segunda-feira, 21 de março de 2022

Liturgia Diária - Não é este o filho de José?

 Evangelho do dia: Jesus ensina em Nazaré (Mt 13, 54-58) – Oratório São Luiz  – 120 Anos

Ó Deus, na vossa incansável misericórdia, purificai e protegei a vossa Igreja, governando-a constantemente, pois sem vosso auxílio ela não pode salvar-nos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Leitura (2 Reis 5,1-15)

Leitura do segundo livro dos Reis.

5 1 Naamã, general do exército do rei da Síria, gozava de grande prestígio diante de seu amo, e era muito considerado, porque, por meio dele, o Senhor salvou a Síria; era um homem valente, mas leproso.

2 Ora, tendo os sírios feito uma incursão no território de Israel, levaram consigo uma jovem, a qual ficou a serviço da mulher de Naamã.

3 Ela disse à sua senhora: “Ah, se meu amo fosse ter com o profeta que reside em Samaria, ele o curaria da lepra!”

4 Ouvindo isso, Naamã foi e contou ao seu soberano o que dissera a jovem israelita.

5 O rei da Síria respondeu-lhe: “Vai, que eu enviarei uma carta ao rei de Israel”. Naamã partiu com dez talentos de prata, seis mil siclos de ouro e dez vestes de festa.

6 Levou ao rei de Israel uma carta concebida nestes termos: “Ao receberes esta carta, saberás que te mando Naamã, meu servo, para que o cures da lepra”.

7 Tendo lido a missiva, o rei de Israel rasgou as vestes e exclamou: “Sou eu porventura um deus, que possa dar a morte ou a vida, para que esse me mande dizer que cure um homem da lepra? Vede bem que ele anda buscando pretextos contra mim”.

8 Quando Eliseu, o homem de Deus, soube que o rei tinha rasgado as vestes, mandou-lhe dizer: “Por que rasgaste as tuas vestes? Que ele venha a mim, e saberá que há um profeta em Israel”.

9 Naamã veio com seu carro e seus cavalos e parou à porta de Eliseu.

10 Este mandou-lhe dizer por um mensageiro: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão e tua carne ficará limpa”.

11 Naamã se foi, despeitado, dizendo: “Eu pensava que ele viria em pessoa, e, diante de mim, invocaria o Senhor, seu Deus, poria a mão no lugar infetado e me curaria da lepra.

12 Porventura os rios de Damasco, o Abana e o Farfar, não são melhores que todas as águas de Israel? Não me poderia eu lavar neles e ficar limpo?” E, voltando-se, retirou-se encolerizado.

13 Mas seus servos, aproximando-se dele, disseram-lhe: “Meu pai, mesmo que o profeta te tivesse ordenado algo difícil, não o deverias fazer? Quanto mais agora que ele te disse: ‘Lava-te e serás curado’”.

14 Naamã desceu ao Jordão e banhou-se ali sete vezes, como lhe ordenara o homem de Deus, e sua carne tornou-se tenra como a de uma criança.

15 Voltando então para o homem de Deus, com toda a sua comitiva, entrou, apresentou-se diante dele e disse: “Reconheço que não há outro Deus em toda a terra, senão o de Israel. Aceita este presente do teu servo”.

Palavra do Senhor.

Salmo Responsorial 41/42

Minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo:

e quando verei a face de Deus?

 

Assim como a corça suspira pelas águas correntes,

suspira igualmente minha alma

por vós, ó meu Deus!

 

A minha alma tem sede de Deus

e deseja o Deus vivo.

Quando terei a alegria de ver

a face de Deus?

 

Enviai vossa luz, vossa verdade:

elas serão o meu guia;

que me levem ao vosso monte santo,

até a vossa morada!

 

Então irei aos altares do Senhor,

Deus da minha alegria.

Vosso louvor cantarei ao som da harpa,

meu Senhor e meu Deus!

Evangelho (Lucas 4,24-30)

Jesus Cristo, sois bendito, sois o ungido de Deus Pai!

