A intercessão de Nossa Senhora é uma das principais armas do cristão contra o flagelo do pecado.
A recente decisão do Papa Francisco de repetir o gesto de seus
predecessores, consagrando novamente o mundo ao Imaculado Coração de
Maria, reacende no coração dos católicos a necessária devoção mariana,
já que "não há fruto da graça na história da salvação que não tenha como
instrumento necessário a mediação de Nossa Senhora"01.
Ela, a Tota Pulchra, a Virgem Puríssima cuja maternidade divina se
estende desde o céu a toda a humanidade, é quem prodigaliza as bênçãos
da paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo,
repartindo-as de bom grado entre cada um de seus filhos, sobretudo entre
aqueles que souberem optar pelo sim total ao seu dulcíssimo coração.
O vale de lágrimas no qual se transformou os países do Oriente Médio,
em especial, o Egito, onde centenas de milhares de cristãos estão
sofrendo, vítimas da perseguição de extremistas islâmicos, provoca,
obviamente, dor, desespero e indignação. A experiência daqueles que, de
sobressalto, veem-se mergulhados numa esfera de terror e medo, como é a
dessas nações neste momento, suscita as palavras de Cristo na cruz: "Eli, Eli, lammá sabactáni?
- o que quer dizer: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?" (Cf.
Mt 27, 46). Por outro lado, ao longo desses dois milênios de
Cristandade, a intercessão da Virgem Maria pelos filhos da Igreja sempre
foi um refúgio seguro para defesa da fé. Com efeito, cada fiel é
novamente convidado a recorrer à proteção da Mãe de Deus, tida pela
Tradição como a Auxilium Christianorum, sempre que o bem da causa de
Cristo estiver em jogo, como o está agora.
Recorda o Papa Leão XIII, na sua Encíclica Augustissimae Virginis Mariae acerca da récita do rosário, que "a
história da Igreja atesta a força e a eficácia destas orações,
recordando-nos a derrota das forças turcas na batalha naval de Lepanto, e
as esplêndidas vitórias alcançadas no século passado sobre os mesmos
Turcos em Temesvar, na Hungria, e perto da ilha de Corfu" (Cf.
09). Alçada pela vontade de Deus à graça de cooperar na obra da
salvação, Maria, sempre que invocada por seus filhos, não os abandonou à
própria sorte, antes, agiu de forma decisiva para o êxito da Igreja e
para glória do nome de seu filho, Nosso Senhor e Salvador.
Inúmeros são os testemunhos dos santos que, abandonando-se à proteção
maternal de Maria, puderam antegozar na terra o paraíso que os
aguardava no céu. Ora, e não há um sequer que tenha chegado à glória dos
altares sem antes ter-se formado no cenáculo da Beatíssima Virgem, o
qual também formou Jesus durante 30 anos, período em que viveu
servindo-a em silêncio e recolhimento antes da sua revelação pública.
Tamanha é a pureza de Maria, diz São Luís Maria Grignon de Montfort,
"que Ela glorificou mais Deus pela mínima das suas obras (por exemplo:
fiar na sua roca ou dar alguns pontos de costura com agulha), do que São
Lourenço pelo cruel martírio que sofreu na grelha, e mesmo do que todos
os santos pelas suas mais heróicas ações".
Na condição de criatura escolhida por Deus para dar à luz o seu
próprio filho, Maria teve a nobre missão de ensinar a Palavra de Deus a
falar, uma vez que era Ele "semelhante a nós em tudo, exceto no pecado"
(Cf. CIC, n.470). Se, portanto, Deus, para redimir o gênero humano, se
submeteu aos cuidados de uma mulher, acolhendo-a por mãe, que resta à
humanidade senão ir ao encontro dessa mesma mulher em caráter
verdadeiramente filial? Ora, se Deus a amou como Filho, como não amá-la e
servi-la também?
Ocorre que, perante o flagelo da humanidade pelo pecado e pela ação
destruidora do mal, é exatamente neste momento - lembra Bento XVI - "que
teremos em Nossa Senhora a melhor defesa contra os males que afligem a
vida moderna". Com efeito, faz-se mais do que urgente a consagração
total ao Imaculado Coração de Maria, porquanto "foi pela Santíssima
Virgem Maria que Jesus Cristo veio ao mundo, e é também por Ela que deve
reinar no mundo".02
Por: Equipe Christo Nihil Praeponere
Referências
- Missa e Canonização de Frei Antônio de Sant’Anna Galvão, OFM
- Cf. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, n. 01
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