domingo, 13 de março de 2022

2º Domingo da Quaresma - Transfigurados pelo Espírito Santo.

(roxo, creio, prefácio próprio – 2ª semana do saltério)

Meu coração disse: Senhor, buscarei a vossa face. É vossa face, Senhor, que eu procuro, não desvieis de mim o vosso rosto! (Sl 26,8s)

Nesta liturgia, somos convidados a escutar o que Jesus tem para nos dizer com sua Palavra e a contemplar seu rosto luminoso na Eucaristia. Permanecendo firmes na fé no Senhor, nossa luz e salvação, celebremos a páscoa semanal, que se realiza nas pessoas dispostas a transfigurar a realidade, promovendo o bem e a vida. 

8 dados que deve saber sobre a Transfiguração do Senhor

Primeira Leitura: Gênesis 15,5-12.17-18

Leitura do livro do Gênesis – Naqueles dias, 5o Senhor conduziu Abrão para fora e disse-lhe: “Olha para o céu e conta as estrelas se fores capaz!” E acrescentou: “Assim será a tua descendência”. 6Abrão teve fé no Senhor, que considerou isso como justiça. 7E lhe disse: “Eu sou o Senhor que te fez sair de Ur dos caldeus para te dar em possessão esta terra”. 8Abrão lhe perguntou: “Senhor Deus, como poderei saber que vou possuí-la?” 9E o Senhor lhe disse: “Traze-me uma novilha de três anos, uma cabra de três anos, um carneiro de três anos, além de uma rola e de uma pombinha”. 10Abrão trouxe tudo e dividiu os animais pelo meio, mas não as aves, colocando as respectivas partes uma frente à outra. 11Aves de rapina se precipitaram sobre os cadáveres, mas Abrão as enxotou. 12Quando o sol já se ia pondo, caiu um sono profundo sobre Abrão e ele foi tomado de grande e misterioso terror. 17Quando o sol se pôs e escureceu, apareceu um braseiro fumegante e uma tocha de fogo, que passaram por entre os animais divididos. 18Naquele dia o Senhor fez aliança com Abrão, dizendo: “Aos teus descendentes darei esta terra, desde o rio do Egito até o grande rio, o Eufrates”. 

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial: 26(27)

O Senhor é minha luz e salvação.

1. O Senhor é minha luz e salvação; / de quem eu terei medo? / O Senhor é a proteção da minha vida; / perante quem eu tremerei? –  R.

2. Ó Senhor, ouvi a voz do meu apelo, / atendei por compaixão! / Meu coração fala convosco confiante, / é vossa face que eu procuro. – R.

3. Não afasteis em vossa ira o vosso servo, / sois vós o meu auxílio! / Não me esqueçais nem me deixeis abandonado, / meu Deus e salvador! – R.

4. Sei que a bondade do Senhor eu hei de ver / na terra dos viventes. / Espera no Senhor e tem coragem, / espera no Senhor! – R.

Segunda Leitura: Filipenses 3,17-4,1 ou 20-4,1

Leitura da carta de São Paulo aos Filipenses 17Sede meus imitadores, irmãos, e observai os que vivem de acordo com o exemplo que nós damos. 18Já vos disse muitas vezes e agora o repito, chorando: há muitos por aí que se comportam como inimigos da cruz de Cristo. 19O fim deles é a perdição, o deus deles é o estômago, a glória deles está no que é vergonhoso e só pensam nas coisas terrenas. [20Nós, porém, somos cidadãos do céu. De lá aguardamos o nosso Salvador, o Senhor, Jesus Cristo. 21Ele transformará o nosso corpo humilhado e o tornará semelhante ao seu corpo glorioso, com o poder que tem de sujeitar a si todas as coisas. 4,1Assim, meus irmãos, a quem quero bem e dos quais sinto saudade, minha alegria, minha coroa, meus amigos, continuai firmes no Senhor.] 

Palavra do Senhor.

Evangelho: Lucas 9,28-36

Louvor a vós, ó Cristo, rei da eterna glória.

Numa nuvem resplendente, fez-se ouvir a voz do Pai: / Eis meu Filho muito amado, escutai-o, todos vós! (Lc 9,35) – R.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas – Naquele tempo, 28Jesus levou consigo Pedro, João e Tiago e subiu à montanha para rezar. 29Enquanto rezava, seu rosto mudou de aparência e sua roupa ficou muito branca e brilhante. 30Eis que dois homens estavam conversando com Jesus: eram Moisés e Elias. 31Eles apareceram revestidos de glória e conversavam sobre a morte que Jesus iria sofrer em Jerusalém. 32Pedro e os companheiros estavam com muito sono. Ao despertarem, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele. 33E quando estes homens se iam afastando, Pedro disse a Jesus: “Mestre, é bom estarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. Pedro não sabia o que estava dizendo. 34Ele estava ainda falando quando apareceu uma nuvem que os cobriu com sua sombra. Os discípulos ficaram com medo ao entrarem dentro da nuvem. 35Da nuvem, porém, saiu uma voz que dizia: “Este é o meu Filho, o escolhido. Escutai o que ele diz!” 36Enquanto a voz ressoava, Jesus encontrou-se sozinho. Os discípulos ficaram calados e naqueles dias não contaram a ninguém nada do que tinham visto.

