quinta-feira, 7 de abril de 2022

Liturgia Diária - O Juiz que assume o castigo.

 11 abr 2019 «Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia» – Senhor Jesus  dos Aflitos

Leitura (Gênesis 17,3-9)

Leitura do livro do Gênesis.

Naqueles dias, 17 3 Abrão prostrou-se com o rosto por terra. Deus disse-lhe: 4 “Este é o pacto que faço contigo: serás o pai de uma multidão de povos. 5 De agora em diante não te chamarás mais Abrão, e sim Abraão, porque farei de ti o pai de uma multidão de povos. 6 Tornar-te-ei extremamente fecundo, farei nascer de ti nações e terás reis por descendentes. 7 Faço aliança contigo e com tua posteridade, uma aliança eterna, de geração em geração, para que eu seja o teu Deus e o Deus de tua posteridade. 8 Darei a ti e a teus descendentes depois de ti a terra em que moras como peregrino, toda a terra de Canaã, em possessão perpétua, e serei o teu Deus.”

9 Deus disse ainda a Abraão: “Tu, porém, guardarás a minha aliança, tu e tua posteridade nas gerações futuras".

Palavra do Senhor

Salmo Responsorial 104/105

O Senhor se lembra sempre da aliança!

Procurai o Senhor Deus e seu poder,

buscai constantemente a sua face!

Lembrai as maravilhas que ele fez,

seus prodígios e as palavras de seus lábios!

Descendentes de Abraão, seu servidor,

e filhos de Jacó, seu escolhido,

ele mesmo, o Senhor, é nosso Deus,

vigoram suas leis em toda a terra.

Ele sempre se recorda da aliança,

promulgada a incontáveis gerações;

da aliança que ele fez com Abraão

e do seu santo juramento a Isaac.

Evangelho (João 8,51-59)

Glória a Cristo, palavra eterna do Pai, que é amor!

Oxalá ouvísseis hoje a sua voz. Não fecheis os corações como em Meriba! (Sl 94,8)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.

Naquele tempo, disse Jesus aos judeus: 8 51 "Em verdade, em verdade vos digo: se alguém guardar a minha palavra, não verá jamais a morte".

52 Disseram-lhe os judeus: "Agora vemos que és possuído de um demônio. Abraão morreu, e também os profetas. E tu dizes que, se alguém guardar a tua palavra, jamais provará a morte.

53 És acaso maior do que nosso pai Abraão? E, entretanto, ele morreu e os profetas também. Quem pretendes ser?"

54 Respondeu Jesus: "Se me glorifico a mim mesmo, a minha glória não é nada; meu Pai é quem me glorifica, aquele que vós dizeis ser o vosso Deus

55 e, contudo, não o conheceis. Eu, porém, o conheço e, se dissesse que não o conheço, seria mentiroso como vós. Mas conheço-o e guardo a sua palavra.

56 Abraão, vosso pai, exultou com o pensamento de ver o meu dia. Viu-o e ficou cheio de alegria".

57 Os judeus lhe disseram: "Não tens ainda cinqüenta anos e viste Abraão!"

58 Respondeu-lhes Jesus: "Em verdade, em verdade vos digo: antes que Abraão fosse, eu sou".

59 A essas palavras, pegaram então em pedras para lhas atirar. Jesus, porém, se ocultou e saiu do templo.

Palavra da Salvação

Reflexão

A controvérsia entre Jesus e os fariseus vem-se acalorando de dia para dia e hoje, como lemos no relato do Evangelho, ela finalmente chega ao final, com os judeus pegando em pedras e o Senhor escondendo-se no Templo para não morrer antes da hora prefixada pelo Pai. Não deixa de ser interessante notar que este mesmo capítulo de S. João, que se conclui com pedras, começara também com pedras: nos versículos iniciais, víamos uma adúltera surpreendida em pecado, que não só se livrou da condenação da Lei, senão que voltou para casa perdoada por Deus; agora, vemos o Senhor que a livrara das pedras e perdoara do pecado ser perseguido pelos mesmos que a queriam matar. 

No primeiro caso, o que vemos é uma pecadora que sai redimida e desculpada das pedras que merecia; no segundo, o que vemos é um inocente de toda culpa, mas que se dispõe a receber as pedradas devidas aos crimes de outrem. Aqui, neste contraste entre a culpada e o que perdoa, entre a ré que sai absolvida da pena e o juiz que se submete ao castigo, está contida a essência da Redenção: Deus, que é o ofendido pelos nossos crimes, dispõe-se a sofrer as penas das nossas ofensas, para que, pagando Ele mesmo o preço da nossa iniquidade, possamos viver livres de toda dívida.  

O admirabile commercium! Que sublime câmbio e que admirável comércio este, em que o Senhor da vida se precipita no abismo da morte, a fim de resgatar os que jazíamos na escuridão do pecado! Qual bom pastor que dá sua vida pelas ovelhas, Cristo nos salvou na cruz, vivendo a nossa própria morte física, e nos conquistou a graça de uma vida que não conhecerá ocaso: “Se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte”. — Cheios de gratidão, louvemos aquele que é maior que Abraão, por ser Deus santo e onipotente desde todos os séculos, e, em sinal de agradecimento pelo benefício da Redenção, consagremos nossa vida por inteiro ao que não recusou entregar a sua própria vida até a última gota de sangue, com o fim de que a morte já não tivesse domínio sobre nós: “Se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte”!

 

 https://padrepauloricardo.org

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