quarta-feira, 20 de abril de 2022

Oitava da Páscoa - O amor que se esconde na dor.

 Momento Catequético: Quarta-feira na Oitava da Páscoa , Lc 24, 13-35 –  Diocese de São Carlos

Leitura (Atos 3,1-10)

Leitura dos Atos dos Apóstolos.

Naqueles dias, 3 1 Pedro e João iam subindo ao templo para rezar à hora nona.

2 Nisto levavam um homem que era coxo de nascença e que punham todos os dias à porta do templo, chamada Formosa, para que pedisse esmolas aos que entravam no templo.

3 Quando ele viu que Pedro e João iam entrando no templo, implorou a eles uma esmola.

4 Pedro fitou nele os olhos, como também João, e disse:" Olha para nós".

5 Ele os olhou com atenção esperando receber deles alguma coisa.

6 Pedro, porém, disse: "Não tenho nem ouro nem prata, mas o que tenho eu te dou: em nome de Jesus Cristo Nazareno, levanta-te e anda!"

7 E tomando-o pela mão direita, levantou-o. Imediatamente os pés e os tornozelos se lhe firmaram. De um salto pôs-se de pé e andava.

8 Entrou com eles no templo, caminhando, saltando e louvando a Deus.

9 Todo o povo o viu andar e louvar a Deus.

10 Reconheceram ser o mesmo coxo que se sentava para mendigar à porta Formosa do templo, e encheram-se de espanto e pasmo pelo que lhe tinha acontecido.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 104/105

Exulte o coração dos que buscam o Senhor.

Dai graças ao Senhor, gritai seu nome,

anunciai entre as nações seus grandes feitos!

Cantai, entoai salmos para ele,

publicai todas as suas maravilhas!

 

Gloriai-vos em seu nome que é santo,

exulte o coração que busca a Deus!

Procurai o Senhor Deus e seu poder,

buscai constantemente a sua face!

 

Descendentes de Abraão, seu servidor,

e filhos de Jacó, seu escolhido,

ele mesmo, o Senhor, é nosso Deus,

vigoram suas leis em toda a terra.

 

Ele sempre se recorda da aliança,

promulgada a incontáveis gerações;

da aliança que ele fez com Abraão

e do seu santo juramento a Isaac.

Evangelho (Lucas 24,13-35)

Aleluia, aleluia, aleluia.

Este é o dia que o Senhor fez para nós, alegremo-nos e nele exultemos! (Sl 117)

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

24 13 Nesse mesmo dia, dois discípulos caminhavam para uma aldeia chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios.

14 Iam falando um com o outro de tudo o que se tinha passado.

15 Enquanto iam conversando e discorrendo entre si, o mesmo Jesus aproximou-se deles e caminhava com eles.

16 Mas os olhos estavam-lhes como que vendados e não o reconheceram.

17 Perguntou-lhes, então: "De que estais falando pelo caminho, e por que estais tristes?"

18 Um deles, chamado Cléofas, respondeu-lhe: "És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu estes dias?"

19 Perguntou-lhes ele: "Que foi?" Disseram: "A respeito de Jesus de Nazaré. Era um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e de todo o povo.

20 Os nossos sumos sacerdotes e os nossos magistrados o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram.

21 Nós esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel e agora, além de tudo isto, é hoje o terceiro dia que essas coisas sucederam.

22 É verdade que algumas mulheres dentre nós nos alarmaram. Elas foram ao sepulcro, antes do nascer do sol;

23 e não tendo achado o seu corpo, voltaram, dizendo que tiveram uma visão de anjos, os quais asseguravam que está vivo.

24 Alguns dos nossos foram ao sepulcro e acharam assim como as mulheres tinham dito, mas a ele mesmo não viram".

25 Jesus lhes disse: "Ó gente sem inteligência! Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas!

26 Porventura não era necessário que Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória?"

27 E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras.

28 Aproximaram-se da aldeia para onde iam e ele fez como se quisesse passar adiante.

29 Mas eles forçaram-no a parar: "Fica conosco, já é tarde e já declina o dia". Entrou então com eles.

30 Aconteceu que, estando sentado conjuntamente à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho.

31 Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram mas ele desapareceu.

32 Diziam então um para o outro: "Não se nos abrasava o coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?"

33 Levantaram-se na mesma hora e voltaram a Jerusalém. Aí acharam reunidos os Onze e os que com eles estavam.

34 Todos diziam: "O Senhor ressuscitou verdadeiramente e apareceu a Simão".

35 Eles, por sua parte, contaram o que lhes havia acontecido no caminho e como o tinham reconhecido ao partir o pão.

Palavra da Salvação.

Reflexão 

Nesta Quarta-feira na Oitava de Páscoa, o Senhor ressuscitado aparece aos discípulos de Emaús. Oculto aos olhos deles, Jesus os acompanha ao longo do caminho que leva a uma cidade “distante onze quilômetros de Jerusalém”. Os discípulos caminham de rosto triste e coração acabrunhado, porque, como eles mesmo dizem: “Nós esperávamos que ele”, o Jesus que há três dias crucificaram, “fosse libertar Israel”. Há aqui uma esperança desiludida. De fato, assim como o resto do povo israelita, os dois esperavam o libertador prometido por Deus, mas tinham uma esperança, por assim dizer, “fora de foco”: não haviam compreendido nem a grandeza nem a profundidade da libertação que estava por vir. O que esperavam, no fundo, era uma libertação de tipo político, circunstancial, que devolveria a Israel sua antiga hegemonia. Mas o Messias prometido, contrariando todas as expectativas humanas do povo eleito, veio libertar o mundo inteiro, não das mazelas que desde sempre nos acompanham — morte física, doenças, tensões e crises sociais e políticas etc. —, mas da escravidão do pecado e da morte eterna. O Cristo de Deus veio e nos libertou, mas não aboliu de uma vez para sempre as dores e sofrimentos deste mundo, senão que lhes conferiu um novo sentido, associando-os ao sofrimento que Ele mesmo devia sofrer para entrar na sua glória. O seu aparente “fracasso” na cruz é prova de que também nós, atravessando a páscoa da história, só poderemos unir-nos às alegrias do céu depois de vivermos aqui o mistério do amor escondido atrás da dor. Que o Cordeiro de Deus, o Homem das dores prenunciado por Isaías, dê-nos a graça de, com ânimo forte e constante, suportarmos as tribulações deste século passageiro, a fim de entrarmos um dia, de coração puro e forjado no sacrifício, na Jerusalém celeste, onde não haverá nem choro nem ranger de dentes.

 

https://padrepauloricardo.org

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