Com
o fim da Jornada, uma outra começa. Os nossos jovens estão
verdadeiramente dispostos a testemunhar a sua fé ou tudo foi apenas
"fogo de palha"?
A Jornada Mundial da Juventude terminou com uma missão aos jovens: "Ide e fazei discípulos entre as nações!"
(Mt 28, 19). Esta missão, que também foi o lema da Jornada, está
contida na própria essência da fé da Igreja. Quem descobre Cristo e a
grandeza de seu amor não pode ficar indiferente ou esconder esta dádiva.
Faz como aquele homem que achou um tesouro escondido no campo: "cheio
de alegria", ele "vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo"
(Mt 13, 44). Em sua encíclica Lumen Fidei, o Papa Francisco escreveu que "quem se abriu ao amor de Deus, acolheu a sua voz e recebeu a sua luz não pode guardar esse dom para si mesmo".
Foi muito bom ver mais de 3 milhões de jovens reunidos em Copacabana.
Era praticamente impossível não encher os olhos diante de um testemunho
tão belo da vivacidade da Igreja. No entanto, como já dito, a
peregrinação ao Rio é só o começo. Se os mesmos jovens que gritavam ser a
juventude do Papa não fizerem um encontro real com nosso Senhor Jesus
Cristo e não lutarem para manter acesa em seus corações a luz da fé, por
meio da oração, dos Sacramentos e do estudo, então, toda esta bela
festa terá sido em vão.
Na mesma semana da Jornada, por exemplo, a mídia fez alarde com uma
pesquisa que demonstrava que, supostamente, os jovens "católicos" teriam
visões opostas às da Igreja em temas cruciais, como a contracepção ou o
"casamento" gay01.
Pondo de lado a confiabilidade desta pesquisa – encomendada por um
grupo abortista –, não é preciso procurar muito para ver que,
infelizmente, muitos de nossos católicos não assumem para si os
ensinamentos de sua Igreja. De fato, ainda não entenderam que
certos temas, especialmente no campo moral, não são opináveis, mas, por
fazerem parte do patrimônio de nossa fé ou – para utilizar uma expressão
da Lumen Fidei – do "corpo da verdade", são irrenunciáveis.
"Precisamente porque todos os artigos de fé estão unitariamente
ligados, ensina o Papa Francisco, negar um deles – mesmo dos que possam
parecer menos importantes – equivale a danificar o todo".
Daqui surge a importância, especialmente em nossos tempos, do estudo.
Afinal, como podemos amar aquilo que não conhecemos? Bento XVI, ao
pedir aos jovens que lessem e estudassem o Catecismo, alertou:
"Tendes de conhecer a vossa fé como um especialista em informática domina o sistema operacional de um computador. Tendes de compreendê-la como um bom músico entende uma partitura. Sim, tendes de estar enraizados na fé ainda mais profundamente que a geração dos vossos pais, para enfrentar os desafios e as tentações deste tempo com força e determinação".
A Jornada foi um grande êxito, mas toda aquela multidão que seguia o
Papa está realmente disposta a assumir a missão dada por Cristo de ir ao
mundo e anunciar o Evangelho a toda criatura? Todas essas
pessoas estão realmente dispostas a remar contra a maré e dizer "não" ao
pecado e ao mundo? Ou tudo foi só oba-oba, para encenar uma grande
coreografia?
Não podemos simplesmente enfiar a cabeça na areia e fingir que está
tudo bem... 3,5 milhões de jovens na praia de Copacabana não dizem nada,
se esses jovens não estiverem "enraizados em Cristo e firmes na fé",
como dizia o tema da Jornada de Madri. O Reino de Deus começa como um
grão de mostarda, não como uma árvore frondosa.
Se quisermos verdadeiramente nos salvar e ajudar nosso Senhor
a salvar almas, precisamos entender que toda conversão passa pelo
caminho da Cruz. Foi a mensagem de Bento XVI aos jovens em
Madri: "Fora de Cristo morto e ressuscitado, não há salvação! Só Ele
pode libertar o mundo do mal e fazer crescer o Reino de justiça, de paz e
de amor pelo qual todos aspiram"; foi a mensagem de Francisco aos
jovens no Rio: "A Cruz continua a escandalizar; mas é o único caminho
seguro: o da Cruz, o de Jesus, o da Encarnação de Jesus."; e é a
mensagem perene da Igreja para todos os homens. Não deixemos que a graça
divina emanada do sucessor de São Pedro passe por nós sem fruto.
O mundo que aguarda o retorno desses jovens que foram à Jornada não é
amigável, muito menos cordial. Pelo contrário, como o lobo que espreita
o rebanho de ovelhas, também eles - os inimigos da Cruz - farão
qualquer coisa para dissipar a fé e desencorajar a missionaridade
cristã, seja com heresias, seja com perseguições. Assim, cabe ao jovem,
seguindo os passos do Opúsculo de Hugo de São Vitor sobre o estudo, ser
"defensor da reta fé, debelador do erro, e ensinar o bem". E isso requer uma grande humildade, uma entrega total a Deus e à sua vontade,
uma vez que, como ensinava Pio XII, "o preceito da hora presente não é
lamento, mas ação (...). Pertence aos membros melhores e mais escolhidos
da cristandade, penetrados por um entusiasmo de cruzados, reunirem-se
em espírito de verdade, de justiça e de amor, ao grito de "Deus o quer",
prontos a servir, a sacrificar-se, como os antigos cruzados". Não,
jovens, não tenhais medo de abrir as portas para o Senhor. Soldados de Cristo, levantai-vos!
Por: Equipe Christo Nihil Praeponere
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