Leitura da profecia da Daniel.
9 4 "Supliquei ao Senhor, meu Deus, e fiz-lhe minha confissão nestes
termos: Ah! Senhor, Deus grande e temível, que sois fiel à aliança e que
conservais vossa misericórdia àqueles que vos amam e guardam vossos
mandamentos:
5 nós pecamos, prevaricamos, cometemos maldade, fomos recalcitrantes, desviamo-nos de vossos mandamentos e de vossas leis.
6 Não escutamos vossos servos, os profetas, que falaram em vosso nome a
nossos reis, a nossos chefes, a nossos antepassados e a todo o povo da
terra.
7 A vós, Senhor, a justiça, e para nós a vergonha, como hoje acontece ao
povo de Judá e de Jerusalém, a todo o Israel, àqueles que estão perto e
àqueles que estão longe, em todos os países aonde os haveis dispersado
por causa das iniqüidades que cometeram contra vós.
8 Sim, Senhor, para nós a vergonha, para nosso rei, nossos chefes e nossos antepassados, porque pecamos contra vós.
9 Ao Senhor, nosso Deus, as misericórdias e o perdão, porque nós nos rebelamos contra ele.
10 Recusamos ouvir a voz do Senhor, nosso Deus; não seguimos as leis que
ele nos oferecia pela boca de seus servos, os profetas".
Palavra do Senhor.
O Senhor não nos trata como exigem nossas faltas.
Não lembreis as nossas culpas do passado,
mas venha logo sobre nós vossa bondade,
pois estamos humilhados em extremo.
Ajudai-nos, nosso Deus e salvador!
Por vosso nome e vossa glória, libertai-nos!
Por vosso nome, perdoai nossos pecados!
Até vós chegue o gemido dos cativos:
libertai com vosso braço poderoso
os que foram condenados a morrer!
Quanto a nós, vosso rebanho e vosso povo,
celebraremos vosso nome para sempre,
de geração em geração vos louvaremos.
Evangelho (Lucas 6,36-38)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos 6 36 "Sede misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso.
37 Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados;
38 dai, e dar-se-vos-á. Colocar-vos-ão no regaço medida boa, cheia, recalcada e transbordante, porque, com a mesma medida com que medirdes, sereis medidos vós também".
Palavra da Salvação.
Reflexão
O Evangelho de hoje coloca-nos diante da misericórdia divina, tema em torno do qual gira, por assim dizer, todo o relato de S. Lucas; é dele, por exemplo, que ouvimos a tocante parábola do filho pródigo. Nesta segunda-feira, de modo particular, o Senhor nos chama a imitar a misericórdia do Pai, conforme somos ensinados a pedir: “Perdoai-nos as nossas dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores”. Tem de haver, pois, uma perfeita isonomia ou proporcionalidade entre a nossa atitude com os demais e a compaixão que esperamos Deus tenha para conosco. Mas como, poderíamos perguntar, é possível ter um coração como o do Pai? Não seria isto um fardo muito pesado para a nossa tão conhecida miséria? Aqui é preciso lembrar que, quando condenamos a um irmão, inclementes e vingativos, é de nós — da nossa condição pecadora — que estamos esquecidos. Ora, todos vivemos de misericórdia; todos sabemos, ainda que não o queiramos reconhecer, que se Deus vier-nos cobrar o que a Ele devemos, seremos esmagados por sua justiça. Por isso, quem se arroga o direito de, com olhar severo, sair por aí condenando a torto e a direito, precisa lembrar-se da imensa paciência que Deus lhe tem manifestado, da infinita misericórdia com que lhe perdoou os pecados, ao preço do sangue de seu Filho muito amado.
Não caiamos nessa tentação farisaica de exigir para os outros uma justiça que nós mesmos não seríamos capazes de suportar. Antes, peçamos ao Pai um coração compassivo e paciente, a fim de termos em relação ao próximo o mesmo carinho, a mesma benevolência, a mesma compreensão que Ele nos dispensa. Que a Virgem SS., Mãe de misericórdia, nos conceda neste dia a graça de vivermos o que nos manda o seu Filho: “Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso.”
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