domingo, 3 de abril de 2022

5º Domingo da Quaresma - Qual é mesmo o preço do nosso pecado?

 Evangelho do Dia: A mulher adúltera (Jo, 8, 1-11) – Oratório São Luiz – 120  Anos

Antífona de Entrada

A mim, ó Deus, fazei justiça, defendei a minha causa contra a gente sem piedade; do homem perverso e traidor, libertai-me, porque sois, ó Deus, o meu socorro (Sl 42,1s).

Oração do dia

Senhor nosso Deus, dai-nos, por vossa graça, caminhar com alegria na mesma caridade que levou o vosso Filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Leitura (Isaías 43,16-21)

Leitura do livro do profeta Isaías.

16Isto diz o Senhor, que abriu uma passagem no mar e um caminho entre águas impetuosas;

17que pôs a perder carros e cavalos, tropas e homens corajosos; pois estão todos mortos e não ressuscitarão, foram abafados como mecha de pano e apagaram-se:

18“Não relembreis coisas passadas, não olheis para fatos antigos.

19Eis que eu farei coisas novas e que já estão surgindo: acaso não as reconheceis? Pois abrirei uma estrada no deserto e farei correr rios na terra seca.

20Hão de glorificar-me os animais selvagens, os dragões e os avestruzes, porque fiz brotar água no deserto e rios na terra seca para dar de beber a meu povo, a meus escolhidos.

21Este povo, eu o criei para mim e ele cantará meus louvores”.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 125/126

Maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!

Quando o Senhor reconduziu nossos cativos, parecíamos sonhar;

Encheu-se de sorriso nossa boca, nossos lábios, de canções.

 

Entre os gentios se dizia: “Maravilhas fez com eles o Senhor!”

Sim, maravilhas fez conosco o Senhor, exultemos de alegria!

 

Mudai a nossa sorte, ó Senhor, como torrentes no deserto.

Os que lançam as sementes entre lágrimas ceifarão com alegria.

 

Chorando de tristeza, sairão, espalhando suas sementes;

Cantando de alegria, voltarão, carregando os seus feixes!


Leitura (Filipenses 3,8-14)

Leitura da carta de São Paulo aos Filipenses.

Irmãos, 8na verdade, considero tudo como perda diante da vantagem suprema que consiste em conhecer a Cristo Jesus, meu Senhor. Por causa dele, eu perdi tudo. Considero tudo como lixo, para ganhar Cristo e ser encontrado unido a ele, 9não com minha justiça provindo da Lei, mas com a justiça por meio da fé em Cristo, a justiça que vem de Deus, na base da fé. 10Esta consiste em conhecer a Cristo, experimentar a força da sua ressurreição, ficar em comunhão com os seus sofrimentos, tornando-me semelhante a ele na sua morte, 11para ver se alcanço a ressurreição dentre os mortos. 12Não que já tenha recebido tudo isso ou que já seja perfeito. Mas corro para alcançá-lo, visto que já fui alcançado por Cristo Jesus. 13Irmãos, eu não julgo já tê-lo alcançado. Uma coisa, porém, eu faço: esquecendo o que fica para trás, eu me lanço para o que está na frente. 14Corro direto para a meta, rumo ao prêmio que, do alto, Deus me chama a receber em Cristo Jesus.

Palavra do Senhor.

Evangelho (João 8,1-11)

Glória a vós, ó Cristo, Verbo de Deus.

Agora, eis o que diz o Senhor: de coração convertei-vos a mim, pois sou bom, compassivo e clemente (Jl 2,12s).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João.

Naquele tempo, 1Jesus foi para o monte das Oliveiras. 2De madrugada, voltou de novo ao templo. Todo o povo se reuniu em volta dele. Sentando-se, começou a ensiná-los. 3Entretanto, os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Colocando-a no meio deles, 4disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. 5Moisés, na Lei, mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?” 6Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. 7Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. 8E tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. 9E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho com a mulher que estava lá, no meio do povo. 10Então Jesus se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” 11Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu também não te condeno. Podes ir e, de agora em diante, não peques mais”. 

Palavra da salvação.

Reflexão

No Evangelho de hoje, Jesus supera a encruzilhada dos fariseus — condenar ou não a mulher adúltera —, levando-os a uma reflexão mais profunda. No fim das contas, Ele olha para aquela pecadora pública com o mesmo olhar que dirige a todos nós, homens também necessitados de misericórdia. Ele nos faz perceber o horror do pecado e nos concede a chance de arrependermo-nos enquanto há tempo. Se Deus, por um lado, continua sendo misericórdia mesmo depois de nossa morte, nós, por outro, tornamo-nos incapazes de qualquer correção depois desse evento. Por isso Deus está sempre nos visitando com a sua misericórdia hoje, enquanto há tempo de conversão.

2. O encontro de Jesus com a mulher adúltera é, como diria Santo Agostinho, o encontro da miséria com a misericórdia. Essa miséria não é, pois, uma miséria qualquer, mas uma situação tão deprimente que somente um ato supremo do amor de Deus pode curá-la. Apesar da pouca importância que ultimamente se tem dado ao pecado, a verdade é que ele é uma morte muito mais grave e apavorante que qualquer apedrejamento. Uma alma em pecado, afirmava Santa Teresa de Jesus, “é pior do que o cadáver mais podre”, pois além de nos tirar da graça de Deus, essa doença nos conduz ao inferno.

Não fazemos a noção correta do pecado mortal porque, como ensina Léon Bloy, “o mal é uma invenção angélica”. Trata-se, afinal, de uma realidade da alma, que nos priva do bem mais precioso: a vida eterna. Daí se explica o remédio tão grave que Deus providenciou para a cura dessa doença. Temos de olhar para a cruz de Cristo se quisermos entender a gravidade das ofensas a Deus. Se uma doença exige aspirina, trata-se obviamente de uma leve gripe. Mas se o médico nos encaminha para a quimioterapia, então a enfermidade deve ser mesmo muito grave.

3. O pecado nos priva da fonte da vida, que é Deus. É como cortar a relação da lâmpada com a luz elétrica: ela fatalmente deixará de iluminar, goste-se ou não, porque essa é uma realidade ontológica, que não podemos mudar à força de nossa vontade.

Deus, que é o médico dos médicos, já diagnosticou o câncer, e, na liturgia deste domingo, nos confia mais uma vez a sua misericórdia redentora. O perdão custou o sangue de Cristo, de modo que não é possível continuarmos a dissimular nossas quedas com confissões sem verdadeiro propósito de emenda. Isso seria um deboche do sacrifício do calvário. Aproveitemos, pois, o tempo da Paixão, para nos convencermos da gravidade do pecado e firmarmos um compromisso com a graça de Deus para a nossa salvação.

Oração. — Não deixeis jamais, Senhor, que eu me esqueça da gravidade do pecado e do preço que minhas quedas custaram a vossa humanidade. Firmai em mim um coração cioso de vos agradar sempre, desde os mínimos detalhes até os atos mais heroicos. Assim seja!


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