segunda-feira, 16 de janeiro de 2023

2ª SEMANA DO TEMPO COMUM - A purificação que prepara a santidade.

 Evangelho do dia: A misericórdia e o jejum (Mc 2,18-22) – Oratório São Luiz  – 120 Anos

Que toda a terra se prostre diante de vós, ó Deus, e cante louvores ao vosso nome, Deus altíssimo! (Sl 65,4)

Por sua morte na cruz, Jesus “tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem”. Renovemos nossa total confiança em nosso Salvador, que fortalece nossa fé e nosso compromisso com o “vinho novo” do seu Evangelho.

Primeira Leitura: Hebreus 5,1-10

Leitura da carta aos Hebreus 1Todo sumo sacerdote é tirado do meio dos homens e instituído em favor dos homens nas coisas que se referem a Deus, para oferecer dons e sacrifícios pelos pecados. 2Sabe ter compaixão dos que estão na ignorância e no erro, porque ele mesmo está cercado de fraqueza. 3Por isso, deve oferecer sacrifícios tanto pelos pecados do povo quanto pelos seus próprios. 4Ninguém deve atribuir-se essa honra, senão o que foi chamado por Deus, como Aarão. 5Desse modo, também Cristo não se atribuiu a si mesmo a honra de ser sumo sacerdote, mas foi aquele que lhe disse: “Tu és o meu Filho, eu hoje te gerei”. 6Como diz em outra passagem: “Tu és sacerdote para sempre, na ordem de Melquisedeque”. 7Cristo, nos dias de sua vida terrestre, dirigiu preces e súplicas, com forte clamor e lágrimas, àquele que era capaz de salvá-lo da morte. E foi atendido, por causa de sua entrega a Deus. 8Mesmo sendo Filho, aprendeu o que significa a obediência a Deus por aquilo que ele sofreu. 9Mas, na consumação de sua vida, tornou-se causa de salvação eterna para todos os que lhe obedecem. 10De fato, ele foi por Deus proclamado sumo sacerdote na ordem de Melquisedeque. – Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 109(110)

Tu és sacerdote eternamente / segundo a ordem do rei Melquisedeque!

1. Palavra do Senhor ao meu Senhor: / “Assenta-te ao lado meu direito / até que eu ponha os inimigos teus / como escabelo por debaixo de teus pés!” – R.

2. O Senhor estenderá desde Sião † vosso cetro de poder, pois ele diz: / “Domina com vigor teus inimigos. – R.

3. Tu és príncipe desde o dia em que nasceste; † na glória e esplendor da santidade, / como o orvalho, antes da aurora, eu te gerei!” – R.

4. Jurou o Senhor e manterá sua palavra: † “Tu és sacerdote eternamente, / segundo a ordem do rei Melquisedeque!” – R.

Evangelho: Marcos 2,18-22

Aleluia, aleluia, aleluia.

A Palavra do Senhor é viva e eficaz: / ela julga os pensamentos e as intenções do coração (Hb 4,12). – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – Naquele tempo, 18os discípulos de João Batista e os fariseus estavam jejuando. Então, vieram dizer a Jesus: “Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?” 19Jesus respondeu: “Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar. 20Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar. 21Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha, porque o remendo novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda. 22Ninguém põe vinho novo em odres velhos, porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos”. – Palavra da salvação.

Reflexão
No Evangelho de hoje, vemos uma pergunta curiosa: por que é que os discípulos de João jejuavam, mas os de Jesus não? A resposta de Cristo é uma metáfora sobre o noivo: enquanto o noivo está com os convidados e amigos, estes não jejuam, porque é momento de festa. Mas o que está realmente por trás deste contraste e contraposição entre Jesus e S. João Batista? Na verdade, estamos falando aqui de duas fases da vida espiritual que poderíamos caracterizar como o tempo do Antigo, por um lado, e o do Novo Testamento, por outro. No Antigo Testamento, Deus preparara o seu povo por meio da Lei, de penitências e sacrifícios, para que tivessem todos um coração bem disposto para receber o Cristo. Ora, é claro que, na época de Jesus, nem todos estavam prontos e preparados, havia porém aquele pequeno resto de Israel, os poucos justos que, como o profeta Simeão, a velha viúva Ana, S. Zacarias e S. Isabel, aguardavam a vinda do Messias e estavam de coração bem disposto. Como? Por cumprirem os Mandamentos de Deus e viverem o que nós chamamos de via purgativa, isto é, a primeira fase da vida espiritual, na qual é preciso esforçar-se asceticamente para livrar-se dos próprios defeitos e pecados mais grosseiros; uma vez livre deles, surgem para o fiel duas missões básicas: controlar o instinto da ira e o do desejo carnal. Ou seja: na fase purgativa, inicial, da vida espiritual é preciso “caprichar” na pureza e na paciência. São duas tarefas necessárias, mas que muitos não enxergam, por quererem ir diretamente para a segunda fase, a da santidade, sem fazer o dever de casa. No entanto, é preciso domar antes aqueles dois cavalos selvagens que vivem dentro de nós, o cavalo do desejo — portanto, a virtude da pureza — e o da raiva — portanto, a virtude da paciência. É assim que, trabalhando essas duas virtudes com delicadeza, a alma se purifica, já superados, é claro, os defeitos mais grosseiros. Acontece então o que chamamos de passagem pela porta estreita: começa-se finalmente a ver os frutos da santidade, e a graça de Deus começa a brotar e aparecer mais claramente em seus efeitos visíveis. E aí que se entra na via iluminativa, e é ela que Jesus nos veio trazer. Ficamos nos perguntando: como tantas pessoas, no início da Igreja, puderam santificar-se? Porque durante séculos Deus as havia preparado pela via purgativa, pela purificação, para receber a graça e entrar na vida de santidade propriamente dita. E por que tão poucos hoje entram nessa vida de santidade? Porque somos preguiçosos e não queremos fazer o dever de casa do Antigo Testamento, ou seja, o jejum de que nos fala o Evangelho! Sim, é verdade que os convidados do casamento não jejuam na presença do noivo, mas também é verdade que não estaremos devidamente preparados para esta presença graciosa de Cristo se não vivermos o que precisamos viver, que é este trabalho quase “braçal” de purificação no início da vida espiritual. Deixemos de ser preguiçosos e façamos nosso dever de casa, obedecendo aos Mandamentos e às leis de Deus e, sobretudo, tendo uma vida séria de penitência, para colocar nos trilhos as nossas paixões, através de uma grande pureza e uma grande paciência.
 
 
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