Leitura da profecia de Zacarias.
2 5 Levantando os olhos, olhei e vi um homem que tinha na mão um cordel de agrimensor.
6 Perguntei-lhe: "Aonde vais?" "A Jerusalém", respondeu ele, para ver qual é a sua largura e o seu comprimento.
7 O anjo porta-voz conservava-se imóvel, quando veio ao seu encontro outro anjo que lhe disse:
8 "Corre! Fala a este jovem. Dize-lhe: Jerusalém vai ficar
sem muros, por causa da multidão de homens e de animais que haverá no
meio dela.
9 Eu mesmo - oráculo do Senhor - serei para ela um muro de fogo que a cercará; serei no meio dela a sua glória.
14 Solta gritos de alegria, regozija-te, filha de Sião. Eis que venho residir no meio de ti - oráculo do Senhor.
15 Naquele dia se achegarão muitas nações ao Senhor, e se
tornarão o meu povo: habitarei no meio de ti, e saberás que fui enviado a
ti pelo Senhor dos exércitos".
Palavra do Senhor.
O Senhor nos guardará qual pastor a seu rebanho.
Ouvi, nações, a palavra do Senhor
e anunciai-a nas ilhas mais distantes:
“Quem dispersou Israel vai congregá-lo
e o guardará qual pastor a seu rebanho!”
Pois, na verdade, o Senhor remiu Jacó
e o libertou do poder prepotente.
Voltarão para o monte de Sião,
entre brados e cantos de alegria
afluirão para as bênçãos do Senhor.
Então a virgem dançará alegremente,
também o jovem e o velho exultarão;
mudarei em alegria o seu luto,
serei consolo e conforto após a guerra.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Jesus Cristo salvador destruiu o mal e a morte; fez brilhar pelo Evangelho a luz e a vida imperecíveis (2Tm 1,10).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, 9 43 todos ficaram pasmados ante a grandeza de
Deus. Como todos se admirassem de tudo o que Jesus fazia, disse ele a
seus discípulos:
44 "Gravai nos vossos corações estas palavras: O Filho do Homem há de ser entregue às mãos dos homens!"
45 Eles, porém, não entendiam esta palavra e era-lhes
obscura, de modo que não alcançaram o seu sentido; e tinham medo de lhe
perguntar a este respeito.
Palavra da Salvação.
Reflexão
O Evangelho de hoje nos apresenta o segundo anúncio da Paixão de Jesus Cristo. São Lucas faz dele um relato tão sucinto que Nosso Senhor sequer alude à Ressurreição. O Evangelista, em todo caso, menciona o fato de que os discípulos não só não compreenderam o que Cristo lhes estava a dizer como também temiam perguntar-lhe o sentido de suas palavras. Ora, é o próprio São Lucas que, uns capítulos à frente (cf. Lc 24, 13-35), nos oferece a chave de leitura para essa passagem. Os dois discípulos que caminhavam, cabisbaixos e desconsolados, para a aldeia de Emaús, com efeito, encontravam-se na mesma situação de perplexidade e temor que os apóstolos: assim como estes, eles não entendem o "fracasso" que parece ser a morte de Cristo. Eles esperavam, pois, a mesma figura do Messias triunfante, libertador de Israel, e no entanto há já três dias que a sua esperança foi humilhada e crucificada.
Cristo porém lhes cruza o caminho e, rompendo aos poucos aquela tristeza, diz: "Ó gente sem inteligência. Como sois tardos de coração para crerdes em tudo o que anunciaram os profetas" (Lc 24, 25). Lendo as profecias numa visão unilateral, os discípulos, revela-o Jesus, esqueceram-se de que o Messias prometido é também o Servo sofredor anunciado por tantos profetas. Unção e sofrimento, dor e vitória; trata-se aqui da mesma realidade, só que olhada por ângulos diversos. "Porventura não era necessário", prossegue o Senhor, "que o Cristo sofresse essas coisas e assim entrasse na sua glória?" (Lc 24, 26). Esta realidade, contudo, não é tão óbvia. Afinal, por que teria Cristo de sofrer? Esta dor não deveria cair antes sobre nós? Mas era necessário que Ele sofresse em nosso lugar, a fim de associar-se o mais possível à nossa condição mortal e miserável; era preciso, assim, que Jesus fosse aquele que sofre conosco, que se compadece de nós.
Esta aparente impotência de Deus se manifesta, na verdade, como um grande poder: o poder de diminuir-se a si mesmo, de se esconder no fracasso quando tudo parece ter dado errado. O Evangelho de hoje nos convida, pois, a meditar esta misteriosa presença de Deus no sofrimento e nas cruzes de cada dia; chama-nos a reconhecer que a misericórdia divina nos espreita, silenciosa e paciente, atrás de fracassos e doenças, de dificuldades e inclusive da morte. Mas em tantas dores, em tantas cruzes, Jesus se faz sempre presente, glorioso e triunfante, a preparar-nos uma feliz ressurreição.
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