A fé dos cristãos colocada à prova: o perigo do respeito humano e do pensamento "politicamente correto".
Uma lição antiga, atribuída a La Rochefoucauld, diz que "a fraqueza se contrapõe mais à virtude do que ao vício". Era com esta frase que o Papa Pio XI respondia àqueles que o achavam muito severo, "de pulso muito firme"01.
Em nosso tempo, em que a pusilanimidade parece ser a regra e
tergiversar, mesmo em matérias de importância vital para a vida do homem
e da Igreja, é conduta comum, nunca foi tão necessário falar da virtude
da fortaleza.
Ao contrário do que se poderia pensar, corajoso e forte não é quem
não tem medo. O medo faz parte da natureza humana e, dirigido às coisas
certas, pode ser bastante vantajoso, inclusive para a vida espiritual. O temor do Senhor, que o autor sagrado diz ser "o princípio da sabedoria"
(Pr 9, 10), é consequência direta do verdadeiro amor que devemos a
Deus: se verdadeiramente O amamos, também tememos perder a sua amizade, a
sua presença em nossa alma. Já que, como lembra Santo Afonso de
Ligório, "a vida presente é uma guerra contínua com o inferno, na qual
corremos, a cada instante, o perigo de perder a Deus", Ele nos concede a
virtude da fortaleza, que ordena os nossos medos e nos ajuda a dizer
"não" ao mal e ao pecado.
O que faz o "politicamente correto", por outro lado? Dirige o
medo que deveria ter de ofender Jesus aos afetos humanos, teme antes a
inimizade dos homens que a de Deus, transforma o "temor do Senhor" em
"temor do mundo". Esta ética frívola condenada por tantos de
nossos contemporâneos é análoga àquela atitude que os cristãos chamam de
"respeito humano". O medo maior desta pessoa é perder o prestígio da
opinião pública, dos seus fãs; ela é torturada a todo instante
imaginando o que as pessoas vão pensar dela. Na hora do martírio, de
entregar sua vida, ela "coloca a mão no arado" (Lc 9, 62) e desiste
covardemente.
Não é surreal comparar a perseguição física que os cristãos experimentam em países sem liberdade religiosa com o "assassinato da personalidade" que muitos outros sofrem em ambientes da vida quotidiana. Como já tinha dito o Papa Bento XVI em sua visita ao Reino Unido02,
"na nossa época, o preço que deve ser pago pela fidelidade ao Evangelho
já não é ser enforcado, afogado e esquartejado, mas muitas vezes
significa ser indicado como irrelevante, ridicularizado ou ser motivo de
paródia".
Ainda assim, lembra o Santo Padre, "a Igreja não se pode eximir do
dever de proclamar Cristo e o seu Evangelho como verdade salvífica,
fonte da nossa felicidade última como indivíduos, e como fundamento de
uma sociedade justa e humana". Mesmo que nos persigam, não podemos nos
calar. Mesmo que nos ridicularizem, não podemos deixar de pregar com
parresía, com franqueza e coragem. Em um mundo onde tantos advogam,
ainda que de modo subliminar, uma cultura "politicamente correta",
baseada em categorias humanas, somos chamados a outra retidão: àquela
que tem sua base nas palavras de Cristo e no Magistério da Sua Igreja.
As ocasiões para testemunhar a fé são muitas e Deus sempre nos
auxilia com Sua graça, para tomarmos a decisão correta. É verdade o que
disse Orígenes: "O cristão, depois de uma tentação, ou sai idólatra ou sai mártir".
Por: Equipe Christo Nihil Praeponere
Nenhum comentário:
Postar um comentário