Leitura do livro dos Números
Naqueles dias, Balãao 24 2 levantando os olhos, viu Israel acampado nas tendas segundo as suas tribos. O Espírito de Deus veio sobre ele,
3 e pronunciou o oráculo seguinte: “Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo do homem que tem o olho fechado,
4 oráculo daquele que ouve as palavras de Deus, desfruta a visão do Todo-poderoso, e se lhe abrem os olhos quando se prostra:
5 Quão formosas tuas tendas, Jacó, tuas moradas, Israel!
6 Elas se estendem como vales, como jardins à beira do rio, como aloés plantados pelo Senhor, como cedros junto das águas.
7 Jorram águas de seus jarros, suas sementeiras são
copiosamente irrigadas. Seu rei é mais poderoso que Agag, de sublime
realeza".
15 E Balaão pronunciou o oráculo seguinte: “Oráculo de Balaão, filho de Beor, oráculo do homem que tem o olho fechado,
16 oráculo daquele que ouve as palavras de Deus,
conhece a ciência do Altíssimo, desfruta a visão do Todo-poderoso e se
lhe abrem os olhos quando se prostra:
17 Eu o vejo, mas não é para agora, percebo-o, mas
não de perto: um astro sai de Jacó, um cetro levanta-se de Israel, que
fratura a cabeça de Moab, o crânio dessa raça guerreira".
Palavra do Senhor.
Fazei-me conhecer a vossa estrada, ó Senhor!
Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos
E fazei-me conhecer a vossa estrada!
Vossa verdade me oriente e me conduza,
Porque sois o Deus da minha salvação.
Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura
E a vossa compaixão, que são eternas!
De mim lembrai-vos, porque sois misericórdia
E sois bondade sem limites, ó Senhor!
O Senhor é piedade e retidão
E reconduz ao bom caminho os pecadores.
Ele dirige os humildes na justiça,
E aos pobres ele ensina o seu caminho.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade e a vossa salvação nos concedei! (Sl 84,8)
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus.
Naquele tempo, 21 23 dirigiu-se Jesus ao templo.
E, enquanto ensinava, os príncipes dos sacerdotes e os anciãos do povo
aproximaram-se e perguntaram-lhe: "Com que direito fazes isso? Quem te
deu esta autoridade?"
24 Respondeu-lhes Jesus: "Eu vos proporei também uma questão. Se responderdes, eu vos direi com que direito o faço.
25 Donde procedia o batismo de João: do céu ou dos
homens?" Ora, eles raciocinavam entre si: "Se respondermos: ‘Do céu’,
ele nos dirá: ‘Por que não crestes nele?’
26 E se dissermos: ‘Dos homens’, é de temer-se a multidão, porque todo o mundo considera João como profeta".
27 Responderam a Jesus: "Não sabemos". "Pois eu tampouco vos digo", retorquiu Jesus, "com que direito faço estas coisas".
Palavra da Salvação.
Reflexão
No Evangelho desta 2.ª-feira, Nosso Senhor é uma vez mais confrontado pelos sumos sacerdotes e anciãos do povo que, aproximando-se dele, perguntam com que autoridade Ele realiza tantos e tamanhos prodígios. Muitos Santos Padres, ao comentarem essa passagem, constatam que é justamente por serem maus sacerdotes que estes judeus hipócritas se tornam incapazes de reconhecer o sacerdócio, único e verdadeiro, de Jesus Cristo: com efeito, do mesmo modo como o devasso, entorpecido pelos prazeres da carne, escarnece da castidade e o corrupto, habituado às falcatruas, descrê da honestidade dos outros, assim também os sumos sacerdotes, tão cheios de orgulho e má vontade, não sabem de onde vem a força e o poder de Jesus: "Quem te deu essa autoridade?", perguntam indignados. Não veem a santidade do Senhor, pois eles mesmos se prostituíram ao pecado e às vaidades do mundo; não veem o dedo de Deus nas obras que o Filho do Homem realiza, pois eles mesmos, de tão cheios de si, afastaram-se do coração de Deus.
Esse episódio não pode deixar de trazer-nos à memória a vida do santo
que celebramos na Liturgia de hoje: São João da Cruz, místico Doutor da
Igreja. Entregue radicalmente à vida espiritual e às coisas do Senhor,
São João foi durante longos anos incompreendido e perseguido por padres e
confrades que, apesar das tantas e constantes investidas contra o
místico espanhol, nada lograram senão ajudá-lo a santificar-se e a
receber de Deus a graça que durante anos lhe vinha pedindo: morrer
desprezado e escarnecido, após uma vida de muitos trabalhos e grandes
sofrimentos. Tudo isso nos convida, pois, a reconhecer a grande dádiva
que é ser perseguido por causa de Deus: Jesus, fonte de todo
sacerdócio, foi perseguido pelos sumos sacerdotes de seu tempo; João da
Cruz, digníssimo frade e confessor, foi caluniado por seus próprios
irmãos de hábito; assim também nós somos chamados a abraçar a alegria de
receber das mãos generosas do Senhor essas ocasiões de incompreensão e
maledicência, em que nos podemos esvaziar do nosso egoísmo e,
configurados à vida de Cristo, deixar o Criador viver verdadeiramente em
nós, pobres e inúteis criaturas. Alegremo-nos e exaltemos nestes dias
de humilhação e desprezo, porque é grande o nosso galardão no Céu (cf. Lc 6, 23)!
https://padrepauloricardo.org
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