Leitura da primeira carta de são João.
1 5A nova que dele temos ouvido e vos anunciamos é esta: Deus é luz e nele não há treva alguma.
6 Se dizemos ter comunhão com ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não seguimos a verdade.
7 Se, porém, andamos na luz como ele mesmo está na luz, temos comunhão
recíproca uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos
purifica de todo pecado.
8 Se dizemos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós.
9 Se reconhecemos os nossos pecados, (Deus aí está) fiel e justo para
nos perdoar os pecados e para nos purificar de toda iniquidade.
10 Se pensamos não ter pecado, nós o declaramos mentiroso e a sua palavra não está em nós.
2 1 Filhinhos meus, isto vos escrevo para que não pequeis. Mas, se
alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo.
2 Ele é a expiação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.
Palavra do Senhor.
Nossa alma, como um pássaro, escapou
do laço que lhe armara o caçador.
Se o Senhor não estivesse ao nosso lado
enquanto os homens investiram contra nós,
com certeza nos teriam devorado
no furor de sua ira contra nós.
Então as águas nos teriam submergido,
a correnteza nos teria arrastado
e, então, por sobre nós teriam passado
essas águas sempre mais impetuosas.
O laço arrebentou-se de repente,
e assim nós conseguimos libertar-nos.
O nosso auxílio está no nome do Senhor,
do Senhor que fez o céu e fez a terra!
Aleluia, aleluia, aleluia.
A vós, ó Deus, louvamos, a vós, Senhor, cantamos; vos louva o exército dos vossos santos mártires!
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
2 13 Depois que os magos partiram, um anjo do
Senhor apareceu em sonhos a José e disse: "Levanta-te, toma o menino e
sua mãe e foge para o Egito; fica lá até que eu te avise, porque Herodes
vai procurar o menino para o matar".
14 José levantou-se durante a noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito.
15 Ali permaneceu até a morte de Herodes para que se cumprisse o que o
Senhor dissera pelo profeta: "Eu chamei do Egito meu filho".
16 Vendo, então, Herodes que tinha sido enganado pelos magos, ficou
muito irado e mandou massacrar em Belém e nos seus arredores todos os
meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo exato que havia
indagado dos magos.
17 Cumpriu-se, então, o que foi dito pelo profeta Jeremias:
18 "Em Ramá se ouviu uma voz, choro e grandes lamentos: é Raquel a
chorar seus filhos; não quer consolação, porque já não existem!"
Palavra da Salvação.
Reflexão
Vendo que os magos do Oriente o haviam enganado, por terem desobedecido à ordem de referir-lhe, tão logo voltassem de Belém, onde havia nascido o Cristo, Herodes ficou muito furioso e, por causa do nascimento do verdadeiro rei de Israel, cujo trono ele vinha ocupando impunemente havia muito tempo, encheu-se de temor. Por isso, mandou alguns de seus soldados à cidade de Davi, para que ali trucidassem todos os meninos de dois anos para baixo, conforme o tempo indicado pelos magos, não porque — como querem alguns — o Senhor já contasse dois anos de idade, mas porque — como observa S. João Crisóstomo — a fúria e o medo do rei preferiram precaver-se, ajuntando mais tempo ao nascimento de Cristo, a fim de que não houvesse o perigo de alguma criança escapar à sua ambição assassina. Deste modo, conclui o evangelista, foi cumprido o vaticínio anunciado por boca do profeta Jeremias: “Ouve-se em Ramá uma voz, lamentos e amargos soluços. É Raquel que chora os filhos, recusando ser consolada, porque já não existem” (Jr 31, 15). O profeta apresenta a nação judaica sob a imagem de Raquel, sepultada perto de Belém (cf. Gn 35, 19), que chora em Ramá a deportação de seus filhos para o exílio babilônico (cf. Jr 40, 1). Esse lamento do povo judeu, portanto, era tipo e figura do luto que se abateria sobre as mães dos santos inocentes de Belém celebrados hoje pela Igreja.
Herodes enche-se de ira, porque deseja preservar o seu reinado humano. No seu coração, trava-se a mesma luta que teve início outrora, no princípio do mundo, quando Adão e Eva, enganados pela serpente e levados pela soberba, levantaram-se contra Deus e os direitos dele. “Vossos olhos se abrirão, e sereis como deuses” (Gn 3, 5), ludibriou-os o diabo, e os nossos primeiros pais, despojados da inocência original, passaram a ver Deus como um inimigo atemorizante: “O Senhor Deus chamou o homem e perguntou-lhe: ‘Onde estás?’ E ele respondeu: ‘Ouvi o barulho dos vossos passos no jardim; tive medo, porque estou nu; e ocultei-me’” (Gn 3, 9-10). Tiveram medo, porque sentaram num trono que sabiam não ser seu. Assim também nós, à semelhança de Herodes, temos medo e raiva de Deus, porque receamos que ele nos venha tirar do trono que usurpamos e exigir que o deixemos guiar a nossa vida e ser, como só Ele é, conhecedor do que é realmente bom e mau. Temos medo e raiva de Deus, porque não desejamos renunciar ao cetro nem confiar a Ele a condução dos nossos assuntos e a realização ou não dos nossos desejos e projetos. Temos medo e raiva de Deus, porque ainda em nós soa, como um sussurro infernal, aquela desgraçada sedução de Satanás: “Sereis como deuses!...”. Não nos deixemos, porém, enganar pelo diabo. Voltemos o olhar para o presépio e, com um coração de criança semelhante aos dos santos inocentes, digamos confiadamente ao Menino Jesus:
Oração. — Senhor Jesus Cristo, confesso-vos como Rei universal. Tudo o que foi feito para vós foi feito. Exercei sobre mim todos os vossos direitos. Renovo os meus votos de Batismo, renunciando a Satanás, às suas pompas e às suas obras, e prometo viver como um bom cristão. E, acima de tudo, obrigo-mo a trabalhar tanto quanto me for possível para fazer triunfar os direitos de Deus e os da vossa Igreja. Ó divino Coração de Jesus, ofereço-vos as minhas pobres ações, a fim de obter que todos os corações reconheçam a vossa sagrada realeza e que, assim, se estabeleça por toda a redondeza da terra o reino da vossa paz. Amém.
https://padrepauloricardo.org
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