Palavra da salvação.

Reflexão

Meditação. — 1. Como em todos os anos, o evangelho do 2.º Domingo da Quaresma fala da Transfiguração de Jesus. Tal costume litúrgico se deve ao fato de que estamos num período de preparação para a Páscoa, que requer as graças do Espírito Santo. Do mesmo modo, a Transfiguração do Senhor foi o momento em que Ele recebeu todas as graças para derramá-las sobre os Apóstolos e, assim, torná-los capazes de compreender o mistério da Paixão. No cimo da montanha, aquela nuvem luminosa, da qual se ouvia a voz do Pai, envolvia todo o rosto do Filho. Aquela nuvem era o Espírito Santo.

No Evangelho de São Lucas, os relatos da Transfiguração estão logo após os primeiros acenos de Cristo à sua morte na cruz. E, de fato, os discípulos ainda não haviam compreendido o que o Senhor queria dizer com aqueles discursos sobre “sofrimento” e “ressurreição ao terceiro dia”. Era preciso que o Espírito iluminasse suas inteligências para que pudessem reconhecer o “êxodo” de Jesus, cuja realização plena aconteceria em Jerusalém. Cristo, Moisés e Elias conversavam exatamente sobre essas coisas no momento da Transfiguração.

2. No capítulo 14 do Evangelho de São João, Jesus diz aos Apóstolos que o Espírito Santo iria ensinar-lhes “todas as coisas” (v. 26). Baseado nesse versículo, Santo Tomás de Aquino explica que, sem o Espírito Santo, nem mesmo a pregação de Cristo encarnado poderia ser eficaz. Todo ouvinte da Palavra precisa abrir-se à graça, caso queira inserir-se no mistério cristão. Do contrário, as suas meditações, leituras, novenas, jaculatórias etc. estarão todas fadadas ao fracasso. Por isso, precisamos subir à montanha com Nosso Senhor para dEle recebermos a graça da “nuvem luminosa” sobre nossos corações.

A Igreja repete o evangelho da Transfiguração na Quaresma para que sejamos capazes de reconhecer na cruz de Cristo, da Sexta-Feira Santa, a expressão do amor inigualável de Deus por toda a humanidade. O Espírito Santo é quem vai nos tirar todas as vendas dos olhos, movendo-nos para a união com Nosso Senhor. Devemos caminhar com Ele para a cruz a fim de, juntos com Ele, ressuscitarmos ao terceiro dia. Essa é a dinâmica do seguimento de Cristo. Temos de imitá-lo em tudo.

3. Jesus recebeu o Espírito Santo não porque precisasse, Ele mesmo, crescer em graça. Sendo da mesma natureza divina do Pai e do Espírito, o Filho encarnado já participava total e plenamente do mistério trinitário desde o momento da sua concepção no seio da Virgem Santíssima. Éramos nós que, cheios de distrações, precisávamos daqueles dons. De fato, estamos todos sujeitos à mesma situação de Pedro no monte: carregados de sono, corremos o risco de apenas reproduzir bobagens diante da Revelação do Senhor, como pessoas que não sabem o que dizem.

Se, portanto, o Espírito Santo não nos mover, seremos movidos pelas paixões da carne, pelos prazeres do mundo e as sugestões do diabo, como nos advertia a liturgia do último domingo. A Quaresma é, em razão disso, a oportunidade que temos de suplicar pelas graças desse mesmo Paráclito, sobretudo nas nossas comunhões eucarísticas, quando tocamos fisicamente o Corpo de Nosso Senhor. Assim, poderemos nos unir à cruz de Cristo, de acordo com o que ensina São Paulo na segunda leitura da Missa, oferecendo as pequenas mortificações do dia a dia, os sofrimentos e fracassos em expiação dos nossos pecados, a fim de que nosso fim não seja a perdição; nem o estômago, nosso deus; nem nossa glória, o que é vergonhoso. Em vez disso, que o nosso pensamento seja o de cidadãos do Céu (cf. Fl 3, 20)!

Oração. — Derramai sobre, nós, Senhor, a graça do vosso Espírito Santo, para que, iluminados pela Divino Paráclito, possamos reconhecer-vos como um Deus amoroso que tudo redime no sacrifício da cruz.

 

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