Leitura do livro do profeta Jeremias.
18 18 “Vinde, disseram então, e tramemos uma conspiração contra
Jeremias! Por falta de um sacerdote não perecerá a lei, nem pela falta
de um sábio, o conselho, ou pela falta de um profeta, a palavra divina.
Vinde e firamo-lo com a língua, não lhe demos ouvidos às palavras!”
19 Senhor, ouvi-me! Escutai o que dizem meus inimigos.
20 É assim que pagam o bem com o mal? Abrem uma cova para atentar-me
contra a vida. Lembrai-vos de que ante vós me apresentei a fim de por
eles interceder e deles afastar a vossa cólera.
Palavra do Senhor.
Salvai-me pela vossa compaixão, ó Senhor Deus!
Retirai-me desta rede traiçoeira,
porque sois o meu refúgio protetor!
Em vossas mãos, Senhor, entrego o meu espírito,
porque vós me salvareis, ó Deus fiel!
Ao redor, todas as coisas me apavoram;
ouço muitos cochichando contra mim;
todos juntos se reúnem, conspirando
e pensando como vão tirar-me a vida.
A vós, porém, ó meu Senhor, eu me confio
e afirmo que só vós sois o meu Deus!
Eu entrego em vossas mãos o meu destino;
libertai-me do inimigo e do opressor!
Salve, Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!
Eu sou a luz do mundo; aquele que me segue não caminha entre as trevas, mas terá a luz da vida (Jo 8,12).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, 20 17 subindo para Jerusalém, durante o caminho, Jesus tomou à parte os Doze e disse-lhes:
18 “Eis que subimos a Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos
príncipes dos sacerdotes e aos escribas. Eles o condenarão à morte.
19 E o entregarão aos pagãos para ser exposto às suas zombarias, açoitado e crucificado; mas ao terceiro dia ressuscitará”.
20 Nisso aproximou-se a mãe dos filhos de Zebedeu com seus filhos e prostrou-se diante de Jesus para lhe fazer uma súplica.
20 21 Perguntou-lhe ele: “Que queres?” Ela respondeu: “Ordena que estes
meus dois filhos se sentem no teu Reino, um à tua direita e outro à tua
esquerda”.
22 Jesus disse: “Não sabeis o que pedis. Podeis vós beber o cálice que eu devo beber?” “Sim”, disseram-lhe.
23 “De fato, bebereis meu cálice. Quanto, porém, ao sentar-vos à minha
direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim vo-lo conceder.
Esses lugares cabem àqueles aos quais meu Pai os reservou”.
24 Os dez outros, que haviam ouvido tudo, indignaram-se contra os dois irmãos.
25 Jesus, porém, os chamou e lhes disse: “Sabeis que os chefes das
nações as subjugam, e que os grandes as governam com autoridade.
26 Não seja assim entre vós. Todo aquele que quiser tornar-se grande entre vós, se faça vosso servo.
27 E o que quiser tornar-se entre vós o primeiro, se faça vosso escravo.
28 Assim como o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar sua vida em resgate por uma multidão”.
Palavra da Salvação.
Reflexão
No Evangelho desta quarta-feira, em que Cristo faz o terceiro anúncio de sua Paixão, assistimos aos filhos de Zebedeu manifestarem toda a sua ambição mundana e todo o seu carreirismo interesseiro. O Senhor vem tentando, desde a instituição do primado petrino, dar a entender a seus discípulos não só a necessidade como também a iminência da Cruz: "O Filho do Homem", diz, "será entregue aos sumos sacerdotes e aos mestres da Lei. Eles o condenarão à morte". As suas palavras, no entanto, só dão contra ouvidos moucos; não existem, pois, corações dispostos a escutá-lO no que de mais duro — e principal — há no mistério de sua vida. A razão dessa surdez, obviamente, não deve ser buscada numa pretensa falta de clareza, pois Jesus é Mestre por excelência, mas antes na falta de correspondência à graça interior que, iluminando-nos, abre os nossos olhos e ouvidos ao sentido profundo do Evangelho. Sem essa moção divina dentro de nós, nem todos os profetas e milagres serão capazes de dar-nos a certeza, humilde e confiante, da fé; se não damos ouvido à voz interior do Cristo, que nos fala ao coração, apenas nos deixaremos mover — e convencer — pela concupiscência da carne, pela concupiscência dos olhos e pela soberba da vida (cf. 1Jo 2, 16).
Aproveitemos este tempo quaresmal para, como muitos e frequentes atos de fé, renovarmos nossa certeza, escutada no íntimo de nossa alma, de que o sacrifício do Senhor no Calvário foi o coroamento esplendoroso — escândalo, porém, para a tola sabedoria do mundo — de toda a vida de serviço a que Ele, humilde como um cordeiro imaculado, dedicou-se sem descanso, a fim de que fôssemos purificados de nossos pecados. Que esta verdade, mais consolidada em nosso coração, nos motive, fortalecidos com o auxílio eficaz da graça divina, a nos entregarmos também nós pelos nossos irmãos, assim como Cristo, Senhor e Servo do homem, se entregou pelos seus escolhidos. Peçamos também à Virgem Santíssima que sempre faça presente ao nosso coração o sentido dessas palavras de seu Filho, bem como a graça de podermos levá-las a cabo: "Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo".
https://padrepauloricardo.org
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