Leitura dos Atos dos Apóstolos.
3 11 Como ele se conservava perto de Pedro e João, uma multidão de curiosos afluiu a eles no pórtico chamado Salomão.
12 À vista disso, falou Pedro ao povo: “Homens de Israel, por que vos admirais assim? Ou por que fitais os olhos em nós, como se por nossa própria virtude ou piedade tivéssemos feito este homem andar?
13 O Deus de Abraão, de Isaac, de Jacó, o Deus de nossos pais glorificou seu servo Jesus, que vós entregastes e negastes perante Pilatos, quando este resolvera soltá-lo.
14 Mas vós renegastes o Santo e o Justo e pedistes que se vos desse um homicida.
15 Matastes o Príncipe da vida, mas Deus o ressuscitou dentre os mortos: disso nós somos testemunhas.
16 Em virtude da fé em seu nome foi que esse mesmo nome consolidou este homem, que vedes e conheceis. Foi a fé em Jesus que lhe deu essa cura perfeita, à vista de todos vós.
17 Agora, irmãos, sei que o fizestes por ignorância, como também os vossos chefes.
18 Deus, porém, assim cumpriu o que já antes anunciara pela boca de todos os profetas: que o seu Cristo devia padecer.
19 Arrependei-vos, portanto, e convertei-vos para serem apagados os vossos pecados.
20 Virão, assim, da parte do Senhor os tempos de refrigério, e ele enviará aquele que vos é destinado: Cristo Jesus.
21 É necessário, porém, que o céu o receba até os tempos da restauração universal, da qual falou Deus outrora pela boca dos seus santos profetas.
22 Já dissera Moisés: ‘O Senhor, nosso Deus, vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim: a este ouvireis em tudo o que ele vos disser.
23 Todo aquele que não ouvir esse profeta será exterminado do meio do povo’.
24 Todos os profetas, que têm falado sucessivamente desde Samuel, anunciaram estes dias.
25 Vós sois filhos dos profetas e da aliança que Deus estabeleceu com os nossos pais, quando disse a Abraão: ‘Na tua descendência serão abençoadas todas as famílias da terra’.
26 Foi em primeiro lugar para vós que Deus suscitou o seu servo, para vos abençoar, a fim de que cada um se aparte da sua iniquidade”.
Palavra do Senhor.
Ó Senhor, nosso Deus, como é grande
vosso nome por todo o universo!
Ó Senhor, nosso Deus, como é grande
vosso nome por todo o universo!
Perguntamos: “Senhor, que é o homem,
para dele assim vos lembrardes
e o tratardes com tanto carinho?”
Pouco abaixo de Deus o fizestes,
coroando-os de glória e esplendor;
vós lhe destes poder sobre tudo,
vossas obras aos pés lhe pusestes.
As ovelhas, os bois, os rebanhos,
todo o gado e as feras da mata;
passarinhos e peixes dos mares,
todo ser que se move nas águas.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos! (Sl 117,24)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, 24 35 Os discípulos, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão.
36 Enquanto ainda falavam dessas coisas, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: “A paz esteja convosco!”
37 Perturbados e espantados, pensaram estar vendo um espírito.
38 Mas ele lhes disse: “Por que estais perturbados, e por que essas dúvidas nos vossos corações?
39 Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho”.
40 E, dizendo isso, mostrou-lhes as mãos e os pés.
41 Mas, vacilando eles ainda e estando transportados de alegria, perguntou: “Tendes aqui alguma coisa para comer?”
42 Então ofereceram-lhe um pedaço de peixe assado.
43 Ele tomou e comeu à vista deles.
44 Depois lhes disse: “Isto é o que vos dizia quando ainda estava convosco: era necessário que se cumprisse tudo o que de mim está escrito na Lei de Moisés, nos profetas e nos Salmos”.
45 Abriu-lhes então o espírito, para que compreendessem as Escrituras, dizendo:
46 “Assim é que está escrito, e assim era necessário que Cristo padecesse, mas que ressurgisse dos mortos ao terceiro dia.
47 E que em seu nome se pregasse a penitência e a remissão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém.
48 Vós sois as testemunhas de tudo isso”.
Palavra da Salvação.
Reflexão
Dentro da Oitava da Páscoa, a Igreja nos convida a meditar as diversas aparições que Cristo ressuscitado fez a seus discípulos e amigos — mais de quinhentos, de acordo o testemunho de Paulo (cf. 1Cor 15, 4-8; CIC 642). Por isso, o Evangelho de hoje dá continuidade ao episódio de Emaús, onde o Senhor se deu a conhecer a Cléofas e seu companheiro de caminhada. Agora, é diante dos Onze, reunidos em Jerusalém, que Jesus se apresenta. Situada por São Lucas pouco antes da Ascensão do Senhor ao céu, essa passagem nos oferece uma boa oportunidade para considerarmos mais detidamente aquilo que na vocação dos Apóstolos é próprio e não transmissível (cf. CIC 860), a saber: o terem sido eles testemunhas oculares da Ressurreição. Tal aspecto é, de fato, tão essencial e imprescindível que foi com base nele que o bem-aventurado Pedro quis preencher o lugar que outrora Judas, o traidor, havia ocupado: "Convém, pois, que destes homens que têm estado em nossa companhia todo o tempo em que o Senhor Jesus viveu entre nós, a começar do batismo de João até o dia em que do nosso meio foi arrebatado, um deles se torne conosco testemunha de sua Ressurreição" (At 1, 21s).
Testemunhas reais de que Cristo ressuscitou verdadeiramente dos mortos, os Apóstolos, por meio de sua pregação e dos sinais que a confirmaram (cf., por exemplo, At 2, 43), são as "pedras de fundação de sua Igreja" (CIC 642); são, também por isso, a garantia firmíssima e fidelíssima de que não é vã a fé que deles recebemos (cf. 1Cor 15, 14) e, ainda hoje, dois mil anos após os eventos pascais, professamos com voz firme e confiante: "É verdade!", exclama jubilosa a Igreja através dos séculos, "o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão" (Lc 24, 34). Temos, pois, a certeza de que a Ressurreição de Nosso Senhor é, sim, um fato histórico e transcendente, de ordem tanto físcia quanto sobrenatural. Não se trata, portanto, de uma bela historieta, cheia do simbolismos arbitrários e aguados. Com efeito, se o Senhor não houvesse ressurgido dos mortos, a fé ardentíssima dos primeiros crentes, dispostos aos maiores e mais extremos sacrifícios, seria de todo incompreensível; se, por outro lado Ele permanecesse vivo em nossos corações apenas com o seu "exemplo" e o seu "ideal", como poderíamos explicar todo o sangue derramado pela convicção de que o Senhor ressuscitara?
Renovemos, pois, a nossa fé no Cristo vencedor da morte, cujo corpo glorioso tiveram os Apóstolos a dita de apalpar e constatar que Ele não é um espírito (cf. Lc 24, 39), senão o único e mesmo Senhor Jesus "que foi martirizado e crucificado, pois ainda traz as marcas de sua Paixão" (CIC 645). Com Ele comeram e privaram, dEle ouviram e aprenderam, dEle deram testemunho a quantos tinham ouvidos de ouvir. Sejamos também nós testemunhas concretas de que Cristo vive glorioso pelos séculos sem fim. Peçamos-lhe a graça de ser sinais vivos da renovação que Ele mesmo veio realizar. Que a Virgem Maria também nos aumente a fé em seu Filho ressuscitado e nos alcance a coragem de O confessar com amor e fortaleza diante dos homens.
https://padrepauloricardo.org
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