Leitura da primeira carta de São Pedro – Caríssimos, 5revesti-vos todos de humildade no relacionamento mútuo, porque Deus resiste aos soberbos, mas dá a sua graça aos humildes. 6Rebaixai-vos, pois, humildemente, sob a poderosa mão de Deus, para que, na hora oportuna, ele vos exalte. 7Lançai sobre ele toda a vossa preocupação, pois é ele quem cuida de vós. 8Sede sóbrios e vigilantes. O vosso adversário, o diabo, rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar. 9Resisti-lhe, firmes na fé, certos de que iguais sofrimentos atingem também os vossos irmãos pelo mundo afora. 10Depois de terdes sofrido um pouco, o Deus de toda a graça, que vos chamou para a sua glória eterna em Cristo, vos restabelecerá e vos tornará firmes, fortes e seguros. 11A ele pertence o poder, pelos séculos dos séculos. Amém. 12Por meio de Silvano, que considero um irmão fiel junto de vós, envio-vos esta breve carta, para vos exortar e para atestar que esta é a verdadeira graça de Deus, na qual estais firmes. 13A Igreja que está em Babilônia, eleita como vós, vos saúda, como também Marcos, o meu filho. 14Saudai-vos uns aos outros com o abraço do amor fraterno. A paz esteja com todos vós que estais em Cristo. – Palavra do Senhor.
Ó Senhor, eu cantarei, eternamente, o vosso amor.
1. Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor, / de geração em geração eu cantarei vossa verdade! / Porque dissestes: “O amor é garantido para sempre!” / E a vossa lealdade é tão firme como os céus. – R.
2. Anuncia o firmamento vossas grandes maravilhas, / e o vosso amor fiel, a assembleia dos eleitos, / pois quem pode, lá nas nuvens, ao Senhor se comparar / e quem pode, entre seus anjos, ser a ele semelhante? – R.
3. Quão feliz é aquele povo que conhece a alegria; / seguirá pelo caminho, sempre à luz de vossa face! / Exultará de alegria em vosso nome dia a dia / e, com grande entusiasmo, exaltará vossa justiça. – R.
Aleluia, aleluia, aleluia.
É Cristo que anunciamos, / Jesus Cristo, o crucificado, / poder e sabedoria de Deus (1Cor 1,23s). – R.
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos – Naquele tempo, Jesus se manifestou aos onze discípulos 15e disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! 16Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. 17Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; 18se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal, não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”. 19Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu e sentou-se à direita de Deus. 20Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua Palavra por meio dos sinais que a acompanhavam. – Palavra da salvação.
Reflexão
Baseada em testemunhos antiquíssimos, a tradição cristã sempre atribuiu o segundo Evangelho a um singelo escritor que, embora não fizesse parte do Colégio Apostólico, deixou provas suficientes de haver conhecido Nosso Senhor diretamente: trata-se de São Marcos, cuja festa temos hoje a alegria de celebrar. Como de costume entre os judeus da época, o nome "Marcos" é por certo o sobrenome romano de João Marcos (Yohanan Markos), mencionado em várias passagens do Novo Testamento (cf. At 12, 12.25; 13, 5-13; 15, 37.39) como sendo companheiro de São Paulo em sua primeira missão evangelizadora (cf. At 13, 5) e discípulo de São Pedro (cf. 1Pd 5, 13), além de primo do levita São Barnabé (cf. Col 4, 10). Os Atos dos Apóstolos também nos fazem saber que Maria, uma viúva de posses e convertida à fé cristã, era sua mãe. A ela deve ter pertencido, ao que parece, o conhecido Horto das Oliveiras, aonde Jesus costumava ir para recolher-se em oração.
Algumas outras tradições, cuja veracidade não se pode garantir com segurança, identificam a casa de Marcos com o Cenáculo em que se celebrou a Santa Ceia (cf. Mc 14,15) e ocorreu a vinda do Espírito Santo sob a forma de línguas de fogo (cf. At 1, 13). Foi justamente para lá, "onde muitos se tinham reunido e faziam oração" (At 12, 12), que São Pedro se dirigiu após escapar da prisão em que Herodes Agripa I o havia metido. A darmos crédito a certos escritos antigos, parece algo provável que Marcos seja aquele "homem, carregando um cântaro de água" (Mc 14, 13s), que levara os Apóstolos até à sala em que Cristo havia de celebrar sua última Páscoa. Em todo caso, ainda que não tenha sido do grupo dos Doze nem tampouco acompanhado a pregação do Senhor pela Palestina, São Marcos decerto conheceu a Cristo e presenciou ao menos um importante episódio de sua vida: o aprisionamento. Com efeito, é apenas no seu Evangelho que ficamos sabendo do jovem coberto apenas de um pano de linho que, atemorizado diante dos soldados, fugiu às pressas no meio da noite, deixando para trás o lençol que o cobria (cf Mc 14, 51s).
Além do que nos contam os Atos do Apóstolos, são poucas as notícias que nos restam a seu respeito; depois do martírio de Pedro e Paulo, o seu itinerário de evangelizador e catequista se torna bastante incerto e de difícil recomposição. São Jerônimo e Eusébio, com base em tradições anteriores, dizem que Marcos fundou no Egito a igreja de Alexandria, cuja liturgia permanece, ainda hoje, intimamente ligada ao nome do seu santo patriarca. Martirizado por volta do ano 68 numa aldeola chamada Búcoli, São Marcos, com suas fraquezas e virtudes, deixou à cristandade um exemplo forte de humildade e confiança sempre crescente na graça de Deus. Embora sejamos fracos (ou precisamente por isso!), o Senhor quer servir-se de nós para realizar uma obra que é inteiramente sua: temos, pois, de colocar-nos à disposição da Vontade divina, que pode transformar nossas costumeiras faltas de fortaleza e constância em fontes preciosas de conversão e abnegação. Entreguemo-nos inteiramente às mãos de Deus! Sejamos pouco seguros de nós mesmos, tão falhos e fracos, e depositemos toda a nossa confiança no Único que nunca falha nem pode desfalecer!
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