No Senhor ponho a minha esperança, espero em sua palavra. Pois no Senhor se encontra toda graça e copiosa redenção (Sl 129,5.7).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.

Vindo a Nazaré, disse Jesus: 4 24 “Em verdade vos digo: nenhum profeta é bem aceito na sua pátria.

25 Em verdade vos digo: muitas viúvas havia em Israel, no tempo de Elias, quando se fechou o céu por três anos e meio e houve grande fome por toda a terra;

26 mas a nenhuma delas foi mandado Elias, senão a uma viúva em Sarepta, na Sidônia.

27 Igualmente havia muitos leprosos em Israel, no tempo do profeta Eliseu; mas nenhum deles foi limpo, senão o sírio Naamã”.

28 A estas palavras, encheram-se todos de cólera na sinagoga.

29 Levantaram-se e lançaram-no fora da cidade; e conduziram-no até o alto do monte sobre o qual estava construída a sua cidade, e queriam precipitá-lo dali abaixo.

30 Ele, porém, passou por entre eles e retirou-se.

Palavra da Salvação.

Reflexão

Pode o coração humano chegar a tais extremos de dureza, que culpe a luz pela própria cegueira e a queira apagar para não sair da escuridão. É o que vemos no Evangelho de hoje. Está Cristo na sinagoga de Nazaré e, como ato inaugural de seu ministério, proclama-se Messias e adverte que os de sua terra, só por essa qualidade, não hão de O reconhecer: “Nenhum profeta é bem recebido em sua pátria”. E o que nota o evangelista é que todos, ainda que se admirassem destas palavras de graça (cf. Lc 4, 22), ficaram a tal ponto furiosos, que, deixando seus lugares na sinagoga, se apressaram a lançar Cristo fora da cidade e precipitá-lO do monte sobre o qual estava construída. Mas como é possível que, no espaço de poucos minutos, passem os judeus de um a outro extremo, do testemunho e admiração à indignação e homicídio? Porque se deslumbraram com a luz que viram em Cristo, mas não suportaram reconhecer que até então não a tinham visto: “Não é este o filho de José?” (Lc 4, 22). 

Pesou-lhes mais a dor de verem que eram cegos do que a alegria de verem os primeiros raios de Jesus. E porque lhes passara despercebida a divindade dEle, oculta em seus fulgores à sombra de uma vida de carpinteiro, por isso a não quiseram reconhecer depois nem nas palavras de graça nem nos milagres de corpo. Eis por que, ao lado dessa incredulidade tão culpável, que se recusa a crer mesmo depois de ver só por não ter visto como queria, é de admirar ainda mais a fé de S. José. Pois se havia alguém que, com alguma razão, se poderia escandalizar da divindade de Nosso Senhor, era o santo Patriarca. Com efeito, não viu ele milagres nem ouviu pregações ou profecias, e no entanto acolheu como pai o Filho unigênito e, com assombro seu e de toda a criação, se dispôs a ensinar à Sabedoria eterna os rudimentos das letras e um ofício tão humilde como o da carpintaria. Que motivo, pois, poderiam alegar os de Nazaré para rejeitaram a Jesus Cristo como Deus, se O adorou e serviu como tal aquele que viu infante o Verbo divino, pegou nos braços o Imenso, aqueceu e protegeu o Impassível, sem nenhum dos numerosíssimos sinais que Ele mesmo nos prodigalizou, como motivos certíssimos de credibilidade, para aceitarmos sua palavra: “O Espírito do Senhor está sobre mim” (Lc 4, 18)? Que esta fé de S. José, que tanto creu sem ter nada visto, e mesmo sem ver teve os olhos mais iluminados, seja modelo para a nossa e uma razão mais para termos ao glorioso Patriarca, depois da Virgem SS., como o santo mais necessário, a devoção mais útil e a companhia mais doce que esperamos gozar no céu.

 

https://padrepauloricardo.org 

Nenhum comentário: