim, por meio de dois atos irrevogáveis, nos quais não pode haver mentira por parte de Deus, encontramos profunda consolação, nós que tudo deixamos para conseguir a esperança proposta.

19A esperança, com efeito, é para nós qual âncora da vida, segura e firme, penetrando para além da cortina do santuário, 20aonde Jesus entrou por nós, como precursor, feito sumo sacerdote eterno na ordem de Melquisedec.

- Palavra do Senhor.

Responsório Sl 110(111),1-2.4-5.9 e 10c (R. 5b)

— O Senhor se lembra sempre da Aliança.

— O Senhor se lembra sempre da Aliança.

— Eu agradeço a Deus de todo o coração junto com todos os seus justos reunidos! Que grandiosas são as obras do Senhor, elas merecem todo o amor e admiração!

— O Senhor bom e clemente nos deixou a lembrança de suas grandes maravilhas. Ele dá o alimento aos que o temem e jamais esquecerá sua Aliança.

— Enviou libertação para o seu povo, confirmou sua Aliança para sempre. Seu nome é santo e é digno de respeito. Permaneça eternamente o seu louvor.

- Graças a Deus.

Evangelho (Mc 2,23-28)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Que o Pai do Senhor Jesus Cristo vos dê do saber o Espírito; para que conheçais a esperança, reservada para vós como herança! (Ef 1,17-18)

— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Marcos.

— Glória a vós, Senhor.

23Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam. 24Então os fariseus disseram a Jesus: “Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?”

25Jesus lhes disse: “Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? 26Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães”.

27E acrescentou: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. 28Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.

No Evangelho de hoje, Jesus nos coloca em uma controvérsia a respeito do sábado. Ao passarem por um campo de trigo, os seus discípulos colhem algumas espigas, e por isso perguntam os fariseus: “Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?” (v. 24). Jesus então lhes diz que Ele, o Filho do Homem, é Senhor também do sábado (cf. v. 28). Que isso quer dizer? Em primeiro lugar, é preciso entender o que é o preceito do sábado. Não se trata de um preceito meramente formal, cujo centro seja o não trabalhar. Não. Na verdade, o sábado é uma espécie de “dízimo” que Deus pede do nosso tempo. De fato, é parte da natureza das coisas que o homem dedique um tempo a Deus, à oração. Essa é a substância, a essência do preceito do sábado. A essência do preceito, portanto, não está em cessar o trabalho, mas no estar com Deus e dedicar-lhe tempo. Isso é o fundamental. Ora, acontece que, ao longo dos séculos, o que era um preceito divino para que o homem tivesse um tempo na presença de Deus tornou-se um formalismo jurídico, isto é, um “moralismo”. É por isso que os judeus observavam minuciosamente os menores gestos para não trabalhar no sábado, mas sem viver a essência, a verdade do sábado, ou seja, o fato de que o sábado foi instituído para o homem amar a Deus e estar mais unido a Ele. Jesus mostra, pois, a hipocrisia dos judeus e como eles acabavam criando dois pesos e duas medidas: por um lado, condenam-lhe os discípulos por colherem restos de espigas em dia de sábado, ainda que por necessidade de alimentar-se; por outro, não se dão conta de que estas exceções já existiam no Antigo Testamento, como se vê pelo exemplo do sacerdote Abiatar (cf. v. 25s). Não é a formalidade jurídica, mas a coisa, a res, o que devemos buscar quando abraçamos os Mandamentos de Deus. Ora, todos os dez Mandamentos revelados por Deus a Moisés estão na natureza mesma das coisas. Mesmo que Deus não lhos tivesse revelado, nós, com a nossa inteligência, se não fôssemos tão maus e depravados, teríamos sido capazes de os descobrir à luz natural da razão. Vendo porém que nos encontrávamos em situação de perversão, já que o pecado nos obnubila a inteligência e impede que raciocinemos direito, Deus, por misericórdia e compaixão, quis revelar-nos a Lei, para que a pudéssemos enxergar. Ora, um dos artigos da Lei é o preceito básico e fundamental: é necessário dedicar um tempo a Deus, ao culto divino, à oração. Por quê? Porque é necessário amar a Deus como a um amigo de fato. Por isso, a nossa santa religião não consiste numa série de preceitos morais esmagadores. Não. Os preceitos existem, sim, mas para criar em nós o espaço de liberdade sem o qual não podemos amar. Cessar os trabalhos para se dedicar à oração é uma libertação; é estar livre para dedicar um tempo a Deus. Eis a essência do sábado. Jesus é Senhor também do sábado porque é Ele a razão de cessarmos nossos trabalhos para estar com Deus. 


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