Início da profecia de Ageu.
1 1 No segundo ano do reinado de Dario, no primeiro dia do
sexto mês, a palavra do Senhor foi dirigida pelo profeta Ageu ao
governador de Judá, Zorobabel, filho de Salatiel, e ao sumo sacerdote
Josué, filho de Josedec, nestes termos:
2 "Eis o que diz o Senhor dos exércitos: ‘este povo diz: não é ainda chegado o momento de reconstruir a casa do Senhor’".
3 E a palavra do Senhor foi transmitida pelo profeta Ageu:
4 "É então o momento de habitardes em casas confortáveis, estando esta casa em ruínas? Eis o que declara o Senhor dos exércitos:
5 considerai o que fazeis!
6 Semeais muito e recolheis pouco; comeis e não vos saciais;
bebeis e não chegais a apagar a vossa sede; vestis, mas não vos
aqueceis; e o operário guarda o seu salário em saco roto!
7 Assim fala o Senhor dos exércitos: refleti no que fazeis!
8 Subi a montanha, trazei madeira e reconstruí a minha casa;
ela me será agradável e nela serei glorificado, - oráculo do Senhor".
Palavra do Senhor.
O Senhor ama seu povo de verdade.
Cantai ao Senhor Deus um canto novo,
e o seu louvor na assembléia dos fiéis!
Alegre-se Israel em Quem o fez,
e Sião se rejubile no seu Rei!
Com danças glorifiquem o seu nome,
toquem harpa e tambor em sua honra!
Porque, de fato, o Senhor ama seu povo
e coroa com vitória os seus humildes.
Exultem os fiéis por sua glória,
e cantando se levantem de seus leitos;
com louvores do Senhor em sua boca
eis a glória para todos os seus santos.
Aleluia, aleluia, aleluia.
Sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim (Jo 14,6).
Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas.
Naquele tempo, 9 7 o tetrarca Herodes ouviu falar de tudo o
que Jesus fazia e ficou perplexo. Uns diziam: “É João que ressurgiu dos
mortos”; outros: “É Elias que apareceu”;
8 e ainda outros: “É um dos antigos profetas que ressuscitou”.
9 Mas Herodes dizia: “Eu degolei João. Quem é, pois, este, de quem ouço tais coisas?” E procurava ocasião de vê-lo.
Palavra da Salvação.
Reflexão
O Evangelho de hoje nos apresenta Herodes Antipas, que, embora procure ver Jesus, é incapaz de professar a fé. Para compreendermos esta passagem, façamos um paralelo com um outro episódio, o da confissão de São Pedro (cf. Lc 9, 18-20). Tanto o tetrarca quanto o chefe dos apóstolos têm as mesmas informações e sabem o que o povo diz a respeito de Cristo. Estão, de certa maneira, na mesma situação; mas a resposta de um e de outro ao Senhor é diversa: Herodes parece não conseguir penetrar o mistério daquele Nazareno de quem tanto ouve falar, ao passo que Pedro, inspirado, confessa que Jesus é o Cristo de Deus. Com efeito, o apóstolo Pedro, desde a sua vocação em Genesaré, mostra-se disposto a encontrar-se com Cristo. "Retirar-te de mim, Senhor", exclamara uns trechos antes, reconhecendo ser "um homem pecador" (Lc 5, 8).
Isto vale também para a nossa vida espiritual. Ao fechamento de Herodes contrapõe-se a disposição interior de Simão para reconhecer a própria indignidade e, portanto, para abrir-se à Palavra de Deus. São João Crisóstomo, ao comentar o Evangelho de hoje numa de suas homilias, diz que é típico do pecador ser atormentado pelos fantasmas dos próprios crimes. Com o coração endurecido, Herodes confessa, sem sombra de arrependimento: "Eu degolei a João", e os cochichos do povo tiram-lhe a paz diante da possibilidade de o espírito de João ter voltado para vingar-se. É este como que "ensimesmamento" que o impede de ver Nosso Senhor. Somente o reconhecimento de que somos miséria permite que nos encontremos com a misericórdia de Jesus.
Daqui se vê a diferença entre o arrependimento cristão e as neuras de um complexo de culpa, pois a verdadeira contrição é encontrar-se consigo mesmo sob o olhar de um Deus que nos ama, que deseja acercar-se de nós, apesar de nossas culpas e imperfeições. Herodes não quer ver a realidade sobre si, mas apenas certificar-se de que Jesus não é um vingador e apaziguar, assim, os seus fantasmas interiores. Muitas pessoas acabam vivendo a religião com essa mesma postura, à busca de rituais e sortilégios que tranquilizem sua má consciência. Mas o cristianismo não é isso; trata-se, antes, de despojar-nos das máscaras, fantasias e ilusões que criamos a nosso respeito e, caídos "nus" aos pés de Cristo, seguirmos Aquele "que perscruta os corações" (Rm 8, 27).
https://padrepauloricardo.org
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